Santíssima Trindade, nosso modelo de unidade
Esta semana regressamos ao tempo litúrgico do Tempo Comum. Este Domingo e o próximo, porém, são designados como Solenidades, dias especiais que chamam a nossa atenção para os mistérios centrais da nossa fé. Hoje, no primeiro Domingo depois do Pentecostes, celebramos a Solenidade da Santíssima Trindade. Esta Festa convida-nos a reflectir sobre o que acreditamos acerca de Deus, que se revelou a nós na Trindade, um só Deus em três Pessoas. O Evangelho desta Solenidade é tirado do Evangelho de Mateus. Na sua conclusão, o Evangelho de Mateus passa rapidamente da descoberta do túmulo vazio de Jesus pelos discípulos e da aparição de Jesus a Maria Madalena e à outra Maria, para o mandato que Jesus dá aos seus discípulos no Evangelho de hoje.
A Solenidade da Santíssima Trindade recorda-nos que o Pai, o Filho e o Espírito Santo estão a trabalhar juntos. No entanto, nunca estão separados, pois cada um deles é uma pessoa divina distinta. Há uma unidade de essência e de relação entre as três pessoas divinas.
Nenhum debate filosófico ou pesquisa científica pode explicá-lo completamente. É um mistério e só pode ser apreciado com os “olhos da fé”. Como dogma, “é um artigo de fé revelado por Deus, que o Magistério da Igreja apresenta como necessário para ser acreditado…” Por isso, a oração de Paulo torna-se importante hoje: “Que o Senhor ilumine os olhos do vosso entendimento…” (cf. Ef., 1, 18).
Na nossa Primeira Leitura, Moisés recorda-nos o carácter maravilhoso e misterioso das obras de Deus. Por outras palavras, que é preciso um Deus amoroso e misterioso para realizar uma tarefa tão maravilhosa e misteriosa como a da Salvação. Por isso, encoraja-nos a reforçar a nossa fé em Deus, obedecendo simplesmente aos seus mandamentos.
Na Segunda Leitura, embora sem oferecer qualquer ensinamento sistemático sobre a Santíssima Trindade, Paulo apresenta as três pessoas divinas nas suas formas e acções concretas: “Conduzidos pelo Espírito, somos filhos de Deus… E somos herdeiros com Cristo”. É o mesmo Espírito que procede do Pai e do Filho que nos ajuda a chamar a Deus, Abba (Pai-Padre).
No Evangelho de hoje, o próprio Cristo revelou-nos o mistério das três pessoas divinas. Revelou-o com um mandato: “Ide e fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Esta é a fórmula trinitária. Por isso, qualquer oração sincera feita em nome da Santíssima Trindade tem uma marca de excelência.
Hoje, a Igreja recorda-nos que as três pessoas divinas não estão divididas nas suas acções de graça. Pelo contrário, trabalham e caminham juntas. Têm a mesma missão, ou seja, a salvação do mundo. O Pai enviou o Filho para redimir o mundo (cf. Jo., 1, 1-3). E o Pai e o Filho enviaram-nos o Espírito Santo como nosso Conselheiro e Advogado (cf. Act., 1, 8. 2). Nenhum deles tem o domínio absoluto de um determinado período ou tempo. Isto porque, apesar de serem três pessoas distintas, têm uma só essência. São eternamente unos e unidos.
Assim, a oração de Cristo ao Pai: «Para que sejam um, como nós o somos» (Jo., 17, 22), é uma oração que nasce do amor trinitário. Por isso, toda a Igreja, e cada família que forma a Igreja universal, é o sacramento da Trindade e, como tal, deve caraterizar-se pelo amor e pela unidade.
Por isso, o que celebramos hoje é um modelo para a nossa unidade. Temos muitas lições a aprender com a Santíssima Trindade. A mais importante é que, tal como a Santíssima Trindade, podemos viver e trabalhar juntos como uma família de Deus. Isto porque temos uma só e mesma imagem de Deus e fomos baptizados pelo mesmo Espírito de Deus, cuja marca trazemos (cf. Ef., 4, 30). Assim, apesar das nossas personalidades e diferenças individuais, a unidade é possível e uma opção fundamental.
Por isso, a celebração de hoje tem muito a ensinar-nos sobre a unidade nas nossas relações, amizades, casamentos, famílias, comunidades. Lembra-nos também que, apesar dos nossos diferentes talentos, dons, níveis sociais e económicos, podemos viver e trabalhar juntos para a nossa salvação e para a salvação do mundo.
Pe. Canice Chukwuemeka Njoku, C.S.Sp