Missão confiada a nós, filipinos, é um dom
A 17 de Maio de 2024, a Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos) nas Filipinas celebrou o 35.º aniversário da chegada dos primeiros oito missionários a este país. Entrevistámos dois sacerdotes que no passado dia 31 de Maio, Festa da Visitação da Virgem Santa Maria a Isabel, celebraram o 20.º aniversário da sua profissão religiosa. Forem eles, os padres Donald Longno, SCJ, e Rechie Gier, SCJ. Por último, entrevistámos o novo superior designado para a Região das Filipinas, padre Niño Etulle, SCJ.
O CLARIM – É natural de Margosatubig, Zamboanga Sibugay, uma das três primeiras paróquias onde os Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus iniciaram a sua Missão nas Filipinas, em 1989. O que o atraiu para se juntar a esta Congregação?
PADRE DONALD LONGNO, SCJ – Fui atraído pelos Dehonianos por causa da sua vida missionária. Fiquei comovido com a disponibilidade dos missionários estrangeiros para virem para as Filipinas, apesar de serem também de outras nacionalidades. Gostei da sua vida comunitária; eram unidos, apesar de serem um grupo multicultural: Vinham da Polónia, da Indonésia, dos Países Baixos, da Alemanha, da Inglaterra, da Argentina e da Itália. Ser um só, como Jesus reza ao Pai no Evangelho de João, a que chamamos “Sint Unum” em Latim, está no centro da nossa espiritualidade, e pude ver isso nos nossos primeiros missionários dehonianos.
CL – Quais são as experiências mais significativas que viveu ou vive como Sacerdote do Sagrado Coração?
PADRE RECHIE GIER, SCJ – Antes de mais, tenho a experiência da vida comunitária. Aprendi com os nossos irmãos mais velhos a viver como “Profetas do Amor e Servos da Reconciliação”, como nos ensina o nosso carisma dehoniano. Vemos nos nossos primeiros missionários um exemplo de disponibilidade e de abertura para acolher os outros. Sinto alegria e paz como sinal de que estamos dispostos a viver o nosso carisma de “amor e reparação”, aqui nas Filipinas.
CL – É a primeira vez que têm um superior filipino e que os vossos conselheiros também são todos filipinos. Como encara o crescimento da Missão dos Sacerdotes do Sagrado Coração nas Filipinas, ao longo destes 35 anos?
PADRE NIÑO ETULLE, SCJ – É realmente um dom que depois dos esforços e sacrifícios dos missionários estrangeiros a administração da Missão das Filipinas seja confiada a nós, sacerdotes filipinos. É um sinal do nosso crescimento e maturidade, depois de 35 anos de actividade. A Congregação vê em nós, filipinos, o potencial para liderar esta Missão. No entanto, tencionamos manter a internacionalidade da nossa presença nas Filipinas.
CL – Que valores tenciona promover durante o seu governo?
P.N.E. – Precisamente uma das coisas que discutimos na nossa primeira reunião é que queremos estar abertos a acolher missionários de outras culturas e nações, com o objectivo de se juntarem à nossa Missão. Além disso, a nossa casa de formação em Manila acolhe outros padres e religiosos de vários países, para ali estudarem ou fazerem cursos de renovação. Em segundo lugar, queremos também manter a regularidade dos nossos encontros comunitários. Desde o início, os nossos missionários tinham encontros regionais mensais entre as comunidades. Tal foi interrompido pela pandemia e queremos agora retomar, não só para tratar dos nossos assuntos de trabalho, mas sobretudo para rezar e celebrar a nossa vida em comum. Queremos também sublinhar o envolvimento dos leigos nas nossas actividades pastorais, especialmente nas nossas paróquias. Queremos envolver os líderes dos conselhos pastorais em algumas das nossas reuniões, para que também eles partilhem a nossa espiritualidade e o nosso modo dehoniano de realizar pastoral e apostolado social.
CL – Que serviço específico que os Dehonianos podem oferecer à Igreja e à sociedade filipina?
P.N.E. – O nosso serviço específico, aqui nas Filipinas, é o apostolado social. O padre Eduardo Agüero, SCJ, com o apoio da nossa comunidade, fundou a “Kasanag Daughter’s Foundation”, que ajuda na cura e reabilitação de raparigas vítimas de abusos sexuais. Desde o início tivemos um programa de bolsas de estudo para os jovens, programas de subsistência, por assim dizer. Acreditamos que precisamos de servir toda a pessoa, a vida sacramental precisa de integrar o social e o desenvolvimento das pessoas. Esta é a maneira dehoniana, porque a espiritualidade do Sagrado Coração contempla tanto os aspectos espirituais como os sociais da “reparação” e da “reconciliação”.
CL – Em Macau estamos a celebrar o ano das vocações. Dado que lida com a pastoral vocacional, que análise faz ao facto do número de jovens que entram nos seminários e nas comunidades religiosas estar a diminuir nas Filipinas?
P.N.E. – Nos últimos anos não tínhamos um director vocacional a tempo inteiro. No ano passado, nomeámos o padre Candido como director das vocações e muita coisa começou a mudar. A pastoral vocacional é agora uma das nossas prioridades. Houve aqui uma mudança no sistema educativo: o Governo acrescentou mais dois anos aos alunos do Ensino Secundário. Esta medida, aliada à pandemia, afectou o nosso trabalho de formação e vocação. Agora temos quatro postulantes e quatro noviços, o que nos dá muito ânimo.
CL – Quais são os desafios que enfrentam actualmente?
P.N.E. – O primeiro desafio é voltar às origens, ser capaz de recordar a nossa história e o serviço dos primeiros missionários. Estamos aqui há 35 anos e precisamos de preparar os nossos membros em diferentes áreas de especialização como, por exemplo, no Direito Canónico, na Liturgia, nos Serviços Sociais. Temos programas sociais, mas precisamos de pessoas para lhes dar continuidade e melhorá-los. Até agora, parece que após o estudo da Teologia, os nossos membros são ordenados sacerdotes e depois, imediatamente, são enviados para o campo pastoral. Uma das minhas propostas é continuar a formação permanente. Até aos dias de hoje, tínhamos um plano para os padres com menos de dez anos de Sacerdócio. Temos de cuidar da saúde mental e do crescimento espiritual de todos os nossos confrades.
Pe. Eduardo Emilio Agüero, SCJ
nas Filipinas