PORQUE O SABER NÃO OCUPA LUGAR

PORQUE O SABER NÃO OCUPA LUGAR

Uma viagem aos dinossauros

Em dia de folga decidimos fazer uma viagem no tempo… uma viagem a milhões de anos, a uma distância de apenas quarenta quilómetros!

O plano inicial era ir à praia de manhã, almoçar e regressar à praia de tarde, mas como é sobejamente conhecido o tempo em São Martinho do Porto muda constantemente. Por isso, lancei o desafio à mais nova, perguntando se queria ir ver dinossauros. Ao que ela respondeu, «mas os dinossauros só existem na televisão», deitando por terra qualquer expectativa que os mais velhos tivessem de lhe proporcionar uma fantasia infantil. Ainda assim concordou em ir ver tais animais porque gostava de aprender mais alguma coisa sobre os dinossauros e a forma como viviam há milhões de anos.

Confesso que nunca fui grande apreciador de dinossauros e dos períodos em que se divide a história antiga do nosso planeta, mas felizmente também aprendi alguma coisa durante a viagem, começando logo pelo famoso Lourinhanosaurus, um tipo de dinossauro carnívoro, que como o nome indica vivia na zona da Lourinhã, em Portugal. Mais ou menos na zona onde o “Dino Parque” está actualmente localizado. Não se sintam tristes por não saberem que a importância do Lourinhanosaurus vem do facto de ser um dos primeiros dinossauros carnívoros do mundo a ser descoberto com gastrólitos, pedras estomacais que ajudam a digestão. Também não o sabíamos! Mas parece que fora uma etapa importante.

Já o Lycaenops, por exemplo, é um parente próximo dos primeiros mamíferos e tem um focinho muito semelhante ao lobo actual. Este e outros dados fomos aprendendo durante a visita ao parque.

Acabámos por passar umas horas bem animadas que nos transportaram a quatrocentos milhões de anos. Num cenário composto essencialmente por pinhal, vimos mais de 180 modelos de dinossauros e outros animais em tamanho real.

O “Dino Parque” – de carro dista dez minutos da Lourinhã – aposta no conceito de Educação e Entretenimento, pensado para as famílias. Ali podem interagir com a exposição, ficando a conhecer melhor os nossos “antepassados”, sendo que os interessados podem viver a experiência da profissão de paleontólogo por um dia.

Há cinco percursos ao ar livre – Paleozóico, Triásico, Jurássico, Cretácico e o Pavilhão de Actividades – nos quais podemos encarnar a profissão de paleontólogo e participar em trabalhos de campo. Há um laboratório para observar, ao vivo, o trabalho de preparação dos fósseis e um espaço com uma exposição do Museu da Lourinhã.

Há várias formas de chegar ao “Dino Parque”, mas a mais cómoda é mesmo de carro. No exterior existe um parque de estacionamento para 250 carros. Quanto ao parque em si, ocupa uma área de dez hectares, na sua maioria cobertos por pinhal.

No interior há ainda as já habituais lojas de venda de recordações, onde se podem encontrar desde peluches a autênticos fósseis e réplicas de garras de Tiranossauro Rex ou de dentes de Megalodon.

Talvez o espaço menos conseguido seja a área da restauração. Embora não seja cara, a oferta é muito limitada, pelo que aconselhamos que tragam piquenique. Há vários locais onde podem estender a toalha e comer à sombra. Tudo sem qualquer tipo de receios; dado o tamanho do parque não é fácil haver aglomerações – quanto muito haverá uns dinossauros a fazer-nos companhia. Eles estão por todo o lado!

Inspirado no parque alemão “Dinosaurier-Park” em Münchehagen, o “Dino Parque” da Lourinhã está localizado numa zona de fácil acesso, mesmo para quem se desloca de Lisboa. Do programa de um dia até se pode incluir uma curta visita a Óbitos. Porque não?

Quando está prevista a implementação de novas medidas restritivas devido à pandemia do Covid-19, uma das pouca opções passa por efectuar visitas ao ar-livre, especialmente a locais onde se pode levar crianças e ao mesmo tempo aprender algo de interessante.

Para nós, que não somos nem apreciadores de dinossauros nem conhecedores da temática, foi um dia produtivo que serviu para aprendermos bastante. Para a Maria foi a oportunidade para ver aquilo que só conhecia de imagens na Internet ou dos desenhos animados na televisão. Quando viu as réplicas dos animais em tamanho real não quis acreditar que fossem tão grandes. Especialmente o famoso escorrega dos não menos famosos desenhos animados “Flintstones”, o Argentinosaurus – o maior animal que alguma vez viveu na terra. É pois preciso estar ao seu lado para se ter ideia do tamanho real.

Passámos umas três horas no parque e dali saímos satisfeitos com a visita; cansados de andar mas satisfeitos com o que tínhamos visto e aprendido. Ainda sobrou tempo para irmos à praia em São Martinho do Porto. Foi a primeira ida à praia depois de termos estado a trabalhar três semana nesta pequena vila piscatória, a qual se transforma numa das praias mais badaladas na época balnear em Portugal. Como seria de esperar, estava sol mas um vento frio a condizer com a água gelada.

Que saudades das águas do Sudeste Asiático e das Caraíbas!

João Santos Gomes

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