O Homem de Branco... só!

O Homem de Branco… só!

“O Homem de Branco”: o título desta reflexão não é nada original, mas é o que melhor identifica o Papa – um homem vestido de branco.

O Papa Francisco, personalidade de multidões, é também homem de silêncios. Há dias, foi anunciado para o Natal deste ano a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro. Mais uma vez, caberá ao Santo Padre abrir os dois portões do templo dedicado ao primeiro Papa da Igreja Católica.

Invariavelmente, aquando dos anúncios das iniciativas mais importantes da Santa Sé, são publicadas notícias e fotografias com o intuito de recordar actividades passadas. E a abertura, de quando em vez, da Porta Santa, não é excepção. A última deu-se em 2015, por ocasião do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, igualmente convocado por Francisco.

As fotografias desse período mostram um Papa mais novo, com mais energia. Em quase todos os registos está só. As grandes portas da Basílica de São Pedro são pesadas de simbolismo: carregam a História da Igreja, que é a Razão e o Caminho, a Verdade e a Vida. Há, de certo, uma multidão por detrás das câmaras – fotógrafos, jornalistas, membros do Clero, funcionários do Vaticano, etc. Mas o peso (não o das portas, mas o da responsabilidade) está nas costas de Francisco; toda a Humanidade personificada nos seus gestos.

Anos mais tarde, outro momento: a vigília do Papa Francisco, no dia 27 de Março de 2020, pelo fim da pandemia de Covid-19. Tantas e tantas palavras foram escritas, tantos artigos publicados, talvez mais pela solenidade da vigília do que propriamente pelo seu significado. Na noite escura, só, o Santo Padre rezou e pediu por todos nós, que estávamos confinados. Nos meses seguintes, o Papa foi pai; apoiou e incentivou as medidas anti-pandémicas, não deixando de criticar os excessos de alguns países.

Quem já experienciou celebrações papais, testemunhou a empatia do Papa Francisco com as multidões. O carinho com que trata e é tratado, e a mensagem simples, embora profunda, são prova do Pontificado que dos “centros” alastra às periferias.

Sendo jesuíta, o actual Pontífice tem a Missão como base de vocação. Como qualquer missionário, a partilha e ajuda às comunidades, principalmente às mais necessitadas, são os alicerces da formação sacerdotal de Francisco – o grupo acima do indivíduo. Acontece que a oração é parte integrante de qualquer missionário e deve ser rezada em silêncio e solidão.

Hoje, o mundo não fala, grita! Para que possa fazer-se ouvir por cima do ruído das guerras e da discórdia. A contra-resposta está, pois, no silêncio e na oração. O Papa e os fiéis sabem-no!

A Igreja são os homens e as mulheres que a compõem. Seguem o sucessor de Pedro e com ele alimentam os silêncios que tudo permitem. Até a resolução dos problemas que mais afectam a Humanidade.

Papa, o Homem de Branco… só! Mas não assim tão só. Pois todos os fiéis estão com o Pai e com o seu líder religioso na Terra. Daí que a Igreja seja local de Paz, serenidade e harmonia.

José Miguel Encarnação

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