TEMPO DO ADVENTO – I

TEMPO DO ADVENTO – I

Origens históricas

Dia 1 de Dezembro, em toda a Igreja Católica, começa o Advento, no quarto Domingo antes do Natal. Bem, nos ritos Ambrosiano (arquidiocese de Milão, em Itália) e Moçárabe (arquidiocese de Toledo, em Espanha) a data cai no sexto Domingo antes do Natal, portanto, já estamos no Advento nessas circunscrições. O Advento terá sempre início num Domingo entre 27 de Novembro e 3 de Dezembro. Começa no Domingo mais próximo de 30 de Novembro (Festa de Santo André). Este ano de 2024, os quatro Domingos do Advento são, todos, em Dezembro: dias 1, 8, 15 e 22.

O Advento é uma época observada na maioria das denominações cristãs como um tempo de espera e de preparação, tanto para a celebração do nascimento de Jesus no Natal como para o regresso de Cristo na Sua Segunda Vinda.

O Advento é o início do Ano Litúrgico no Cristianismo Ocidental, o qual termina no sábado depois do Domingo de Cristo Rei. O nome provém do Latim “adventus” (“vinda”; “chegada”), traduzindo o Grego “parousia” do Novo Testamento, o qual se refere originalmente à Segunda Vinda. O Advento é, assim, um período de quatro semanas dedicado à preparação, reflexiva, para a chegada, “advento”, da Natividade de Jesus Cristo, também na época do Natal e do regresso esperado de Cristo na Segunda Vinda. Durante este importante evento no Calendário da Igreja, cada semana do Advento centra-se num tema diferente – esperança, paz, alegria e amor. Os cristãos de todas as denominações e origens celebram o Advento de diferentes formas, mas todos se concentram na expectativa da espera pela chegada de Jesus.

Acredita-se que durante os Séculos IV e V, em Espanha e na Gália, o Advento tenha sido uma época de preparação para o baptismo dos novos cristãos na Festa da Epifania de Janeiro, a celebração da Encarnação de Deus representada pela visita dos Magos ao Menino Jesus (cf. Mateus 2, 1), o seu baptismo no Rio Jordão por João Baptista (cf. João 1, 29) e o seu primeiro milagre em Caná (cf. João 2, 1). Durante este período de preparação, os cristãos passariam quarenta dias em penitência, oração e jejum, para se prepararem para esta celebração; originalmente, havia pouca ligação entre o Advento e o Natal. No Século VI, porém, os cristãos romanos ligaram o Advento à vinda de Cristo. Mas a “vinda” que tinham em mente não era a primeira vinda de Cristo na manjedoura de Belém, mas a sua segunda vinda nas nuvens como juiz do mundo. A época do Advento não esteve explicitamente ligada à primeira vinda de Cristo no Natal, até à Idade Média.

Nas tradições e celebrações litúrgicas do Advento, para equilibrar os dois elementos de recordação e antecipação, os dois primeiros Domingos do Advento (até 16 de Dezembro) antecipam e projectam-se na segunda vinda de Cristo, e os dois últimos Domingos olham para trás para recordar a primeira vinda de Cristo, em Belém. Ao longo das quatro semanas, as leituras das Escrituras incluem passagens sobre o regresso de Cristo em julgamento, passagens do Antigo Testamento sobre a expectativa da vinda do Messias e passagens do Novo Testamento sobre os anúncios da chegada de Cristo por João Baptista e os Anjos.

As diferentes denominações cristãs podem ter variações na forma como observam o Advento, mas as principais tradições e práticas comuns associadas à época festiva são a Coroa do Advento (com quatro velas acesas); o Calendário do Advento, para a contagem decrescente dos dias até ao Natal (com guloseimas); Leituras das Escrituras, baseadas na profecia e na antecipação do Messias, com leituras do Antigo Testamento (livro de Isaías); Oração e Reflexão; Árvore de Jessé (forma simbólica da genealogia de Jesus, a partir de Jessé, pai do Rei David); Actos de bondade e caridade; Hinos de Natal; e montagem de Presépios.

Desde aproximadamente o Século XIII que a cor litúrgica habitual no Cristianismo Ocidental para o Advento tem sido o violeta. O Papa Inocêncio III (Século XIII) declarou que o preto era a cor adequada para o Advento, embora Durandus de Saint-Pourçain afirmasse que o violeta tinha preferência sobre o preto. A cor violeta ou púrpura é frequentemente utilizada para antependia, paramentos do clero e, muitas vezes, também para o tabernáculo. No terceiro Domingo do Advento, “Domingo Gaudete”, o rosa pode ser usado em vez do violeta, referenciando a rosa usada no “Domingo Laetare”, o quarto Domingo da Quaresma.

Nas tradições protestantes, por exemplo, o Advento tem também as suas variações. Antes, no Domingo de Cristo Rei, muitas igrejas protestantes observam esta Solenidade, tal como acontece na Igreja Romana desde 1969. Depois, no primeiro Domingo após o Advento, na Coroa do Advento inclui-se uma quinta vela, conhecida como “vela de Cristo”, sendo acesa durante o serviço religioso da véspera de Natal. No mais, há muitas semelhanças litúrgicas – na Palavra como no cerimonial, com as devidas nuances próprias.

No Cristianismo Oriental, o Advento é chamado de Jejum da Natividade, mas difere em significado, duração e observâncias, e não inicia o Ano Litúrgico da Igreja como acontece no Ocidente. O Jejum da Natividade Oriental não utiliza o termo “parousia” nos seus serviços preparatórios, por exemplo.

O Advento é assim um tempo de arrependimento, fraternidade e de paz, além de esperança, na recordação da vinda do Menino em Belém, como na Parusia da Segunda Vinda, no Juízo Final na plenitude dos tempos.

Vítor Teixeira

Universidade Fernando Pessoa

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *