O tormento da falta de perdão

24º DOMINGO COMUM – Ano A – 17 de Setembro

O tormento da falta de perdão

Amor, bondade, gentileza, misericórdia… estas e muitas qualidades semelhantes são fáceis de pensar. Elas inspiram-nos a sermos santos, a crescermos em virtude. Mas às vezes precisamos de mais. Às vezes, ponderar sobre a beleza das virtudes e dos frutos do Espírito não é suficiente para nos ajudar a abraçar uma vida de santidade. Esta é uma das razões da nossa parábola de hoje.

Os “Exercícios Espirituais” de Santo Inácio de Loyola apresentam-nos a estrutura pela qual um director espiritual pode conduzir um retirante através de um retiro privado de trinta dias. Inácio descreve trinta dias de meditações. Curiosamente, não começa por convidar a pessoa a reflectir sobre as belas virtudes às quais é chamada. Ao invés, durante a primeira semana, faz o retirante reflectir sobre o horror do pecado e os efeitos devastadores que o pecado exerce sobre a alma. Ao fazê-lo, os olhos da pessoa ficam mais abertos para o seu próprio pecado, de modo que nas três semanas subsequentes ela estará mais adequadamente disposta a reflectir sobre a vida inspiradora de Cristo e as Suas muitas virtudes.

O nosso Evangelho de hoje é ideal para ponderarmos sempre que quisermos colocar a nossa vida espiritual em ordem. É muito fácil tornarmo-nos complacentes durante a nossa caminhada cristã. É fácil tornarmo-nos mornos na oração e até na vida moral. Se esta descrição lhe encaixar como uma luva, então este Evangelho merece a sua atenção total e cuidadosa.

O pecado que Jesus aborda nesta passagem é o pecado da falta de perdão. Descreve claramente a ira de Deus que será infligida àqueles que se recusam a perdoar os outros. O “servo ímpio” a quem isto é dirigido era um homem que foi “enormemente” perdoado por Deus. Ora, isto somos todos nós. Cada um de nós foi perdoado por Deus numa quantia que custou a vida de Jesus. A consequência dos nossos pecados foi a morte do Filho de Deus. Cada um de nós merece a pena de morte. Mas a morte foi agora transformada no próprio meio de uma nova vida através do perdão dos pecados. E se quisermos receber o perdão dos pecados e a nova vida que nos espera, devemos participar plenamente do perdão de Deus. Não só devemos receber o Seu perdão, mas também perdoar aqueles que pecaram contra nós. Completamente. Totalmente. Sem reserva.

Nesta parábola, o servo mau não conseguiu perdoar uma pequena dívida. Na verdade, todo o pecado cometido contra nós, não importa quão grave seja aos olhos de Deus, é uma dívida pequena comparada à dívida que temos com Deus. Por esse motivo, nunca devemos hesitar em perdoar. Nunca! Se tal for difícil, e se reflectir sobre a misericórdia, a bondade, a compaixão e o amor de Deus não nos obrigar a perdoarmos completamente a todos, então dediquemos algum tempo a esta parábola. “Seu servo malvado! Eu perdoei toda a tua dívida porque me imploraste. Não deverias ter tido pena do teu companheiro, como eu tive pena de ti?” Estas são palavras dirigidas a nós quando deixamos de perdoar completamente do fundo do nosso coração. São palavras misericordiosas de Jesus para nos ajudar a acordar para o que precisamos fazer.

Reflicta hoje sobre o requisito absoluto da vida cristã: PERDOAR. A misericórdia pode parecer injusta. Do ponto de vista da justiça estrita, é. Mas na perspectiva da liberdade e das virtudes do Céu, a misericórdia faz todo o sentido. Não hesite em perdoar, pois se puder fazê-lo do fundo do seu coração, Deus derramará sobre si as riquezas do Reino dos Céus.

Rezamos:

“Senhor misericordioso, Vós me perdoastes uma enorme dívida. O custo do meu pecado foi a Tua morte na Cruz. Por favor, enchei o meu coração com tanta gratidão por este presente, e eu oferecerei a mesma profundidade de misericórdia aos outros. Que eu nunca vacile nesta profundidade de misericórdia para que seja libertado dos tormentos que advêm da falta de perdão. Jesus eu Vós eu confio”.

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