MENSAGEM DE PÁSCOA DE 2022 DO BISPO D. STEPHEN LEE

MENSAGEM DE PÁSCOA DE 2022 DO BISPO D. STEPHEN LEE

“O teu irmão foi morto e ressuscitou; ele estava perdido e foi encontrado!”

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

Aleluia!

O próprio Senhor Jesus Cristo ressuscitado destruiu os pecados, sofrimentos e mortes. Ele é o Mestre da vida que libertou a humanidade da morte. Ele cumpriu toda a obra de salvação, demonstrando a virtude e a graça de Deus.

A pandemia continua galopante e ainda não começou a diminuir completamente. Neste desafiador ponto de viragem, vamos aproveitar este momento, em que celebramos a morte e a gloriosa ressurreição de Jesus Cristo, para reflectir sobre o significado da vida preciosa que Deus nos deu, na nossa própria caminhada.

A longa batalha entre a nossa sociedade e o Coronavírus já dura há mais de dois anos. A incerteza sobre o futuro foi gerando, lentamente, um sentimento de impotência entre as comunidades e as pessoas. Recentemente, numa reunião com assistentes sociais, senti a inquietação do futuro da comunidade e as suas preocupações sobre as bases dos seus meios de subsistência. A Igreja Católica está, assim, a reforçar os seus serviços sociais e aconselhamento psicológico, a fim de dar resposta ao potencial aumento da procura.

A nossa sociedade precisa de ser curada, precisamos de nos reconciliar com o mundo, com os nossos vizinhos e de nos reconciliarmos uns com os outros, da forma que o Senhor Ressuscitado nos ensinou. O Papa Francisco lembra-nos, nas suas audiências públicas, às quartas-feiras, que na tradição cristã a fé, a esperança e o amor não são apenas emoções ou atitudes, mas virtudes derramadas sobre nós pela graça do Espírito Santo (1): a graça que nos cura, que nos torna curadores, e que nos abre para novos horizontes, mesmo quando atravessamos os mares revoltos do nosso tempo (2).

A fé ensina-nos a defender a dignidade humana e a cuidar daqueles que são marginalizados durante a pandemia. Para os que, infelizmente, estão doentes, mantenham a sua dignidade e não sejam tratados como objectos e aleatoriamente abandonados. A objectificação cega-nos e promove o individualismo e uma cultura radical do descartável que reduz as pessoas a bens de consumo (3).

A esperança ensina-nos a não perder a confiança no futuro, principalmente na busca do Reino de Deus, em tempos de incerteza e dor excruciantes. O uso de máscaras em locais públicos é um dever cívico para a saúde pública. Mas não esqueçamos que a verdadeira crise é não permitirmos que o “isolamento” da saúde pública evolua para a “alienação” entre as pessoas. O Papa salientou repetidamente: “Somos criados à imagem e semelhança de Deus, e por isso somos seres sociais, criativos e unidos, com uma grande capacidade de amar. É na unidade que começamos a florescer, como podemos ver através da experiência dos santos” (4).

O amor requer que se dê prioridade ao cuidado dos pobres, daqueles que sofrem com a injustiça social, a desigualdade de oportunidades, marginalização e falta de protecção dos mais vulneráveis (5). Os desempregados que lutam pelas condições básicas, os trabalhadores que temem o desemprego; os que foram forçados a serem separados, em diferentes países e locais, por força da pandemia; os empresários que temem perder os seus empregos e os seus negócios… Todos eles estão a lutar para sobreviver. O amor ensina-nos a não esquecer a ternura de sermos católicos. A mansidão é o sinal da presença de Jesus, quando nos aproximamos dos outros para caminhar com eles, para curar, ajudar e sacrificar-nos pelo próximo (6).

Convido-vos a todos a continuar a rezar pela paz e tranquilidade da nossa Sociedade, e a confiar à intercessão do Imaculado Coração de Maria todas as nossas orações e para além da pandemia, pelos refugiados que sofrem na recente guerra entre a Rússia e a Ucrânia, pelo fim da guerra e pela tranquilidade entre a comunidade internacional e os governos dos dois países. A visão do Reino de Deus é: “Que todos sejam alimentados e vestidos, e que a organização da sociedade se baseie, com ternura, na contribuição, na partilha e na distribuição, e não na posse, exclusão e entesouramento. Porque no final da nossa vida, não levamos nada connosco para a outra vida” (7). Não podemos apenas ser bons para nós mesmos; a alma é o valor central pelo qual precisamos lutar. Assim como Jesus disse na parábola do Filho pródigo: “Mas agora devemos comemorar e nos alegrar, porque o teu irmão foi morto e ressuscitou; ele estava perdido e foi encontrado!” (8) A verdadeira conversão do coração é o verdadeiro início do caminho da reconciliação para todos nós, toda a Igreja Universal, juntamente com todas as pessoas deste mundo.

† Bispo D. Stephen Lee

Diocese de Macau

Referências:

1. Catecismo da Igreja Católica, 1812, 1813

2. Audiência Geral do Papa Francisco, Quarta-feira, 5 de Agosto de 2020

3. Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho”, 53; Encíclica “Laudato si’”, 22

4. Audiência Geral do Papa Francisco, Quarta-feira, 26 de Agosto de 2020

5. Ibidem, 19 de Agosto de 2020

6. ibid, 30 de Setembro de 2020

7. ibid, 30 de Setembro de 2020

8. Lucas 15:32

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