Estejamos acordados e sóbrios para acolher Jesus!
O Advento é um tempo de alegre preparação para a vinda do Senhor Jesus. Por um lado, preparamo-nos para celebrar o nascimento do Filho de Deus que se fez homem no seio da Santíssima Virgem Maria. O advento do Messias, nascido numa manjedoura em Belém de Judá, terra natal de David, abre as portas da salvação a todos os povos. Por outro lado, durante este tempo, aguardamos também a segunda vinda em glória de Nosso Senhor Jesus Cristo.
As leituras deste Primeiro Domingo do Advento dão o tom de como nos devemos preparar para o nascimento do Salvador do Mundo: O Advento é um tempo de preparação através da oração, da vigilância e da penitência.
Na Primeira Leitura (Jr., 33, 14-16), o profeta anuncia o tempo em que Deus cumprirá a promessa que fez a David, através do profeta Natan, de que da sua linhagem sairia um rei que reinaria para sempre (2 Sm., 7, 1-17). Jeremias fala de «um rebento de justiça» que o Senhor «fará surgir de David», que agirá com justiça. A justiça de Deus manifestou-se em Jesus, o Filho de Deus, que veio para guiar os humildes pelos caminhos da misericórdia e da amizade (Sl., 25, 8-14). É assim que Ele cumpre a profecia de Jeremias: «Ele exercerá o direito e a justiça na terra». A justiça de Deus é a nossa salvação, a obra maravilhosa da sua misericórdia.
No Evangelho, Jesus refere-se ao dia da sua segunda vinda «sobre as nuvens». Jesus usa frequentemente o título «Filho de homem» para se referir a Si próprio. Este título provém de duas fontes do Antigo Testamento. Em primeiro lugar, no livro de Ezequiel, o Senhor chama o profeta por este título para lhe mostrar a sua fragilidade e a sua natureza dependente do poder e do amor do Criador (cf. Ez., 2, 1; 2, 8; 3, 1). Em segundo lugar, o profeta Daniel tem uma visão em que vê um «semelhante a um ser humano» (Dn., 7, 13) que vem sobre as nuvens diante da presença do «Ancião». Estas duas menções do “Filho do Homem” mostram os dois momentos da manifestação do Verbo de Deus: primeiro, partilhando a nossa fragilidade humana, e na sua segunda vinda, revestido da sua glória divina.
Jesus revela aos seus discípulos que, nesse dia, o mundo, tal como o conhecem, sofrerá uma transformação total que provocará o pânico e a desolação naqueles que vivem uma vida vã e sem sentido, presos nas suas próprias preocupações e afogados na sua ansiedade. Esse dia, que deveria ser um dia de alegria para os fiéis, surpreenderá a muitos como uma tribulação inevitável. Será demasiado tarde! O seu maior tormento será perceber que desperdiçaram a vida com o que não tem valor, sem sentido, com passatempos e propósitos egoístas! Jesus usa a imagem de uma mente embotada pela embriaguez para mostrar como podemos ficar cegos pela incoerência e pelo auto-engano, a ponto de perdermos o rumo e a direcção da nossa vida, o que na Bíblia se chama “pecado”.
Então, o que podemos fazer para evitar esta catástrofe? Eis os três imperativos do Senhor aos seus discípulos:
«Erguei-vos e levantai a cabeça». Para aqueles que acolheram o amor de Deus, este dia é um tempo de glória e de redenção. Por isso, a preparação do Advento implica um alegre anseio pela vinda de Nosso Deus e Senhor Jesus Cristo.
«Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida». Durante o Advento, a Igreja convida-nos a ser sóbrios e honestos. Somos chamados a ser humildes e sinceros connosco mesmos, com o Senhor e com a nossa comunidade. O Sacramento da reconciliação é um dom precioso que nos ajuda neste sentido e nos encoraja a rezar como o salmista: «Fazei-me conhecer, ó Senhor, os teus caminhos, ensina-me a trilhar tua vereda» (Sl., 25, 4).
«Vigiai e orai em todo o tempo». A vigilância ajuda-nos a tomar consciência da nossa fraqueza e de que a nossa força vem do Senhor. Como diz São Paulo em 2 Cor., 12, 10, é quando ele reconhece a sua fraqueza que o poder de Deus se manifesta nele. Para poderem manter-se erectos quando o Senhor voltar, ou seja, para «agradar a Deus» (1 Ts., 4, 1), o apóstolo exorta os tessalonicenses a não deixarem de crescer no amor, a não estagnarem. Embora, de acordo com o que Timóteo tinha relatado a Paulo, eles tivessem crescido muito, Paulo exorta-os a crescer ainda mais.
O Advento é um tempo de oração e de meditação da Palavra, a mesma Palavra que o apóstolo São Paulo e os seus companheiros tinham anunciado aos Tessalonicenses: «Tendo vós recebido a Palavra que de nós ouvistes, que provém de Deus, a acolhestes não como simples ensino de homens, mas sim como, em verdade é, a Palavra de Deus, a qual, com toda certeza, está operando eficazmente em vós, os que credes» (1 Ts., 2,13).
O Advento é um tempo de graça, um tempo para despertar para o amor do Senhor que vem, para lhe dar lugar no nosso coração, na nossa família, na nossa paróquia, na nossa sociedade. Vem, Senhor Jesus!
Pe. Eduardo Emilio Agüero, SCJ