Olhando em Redor

Urbanismo “verde” para Coloane

O assunto não é novo, mas merece ser retomado. Num folhear de notícias passadas lembrei-me há dias da altura em que o Governo da RAEM tinha avançado com a solução de haver lares de terceira idade na província de Guangdong que pudessem acolher idosos do território, medida que considero injusta, já para não dizer desnecessária.

De imediato, levantei cá para com os meus botões a seguinte questão: O que dizer daquelas pessoas que depois de contribuírem anos a fio com o seu melhor para o progresso da sociedade teriam que ficar o resto das suas vidas integradas num lar do outro lado da fronteira, sem que a esmagadora maioria que para lá fosse tivesse memórias e sentimento de pertença à terra? São idosos que nasceram, cresceram e trabalharam em Macau, por isso devem ter o direito a envelhecer em lares de Macau, que é a sua casa.

É sobejamente conhecida a falta de espaço por estas bandas, onde prevalece a imagem artificial de um território de sonho para o turismo, mas onde as fichas de jogo e os empresários imperam sobre todos os demais actores, e os residentes estão cada vez mais desgostosos, por causa da galopante subida do custo de vida, entre outras tristes constatações de relevante importância.

Acredito que a ilha de Coloane se apresenta de braços abertos para proporcionar aos idosos de Macau aqueles anos de vida condignos que lhes resta na sua terra natal, sendo uma boa solução a construção, não só de lares de terceira idade, como também de centros de saúde e clínicas, além de jardins de infância. Aliás, é possível haver urbanização controlada em Coloane, tornando-se o Metro Ligeiro crucial para aproximar a ilha mais distante da Península de Macau.

Mas para que Coloane continue a ser o pulmão verde da Região, há que optar por uma urbanização controlada de baixa densidade, com o aproveitamento dos vales, enquanto a construção deve ser feita nas encostas e as ruas alargadas. Nesse sentido, os tectos das urbanizações integradas nas encostas da montanha devem estar dotados de jardins nos terraços, para utilização pública (miradouros e parques de merendas).

É ainda primordial haver equipamento social e cultural de qualidade, a par de equipamento residencial, e integrar no sistema eléctrico existente um sistema alternativo de energias renováveis, mais concretamente, a eólica e fotovoltaica. Ademais, cada edifício deve ter o seu sistema de aproveitamento das águas pluviais, por forma a filtrá-las e utilizá-las, para que os residentes possam lavar as mãos e tomar banho ou, pelo menos, para fazer as descargas das sanitas.

Para reforçar a componente verde, convêm implementar um sistema construído em locais estratégicos, com equipamentos para bombear a água do Delta do Rio das Pérolas, por forma a arrefecer as torres de refrigeração dos edifícios. Já alguém pensou na quantidade de água que se podia poupar com o arrefecimento do ar condicionado?

Está na altura de Macau mostrar ao mundo que, para além dos casinos, tem uma grande consciência ambiental. A par das medidas que aqui trago à liça é urgente introduzir transportes públicos e privados totalmente “verdes”, agora numa medida extensível a todo o território.

 

Saúde de qualidade

Há poucas semanas fui atacado por uma repentina amigdalite aguda, que me fez recorrer aos serviços hospitalares durante a noite. De imediato, descartei o Hospital Conde de São Januário, por já estar escaldado do mau desempenho do serviço de urgências.

Escolhi, assim, o Kiang Wu, esperando que o meu estado de saúde melhorasse nas próximas horas. Assim aconteceu, mas apesar de tomar os medicamentos prescritos os sintomas agravaram-se consideravelmente na noite do dia seguinte, ao ponto de ter muita dificuldade em falar.

Voltei ao Kiang Wu, tendo sido confrontado na triagem com a razão do meu retorno ao hospital, porque se já estava medicado, havia que esperar pelas melhoras, visto os antibióticos demorarem algum tempo a fazer efeito, sendo certo que dentro de três ou quatro dias iria registar melhorias. Confrontado com a pergunta, que mais me pareceu um convite disfarçado para me ir embora: «O que deseja então?». Respondi: «Que me curem!».

Fui atendido pelo mesmo médico do dia anterior, que confirmou o piorar dos sintomas, mas ao ouvir uma segunda opinião descartou chamar um especialista, aconselhando-me antes a ser visto, na manhã do dia seguinte, por um médico especialista do Kiang Wu.

Assim fiz, não no Kiang Wu, mas no Hospital da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (HUCTM), onde o atendimento foi exemplar, sem gafes ou mal-entendidos.

Além de ter sido sujeito a uma bateria de tratamentos bi-diários durante três dias, estando praticamente recuperado na manhã do quarto dia, em traços gerais o médico especialista do HUCTM referiu que se o diagnóstico no Kiang Wu fora correcto, já a prescrição medicamentosa havia sido, desde o início, manifestamente insuficiente para o eficaz combate à enfermidade.

Por outras palavras, se no Conde de São Januário poderia desesperar, porque os serviços de urgência são um perigo e marcar uma consulta para um médico especialista é o que se sabe, no Kiang Wu a situação começa a degradar-se a olhos vistos.

Já o HUCTM assume-se, cada vez mais, como o estabelecimento de saúde de excelência da RAEM. Obviamente, joga tudo a favor de quem pode abrir os cordões à bolsa ou tem um seguro de saúde compatível com as despesas…

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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