Santíssimo Sacramento abençoou 2022
Como vem acontecendo desde há vários anos, no passado dia 31 de Dezembro os fiéis católicos de Macau foram convidados a subir à Ermida da Penha; a elevarem-se ao alto da cidade para uma noite de encontro com o Senhor na igreja ali situada e que se encontra sob os cuidados das Irmãs Trapistas. Desta forma, leigos e consagrados, na multiculturalidade característica do território, puderam agradecer as bênçãos de 2021 e invocar a Deus providência e graças para o ano de 2022.
A vigília de Ano Novo traduziu-se num encontro de louvor, oração e adoração a Jesus Eucarístico, o Senhor da vida – do passado, presente e futuro, o centro da fé católica.
A cerimónia teve início às 21 horas e 30, com exposição do Santíssimo Sacramento e interpretação do Te Deum, um hino de acção de graças. O encontro foi presidido por D. Stephen Lee, coadjuvado pelo padre Mike Cheung e por alguns seminaristas e leigos que desempenharam funções de apoio nas diversas fases do evento.
Em noite de olhos e corações dirigidos ao Santíssimo Sacramento e de comunhão entre os fiéis e o Senhor, houve lugar a uma breve reflexão do padre Mike Cheung; a oração das Vésperas centrada na Solenidade de Maria, Mãe de Deus (celebrada pela Igreja Católica no dia 1 de Janeiro); e a uma homilia proferida por D. Stephen Lee, à qual se seguiram outras orações no silêncio da noite.
A pequena igreja – quase repleta de fiéis – emanava o calor humano e místico da comunhão com o Sagrado, por meio de uma luz quente e ténue, convidando ao recolhimento e à oração.
Na reflexão que proferiu, o padre Mike Cheung exortou à piedade mariana e resumiu a doutrina católica quanto aos dogmas marianos, tendo-se debruçado sobre os principais argumentos teológicos e bíblicos, e recuperado um pouco da História.
Por sua vez, o bispo D. Stephen Lee recordou que o Ano Novo está sempre incluído na oitava do Natal, e que neste período de festa e de preparação para o Ano Novo não é necessário jejum e abstinência. Entre os seus desejos, o prelado apelou para que no ano de 2022 possamos amar mais o próximo, especialmente as pessoas de quem temos mais dificuldade em gostar. Na mesma ocasião, relembrou que gostar é diferente de amar, pelo que não precisamos de gostar de todos, mas devemos amar-nos uns aos outros. Segundo ele, amar é querer o bem do outro. D. Stephen Lee vincou ainda que o amor é o centro da Religião Católica e que os Mandamentos e as Leis são apenas consequência do amor a Deus e amor ao próximo. Daí que não sejamos a religião da Lei, mas a religião do Amor.
Logo após a meia-noite, já em 2022, D. Stephen Lee transportou o Santíssimo Sacramento até ao adro da igreja, acompanhado pelos fiéis. No pátio exterior, elevou o ostensório, tendo abençoado e consagrado Macau ao Imaculado Coração de Maria. De seguida, realizou-se uma pequena procissão até à réplica da gruta de Lourdes, localizada na base da Ermida, conduzida pelo padre Mike Cheung. No altar da referida gruta, o Santíssimo Sacramento foi exposto junto à imagem de Nossa Senhora para um momento de consagração pessoal de cada um dos fiéis ao Sacratíssimo Imaculado Coração de Maria. Finda mais esta etapa, o padre Mike Cheung tomou de novo o ostensório e a procissão regressou à igreja da Penha.
Os fiéis católicos, leigos e consagrados, pertencentes a diversas ordens e congregações religiosas, acompanharam o Senhor no Seu regresso ao templo. De pé, já dentro da igreja, num silêncio solene, contemplou-se de novo a Eucaristia, enquanto esta regressava ao sacrário pela mão do padre Mike Cheung.
No final, os fiéis mantiveram as velas (electrónicas) acesas – luz, símbolo da divindade –, em sinal de fé e de esperança num ano melhor e abençoado. Antes do regresso a casa, com todos os fiéis centrados no tabernáculo em tom de despedida, entoou-se o canto mariano de Fátima, acenando-se com a vela iluminada – esta agora no lugar do lenço branco do adeus do peregrino.
Miguel Augusto