MEMÓRIA DE NOSSA SENHORA DAS DORES É HOJE CELEBRADA

MEMÓRIA DE NOSSA SENHORA DAS DORES É HOJE CELEBRADA

Porque sendo a Mãe, por todas as mães sofreu

É mais uma invocação da Virgem Maria, uma das suas várias expressões devocionais. A sua Festa é a 15 de Setembro, um dia depois da Exaltação da Santa Cruz. As vestes de Maria nesta invocação são geralmente pretas ou roxas, tendo como atributo iconográfico as sete espadas cravadas no seu peito, ou as Setes Dores de Maria. Patenteia, assim, o sentimento de dor de uma mãe diante do sofrimento do seu filho. As “sete dores” referem-se a sete episódios da vida de Jesus Cristo, conforme os Evangelhos, que fizeram sofrer Maria, que não deixou nunca o Filho na Sua missão de Redentor.

A devoção a Nossa Senhora das Dores remonta aos tempos antigos. Já no Século VIII, os autores eclesiásticos falavam da “Compaixão da Virgem” em referência à participação da Mãe de Deus nas dores do Crucificado. Daí à devoção às Dores de Maria não demorou muito, tendo sido mesmo compostos hinos com os quais os fiéis expressavam a sua solidariedade para com a Virgem Dolorosa. Esta devoção à Mater Dolorosa aparecerá documentada em finais do Século XI. Existia também, na época, uma devoção popular às cinco alegrias da Virgem Mãe. No mesmo período, essa devoção das alegrias seria complementada com outra Festa, mas esta em homenagem às suas cinco dores, durante a Paixão de Cristo (sem as da vida de Jesus). Mais tarde, as dores da Virgem Maria aumentariam para sete, incluindo não apenas a sua marcha para o Calvário, mas toda a sua vida.

Em 1239, na diocese de Florença, a Ordem dos Servitas, ou Ordem dos Frades Servos de Maria, com uma espiritualidade e carisma intimamente ligados à veneração da Virgem Santa, fixaria a Festa de Nossa Senhora das Dores no dia 15 de Setembro. Os servitas, com efeito, desde a sua fundação (Florença, 1233), tinham uma particular devoção aos sofrimentos de Maria, pelo que a Memória das Sete Dores foi facilmente autorizada na forma de Festa, a cair no terceiro Domingo de Setembro de cada ano. Os servitas celebravam a Memória de Maria sob a Cruz com um serviço religioso e uma missa especiais. Nessa época falava-se também, a propósito desta Festa das Dores da Virgem Maria, da “Transfixação de Maria”, da “Recomendação de Maria no Calvário”, e era comemorada na época da Páscoa.

Mas a devoção das dores da Virgem Santíssima tem, na verdade, uma comemoração dupla no ano litúrgico. Ou seja, na Semana da Paixão e depois a de 15 de Setembro. A comemoração na Semana da Paixão é a mais antiga, tendo sido instituída em Colónia, na actual Alemanha, depois enxameando para outros pontos da Europa, no Século XV. Começou por ser comemorada na sexta-feira anterior ao Domingo de Ramos, como Festa da Virgem das Dores, feriado popularmente conhecido como “Sexta-feira das Dores”. Depois, a Festa irradiou pela Igreja, a partir de 1727, sob a denominação das Sete Dores, mantendo-se a referência original da Missa e do ofício da Crucificação do Senhor, mas com comemoração fixada no terceiro Domingo de Setembro.

Mas recordemos as Dores da Virgem Maria. A Primeira Dor é a da profecia de Simeão na apresentação do Menino Jesus. Simeão anunciou que uma espada de dor traspassaria a sua alma, pelos sofrimentos de Jesus. A Segunda Dor é a da fuga para o Egipto com Jesus e José. É a dor que Maria sentiu quando teve de fugir à pressa para tão longe, por grandes dificuldades, com o Filho tão pequeno. A Terceira Dor é a da perda de Jesus no Templo em Jerusalém, procurando-o durante três dias. A Quarta Dor é a de deparar com Jesus com a cruz nas costas a caminho do Calvário, sofrendo, carregando a culpa do mundo, açoitado como se fosse um malfeitor e coroado de espinhos. A Quinta Dor é a da crucificação e agonia de Jesus. A Sexta Dor é a da lança a confirmar a morte de Jesus, cujo corpo morto Maria depois recebeu nos seus braços. A Sétima Dor a trespassar o coração de Maria é a do sepultamento de Jesus e a sua solidão. Maria ficou só, em aflição, em dor… Hoje é 15 de Setembro, não esqueçamos então as Dores da Virgem Maria.

Vítor Teixeira 

Universidade Fernando Pessoa

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