Cimeira tecnológica é uma oportunidade para a Igreja Católica
O director do Gabinete de Informação da Diocese do Algarve disse que a realização da Web Summit em Portugal é uma atenção às periferias e uma oportunidade para a Igreja Católica acompanhar as novas gerações. «Portugal é um país periférico geográfica e humanamente e com a transferência de empresas tecnológicas temos muito a aprender», afirmou o padre Miguel Neto em declarações à Agência ECCLESIA.
Para o sacerdote investigador sobre novas tecnologias, as novas gerações estão a crescer no ambiente digital para quem as «relações na Internet», as «fake news» e as «alterações climáticas» são temas comuns e diários, onde a Igreja Católica se está a adaptar. «Temos de ser a mesma pessoa quer no ambiente físico como no digital. Entre as gerações mais jovens e nas catequeses, digo mesmo, é pecado criar falsas identidades, para além de ser perigoso. Temos de cultivar a verdade e transparência nas relações», sublinhou.
Para ir ao encontro de uma geração com diferentes noções de «espaço e tempo», o sacerdote indicou a importância de «treinar, errar e tentar sempre, indo ao encontro do que é fundamental». «Esta é uma geração espacial e temporalmente diferente: é uma geração que não tem tempo a perder, tudo é instantâneo e o projecto de hoje pode não ser o de amanhã. A geração dos migrantes digitais tentam ainda adaptar o seu pensamento a este ambiente», reconheceu.
O padre Miguel Neto afirmou que a Igreja «não está preparada para os novos tempos digitais» mas, acredita, «vai estar». «Neste momento ainda não está e ainda existe um choque: basta ver na formação catequética cujos catequistas, com faixa etária elevada, se orientam pelo papel e têm dificuldade na transição digital, enquanto as crianças já estão noutra fase e consideram o papel arcaico», contou a partir da realidade que conhece na paróquia de Tavira, no Algarve.
Perante a proliferação de notícias falsas, «muitas que atingem o Papa», a Igreja «tem um importante papel nisto» e está «cada vez mais a trabalhar para a verdade e transparência». Neste aspecto o padre Miguel Neto é optimista, pois considera ser mais rápido desmentir hoje uma «fake news». «O espaço digital tem uma vantagem em relação às fake news: hoje é mais fácil desmontar um boato. É mais rápido alimentar o boato, mas é também mais fácil desmontá-lo, porque podemos logo contrapor», indicou.
In ECCLESIA