TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (233)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (233)

Por que a oração é uma batalha?

AS FRENTES DE BATALHA – “A oração é um dom da graça, mas pressupõe sempre uma resposta decidida da nossa parte, porque o que reza combate contra si mesmo, contra o ambiente e sobretudo contra o Tentador, que faz tudo para retirá-lo da oração. O combate da oração é inseparável do progresso da vida espiritual. Reza-se como se vive, porque se vive como se reza” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 572).

O Compêndio aponta três frentes na nossa batalha: nós mesmos, o nosso entorno e o diabo.

(1) As nossas próprias fraquezas, particularmente os sete pecados capitais, impedem-nos de rezar adequadamente. Orgulho, raiva, luxúria, inveja, gula, avareza e preguiça são todos obstáculos à oração. O CCIC aponta três dificuldades específicas: distracções, secura e acédia.

(1.1) A distracção “afasta da atenção a Deus e pode também revelar aquilo a que estamos apegados” (CCIC nº 574). Os nossos pensamentos vão para onde estão os nossos corações e afectos; por isso, quando nos distraímos, devemos observar o que nos distrai, porque revela um apego do qual devemos tentar-nos livrar.

São Josemaría diz que quando nos colocamos na presença de Deus, somos “como um pequeno cão que se deita aos pés do seu dono” (Forja, 73). O cachorro pode imaginar que corre atrás de gatos, mas o que importa é que fique aos pés do dono.

Santa Teresa de Lisieux admitiu: “Tenho muitas distracções, mas assim que dou conta delas, rezo por aquelas pessoas cujo pensamento desvia a minha atenção”.

(1.2) Como todos os santos, também experimentamos aridez na nossa oração. São períodos de seca bons para nós. “A oração é muitas vezes insidiada pela aridez, cuja superação, na fé, permite aderir ao Senhor, mesmo sem uma consolação sensível” (CCIC nº 574). Algumas pessoas procuram sentimentos agradáveis por meio das suas orações e desistem facilmente quando não os obtêm. Orar, apesar da sensação de secura, é um bom sinal de que estamos a fazê-lo correctamente. A oração nessas circunstâncias é agradável ao Senhor. Assim, mostramos ao Senhor que estamos lá para Ele, e não para nós mesmos.

(1.3) “A acédia é uma forma de preguiça espiritual devida ao relaxamento da vigilância e à negligência na guarda do coração” (CCIC nº 574). Além de combatermos a nossa preguiça, devemos encontrar maneiras de nos ajudar a relembrar os sentidos, a mente e a vontade. Os livros são uma grande ajuda para meditarmos. As imagens podem ajudar-nos quando rezamos o Terço. Há hoje um bom número de aplicações para telemóvel que nos orientam na oração.

(2) A nossa oração também pode ser ameaçada pelo ambiente que nos rodeia, especialmente se desviar a nossa atenção do Senhor, ao seduzir-nos com prazer, posse ou poder precoce. Mas se aprendermos a manter a custódia do nosso coração, as distracções externas podem ser administradas adequadamente.

(3) A oração é uma batalha contra o diabo. A cada momento dos nossos dias, o diabo encontra formas para nos dissuadir de rezar. Ou pelo menos sugere que o façamos mais tarde. Ele sabe que extraímos força da oração e, portanto, quer que nos desliguemos de Deus. O diabo faz-nos esquecer o que Jesus nos disse: «Sem mim nada podeis fazer» (João 15, 5). Deixar de rezar é como desligar uma lâmpada – ficamos na escuridão. Quando desistimos de rezar, o diabo vence!

AS FRUTAS

Quando rezamos, percebemos a presença da Santíssima Trindade na nossa alma. Aprendemos a viver cada dia com a consciência que Deus, nosso Pai, está constantemente a cuidar de nós; que Jesus, nosso amigo e irmão, nos acompanha e nos indica o caminho; que o Espírito Santo nos dá luz e força, e produz os Seus frutos de «caridade, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, generosidade, mansidão, fidelidade, modéstia, domínio próprio, castidade» (Gálatas 5, 22).

Quando rezamos, tornamo-nos “semeadores de paz e alegria” (São Josemaría) em casa, no trabalho, entre os amigos e no resto da Humanidade.

Quando oramos, obtemos as coisas boas que pedimos, especialmente a felicidade, para todo o sempre….

Pe. José Mario Mandía

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