Padre Urbano Fernandes faleceu aos 82 anos
O padre Urbano Fernandes, sacerdote goês que exerceu parte do seu ministério em Macau, faleceu a 23 de Dezembro último, na sua residência em Agonda, após um breve período de doença. Em Macau, onde viveu durante dezasseis anos, deixa a memória de um homem de Deus «impecável e prestável», e sempre disponível para ajudar os mais desfavorecidos.
Prestável, atencioso, dedicado e sempre disponível para ajudar os outros. É este o legado que o padre Urbano Fernandes, falecido em Goa a dois dias do Natal, deixou em Macau. Nascido a 8 de Dezembro de 1939, o sacerdote indiano exerceu o seu ministério em Macau durante dezasseis anos, um período ao longo do qual se distinguiu pelo apoio que prestou aos mais desfavorecidos.
O trabalho desenvolvido pelo padre Urbano Fernandes valeu-lhe, na sua Goa natal, o epíteto de “o padre dos pobres”. Em Macau, a disponibilidade para ajudar, sempre por ele demonstrada, também não é esquecida. «Eu não tinha uma relação de grande proximidade com o padre Urbano Fernandes, mas sempre gostei do trabalho dele. Se bem me recordo, eu acho que não tinha o estatuto de pároco, mas ajudava na Sé», recorda Anabela Ritchie, em declarações a’O CLARIM. «A sensação que tenho é que as pessoas gostavam muito do trabalho dele. Era um sacerdote muito dedicado, que prestava muita atenção às necessidades das pessoas e que fazia as coisas com gosto. A dedicação dele era enorme e dele guardo uma belíssima impressão», acrescenta a antiga presidente da Assembleia Legislativa de Macau.
Para além do trabalho pastoral que desenvolvia na paróquia da Sé, o padre Urbano ensinou durante vários anos a disciplina de Religião e Moral na Escola Portuguesa de Macau (EPM), onde se cruzou com Pedro Lobo. O docente lembra o sacerdote goês como alguém «impecável», sempre disponível para ajudar quem necessitasse. «Julgo que essa era a verdadeira vocação dele», recorda Pedro Lobo. «Deu aulas de Região e Moral na EPM e era uma pessoa impecável e sempre prestável, bem visto por todos, dos professores aos alunos», refere o também professor da Escola Portuguesa.
A convicção que colocava no trabalho pastoral que conduzia, enfatiza Anabela Ritchie, agilizava o envolvimento dos fiéis nos assuntos da comunidade. Quando o padre Urbano assumia a defesa de uma causa, poucos eram os que lhe recusavam ajuda: «Em Macau deu muito aos mais desfavorecidos. Não tinha qualquer problema em abordar as pessoas, para lhes pedir ajuda e para lhes explicar porque razão uma tal ajuda era necessária. Era muito dedicado aos trabalhos da paróquia. Conheço muitas pessoas que o ajudavam na sua dedicação aos mais desfavorecidos».
Em Agonda, o padre Urbano patrocinou ao longo dos últimos anos uma das 24 bolsas de estudo oferecidas pela Escola Secundária de Nossa Senhora Mãe dos Pobres. A bolsa, que baptizou com o nome dos pais, Caetano e Fransquinha Fernandes, era atribuída ao aluno do oitavo ano que alcançasse a melhor nota na disciplina de Inglês.
Ordenado padre em 1968, Urbano Fernandes exerceu o ministério sacerdotal em várias paróquias da Arquidiocese de Goa. Para além de Macau, o sacerdote agora desaparecido desenvolveu actividade na paróquia de Tilamoli, na igreja do Espírito Santo; em Margão, na igreja de Santa Cruz; no Instituto Pastoral, em Velha Goa; e em Pangim, entre outras jurisdições eclesiásticas.
Marco Carvalho