Porquê o mal?
O mal físico pode ser tolerado ou desejado por Deus. Mas Deus nunca desejou o mal moral. Ele não quer que ninguém peque. Mas permite que exista o mal moral. Porquê?
A existência do mal, por vezes, levanta questões ou dúvidas sobre a sabedoria de Deus, sobre a Sua bondade ou sobre o Seu poder. No entanto, vimos anteriormente que Deus criou o mundo com o Seu “logos”, um termo que não significa apenas “palavra”, mas também “razão” (raciocínio) ou “explicação”. Existe sempre uma razão pela qual Deus actua de uma determinada forma.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC), no ponto número 312, refere: “Assim, com o tempo, é possível descobrir que Deus, na Sua omnipotente Providência, pode tirar um bem das consequências dum mal (mesmo moral), causado pelas criaturas: «Não, não fostes vós – diz José a seus irmãos – que me fizestes vir para aqui. Foi Deus. (…)Premeditastes contra mim o mal: o desígnio de Deus aproveitou-o para o bem (…)e um povo numeroso foi salvo (Gn., 45, 8; 50, 20)». Do maior mal moral jamais praticado, como foi o repúdio e a morte do Filho de Deus, causado pelos pecados de todos os homens, Deus, pela superabundância da Sua graça, tirou o maior dos bens: a glorificação de Cristo e a nossa redenção. Mas nem por isso o mal se transforma em bem”.
De um dado estamos certos: no final da jornada, o mal nunca vencerá. O ponto número 313 do CIC ensina-nos: “«Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus (Rm., 8, 28)». O testemunho dos santos não cessa de confirmar esta verdade: Assim, Santa Catarina de Sena diz aos ‘que se escandalizam e se revoltam contra o que lhes acontece’: ‘Tudo procede do amor, tudo está ordenado para a salvação do homem, e não com nenhum outro fim’. E São Tomás Moro, pouco antes do seu martírio, consola a filha com estas palavras: ‘Nada pode acontecer-me que Deus não queira. E tudo o que Ele quer, por muito mau que nos pareça, é, na verdade, muito bom’. E Juliana de Norwich: ‘Compreendi, pois, pela graça de Deus, que era necessário ater-me firmemente à fé (…) e crer, com não menos firmeza, que todas as coisas serão para bem’ – ‘Thou shalt see thyself that all manner of thing shall be well’”.
Há sempre uma razão para que Deus actue de uma determinada maneira. Mas será necessária uma explicação para se formar a imagem completa. E essa imagem só poderá ser finalizada quando a história total da Humanidade chegar ao seu final. Deus pretende responder a esta pergunta, mas Ele só o fará durante o Juízo Final.
Também no ponto número 314, o Catecismo da Igreja Católica diz-nos: “Nós cremos firmemente que Deus é o Senhor do mundo e da história. Muitas vezes, porém, os caminhos da Sua Providência são-nos desconhecidos. Só no fim, quando acabar o nosso conhecimento parcial e virmos Deus «face a face (1 Cor., 13, 12)», é que nos serão plenamente conhecidos os caminhos pelos quais, mesmo através do mal e do pecado, Deus terá conduzido a criação ao repouso desse Sábado definitivo, em vista do qual criou o céu e a terra”.
O Juízo Final foi planeado para fazer justiça a cada homem e mulher. Acima de tudo, fará justiça a Deus, o qual costumamos achar injusto. Nesses momentos finais vai-nos ser contada toda história; vamos ver a imagem completa, os porquês, os prós da nossa jornada na terra.
Pe. José Mario Mandía