No dia 8 é a festa da Natividade de Nossa Senhora, a Toda Santa, a criatura mais grata aos olhos de Deus, que, cheia de graça desde o momento da sua Concepção Imaculada, foi crescendo em cada dia nessa plenitude, até ao momento da sua Assunção ao Céu em corpo e alma: boa altura para recorrer com renovada confiança à intercessão da nossa Mãe, pedindo-lhe que a graça do seu Filho nos limpe a fundo de todas as nossas misérias, mesmo das mais leves. Para isso, cuidemos com esmero a Confissão sacramental e ajudemos outras pessoas a aproximar-se, bem preparadas, deste Sacramento de misericórdia e de alegria.
No dia 12, encontramo-nos com outra comemoração litúrgica: o Santíssimo Nome de Maria. Que gosto temos na alma ao pronunciá-lo! Se o nome de Jesus, como diz S. Bernardo, é «mel na boca, melodia para o ouvido, júbilo no coração», algo de semelhante poderemos afirmar do nome de Maria. Por isso vos recomendo que, nestes dias, tenhamos uma especial atenção ao rezar a Ave-Maria, sobretudo no Terço. A invocação repetida, mas sempre nova, desse doce nome escolhido por Deus é como um bálsamo que suaviza as contrariedades, uma música que delicia os ouvidos do coração, um alimento repleto de sabor para o paladar.
A meio do mês, no dia 15, recordaremos a Virgem dolorosa que, iuxta crucem Jesu, junto da Cruz de Jesus, se uniu intimamente ao sacrifício do seu Filho e nos recebeu como seus filhos. Que vos vou dizer senão que, às nossas preces, temos de unir o condimento saboroso da mortificação? Deste modo será mais fácil comover o Senhor para que nos conceda os Seus dons. Não é em vão que a Igreja comemora as dores de Nossa Senhora no dia a seguir ao da Exaltação da Santa Cruz. Esta nossa Mãe quer inspirar-nos um grande amor a Cristo crucificado e um afecto cheio de ternura filial a Santa Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, que está de pé, forte, trespassada de dor, só ou quase só, junto da Cruz.
Filhos, meditai por vossa conta, acrescentava S. Josemaria. Dizei alguma coisa ao Senhor e dizei alguma coisa à Sua Mãe: o que diríamos à nossa mãe se a víssemos assim: ofendida, maltratada, com os olhares de gente malvada sobre ela. E tudo por amor ao seu Filho, crucificada com o desejo, cheia de ultrajes e de humilhações.
Além disso, no dia 15 é o aniversário da eleição de D. Álvaro como primeiro sucessor de S. Josemaria à frente do Opus Dei. Sugiro que rezeis com frequência a oração da sua pagela, colocando sob a sua intercessão as necessidades da Igreja, da Obra, do mundo, de cada pessoa. Perante o triste espectáculo de um mundo dividido, com povos feitos inimigos entre si, com famílias desgarradas pela discórdia, a promessa divina de paz e de unidade, anunciada no Antigo Testamento e ratificada com força no Novo, é uma promessa cheia de esperança: indica um futuro que Deus já está a preparar para nós. Mas esta promessa, explica o Papa, está inseparavelmente ligada a um mandamento: o mandamento de retornar a Deus e obedecer de todo o coração à Sua lei (cfr. Dt 30, 2-3). O dom divino da reconciliação, da unidade e da paz está inseparavelmente ligado à graça da conversão: trata-se de uma transformação do coração, que pode mudar o curso da nossa vida e da nossa História, como indivíduos e como povo.
Por último, a 24 de Setembro, celebra-se nalgumas regiões a memória de Nossa Senhora das Mercês, invocação mariana tão unida à História da Obra. Diante da sua imagem rezou o nosso Padre muitas vezes, de modo especial em 1946, antes da sua primeira viagem a Roma e no regresso. Colocamos nas suas mãos, com a ajuda de D. Álvaro e com especial confiança, os frutos espirituais das datas que se aproximam.
Todas as guerras são um flagelo para a humanidade, mas as que se provocam com a falsa e blasfema desculpa do nome de Deus são especialmente horríveis – como o Papa Francisco, e antes, os seus predecessores – denunciou muitas vezes. Nas últimas semanas em concreto, tornou-se especialmente dramática a situação dos cristãos e de outras comunidades religiosas no Iraque, também na Síria, na Nigéria e noutras regiões. Perante as atrocidades a que estão a ser submetidos estes nossos irmãos e irmãs, ganha nova actualidade a reflexão do Santo Padre, numa das suas homilias matinais na capela da Casa de Santa Marta: hoje em dia há mais testemunhos, mais mártires na Igreja que nos primeiros séculos. E nesta Missa, recordando os nossos gloriosos antepassados aqui em Roma, também pensamos nos nossos irmãos e irmãs que vivem perseguidos, que sofrem e que, com o seu sangue, fazem crescer a semente de tantas pequenas igrejas que nascem. Rezamos por eles e também por nós.
No mês da sua beatificação, peçamos a D. Álvaro pela paz no mundo e, de modo especial, pelo consolo destes cristãos e de tantas outras pessoas de boa vontade que estão a ser atacadas por causa das suas convicções. Também ele sofreu, na sua juventude, a perseguição por motivos religiosos, e enfrentou a possibilidade do martírio, com a completa disposição de o receber se o Senhor lho pedisse, quando, num registo durante os primeiros meses da guerra civil espanhola, os milicianos lhe encontraram no bolso um crucifixo, naqueles tempos, constituía razão suficiente para correr o risco de prisão e de uma severa condenação.
Ao mesmo tempo, rezamos com autêntica fé por estes novos mártires contemporâneos. Pedimos-lhes também que, do Céu, nos sustentem e nos ajudem a ser testemunhas do amor de Cristo nas nossas famílias, nos bairros e cidades onde residimos, no nosso país e em todo o mundo, e entre os pobres e os doentes. Que todos nós, os cristãos, saibamos ser como eles, luzes acesas neste nosso mundo tão precisado de semeadores de paz e de alegria.
Com todo o afecto, abençoa-vos
o vosso Padre
+ Javier
Torreciudad, 1 de Setembro de 2014