Mongólia

Uma jovem democracia a atrair os olhos do mundo

Imagine-se uma área 17 vezes superior à de Portugal, mas com apenas um terço da população. São números que descrevem a região menos densamente povoada do mundo: são o retrato da Mongólia.

Dos 2,8 milhões de habitantes do País, cerca de um terço (949 mil) vive na capital, Ulan Bator, e nas favelas dos seus arredores.

A Mongólia não tem costa marítima, estando encaixada entre a Sibéria russa a norte, a China a sul e a este, e o Cazaquistão a oeste.

O sul do País é dominado pelo grande Deserto de Gobi, considerado como um do locais mais inóspitos e árduos do planeta. Para ocidente, montanhas que chegam a quatro mil metros de altura são o berço de enormes lagos. A maior parte do território do País é, contudo, coberta por vastos prados, as conhecidas estepes da Ásia Central.

Estado democrático multipartidário desde 1990, a Mongólia esteve sob influência soviética desde a “era Estaline”, nos anos 1920. Os russos foram – depois dos chineses – os segundos a dominarem este território que foi um dia o centro do grande Império Mongol, fundado por Genghis Khan, no inicio do século XIII, e que se estendia da actual capital da China, Pequim, a Bagdade.

Quando, depois de muitas demonstrações pró-democráticas em Ulan Bator, os russos finalmente devolveram o controlo da Mongólia ao seu povo, o País conheceu as primeiras eleições democráticas e entrou num período de profundas reformas políticas e económicas.

A retirada do apoio soviético significou também o colapso da economia, o desemprego e a pobreza generalizada. Condições agravadas pelo facto de estes terem sido também anos de Invernos muito rigorosos – as variações de temperatura na Mongólia são dramáticas, variando entre 40°C no Verão e -44°C no Inverno.

Entre 1999 e 2002, cerca de onze milhões de cabeças de gado morreram de fome. Muitas famílias nómadas abriram caminho para encontrarem melhores condições de vida nas cidades, mas ali só encontraram altos níveis de desemprego e vodka barata. O alcoolismo e a prostituição conduziram à violência doméstica e ao abuso e abandono de crianças. O fenómeno do abandono de crianças é, ainda hoje, um drama muito presente na sociedade mongol. Os números são contraditórios, mas o autor do livro “One Summer in Mongólia” (“Um Verão na Mongólia”) sobre a experiência de um voluntário inglês numa associação chamada “The Lotus Children’s Centre”, que apoia crianças tiradas da rua, fala em «cerca de quatro mil crianças de rua a viverem em Ulan Bator». Muitas destas crianças abandonadas, escreve o inglês Fraser McColl, «refugiam-se em buracos subterrâneos para fugir ao frio, junto dos sistemas de aquecimento da capital».

Nas favelas dos arredores da cidade as pessoas vivem em tendas redondas sem água corrente, electricidade ou condições sanitárias. Para se aquecerem, descreve este autor que passou três meses na Mongólia em 2008, as pessoas que vivem nestas tendas usam «fogões muito antigos, onde queimam carvão de má qualidade e esterco de animais».

Apesar destes problemas, o País tem vastas quantidades de riqueza mineral inexplorada. Ainda que o grande obstáculo da corrupção detenha alguns interessados em apostar no País, o investimento estrangeiro está a transformar a pequena economia da Mongólia, sendo esta uma das que cresce mais rapidamente, neste momento, a nível mundial. Passou de uma taxa de crescimento de 17% em 2011 para 16,7% no primeiro trimestre de 2012.

A jovem democracia tem expandido os laços políticos e financeiros com os Estados Unidos, o Japão e a União Europeia, mas os seus principais parceiros comerciais são as vizinhas Rússia e China. A última é também o maior mercado das exportações da Mongólia, estando Pequim interessada em explorar os recursos minerais e energéticos do País.

 

Entre o budismo e a descrença

A maioria dos cidadãos da Mongólia – 95% – é de etnia mongol, principalmente dos mongóis Khalkha. No entanto, existem pequenas minorias. Os cazaques muçulmanos no Ocidente são apenas uma significativa minoria nacional e religiosa, compreendendo menos de 5% da população. A migração destes para o Cazaquistão na década de 1990 reduziu o seu número.

Há ainda uma pequena parcela da população que é chinesa e russa.

A religião predominante é o budismo tibetano, mas os números variam de acordo com as fontes. De acordo com dados da CIA World Factbook, os budistas representam 50% da população; enquanto os dados da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) indicam que há 24,2% de budistas mais 32,2% animistas ou seguidores das crenças tradicionais. Os cristãos são 1,7%. O xamanismo, a religião tradicional dos mongóis, é ainda praticada por uma minoria – de acordo com a CIA, xamanistas e cristãos compõem 4% da população. A CIA refere ainda que 40% da população não tem qualquer religião (36,3% de acordo com a AIS).

Letícia Amorim

In Boa Nova

 

Factos (Caixa)

Continente: Ásia

Capital: Ulan Bator

População: 2,8 milhões

Área: 1,56 milhão km2

Idioma: Mongol

Clima: desértico/continental

Moeda: togrog/tugrik

Governo: República parlamentarista

Independência: da China, 11 de Julho de 1921

Religião: budistas, 24,2%; animistas, 32,2%; agnósticos/ateus, 36,3%; muçulmanos, 5%; cristãos, 1,7%; outros, 0,6%

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