HOJE NA ILHA VERDE: INVESTIGADOR FRANCESCO VOSSILLA FALA SOBRE PADRE FRANCESCO SAMBIASI, SJ

HOJE NA ILHA VERDE: INVESTIGADOR FRANCESCO VOSSILLA FALA SOBRE PADRE FRANCESCO SAMBIASI, SJ

Pequim acolhe Simpósio Anual do Instituto Ricci

O campus da Universidade de São José, na Ilha Verde, é palco esta noite de um seminário sobre o padre Francesco Sambiasi, jesuíta italiano e um dos principais conselheiros políticos de Paulo Xu Guangqi. O evento é o primeiro de uma série de iniciativas que o Instituto Ricci de Macau promove ao longo das próximas semanas. Pequim recebe o Simpósio Anual da instituição a 9 de Outubro.

Missionário, matemático, mas acima de tudo um diplomata hábil e pragmático que desde cedo se empenhou na afirmação de um Catolicismo com características chinesas. O Instituto Ricci de Macau (IRM) evoca esta noite a memória e o legado do padre Francesco Sambiasi, SJ, que no início do Século XVII se tornou um dos principais conselheiros políticos do então secretário de Estado, Paulo Xu Guangqi.

Nascido em Cosenza, no ano de 1582, o padre Sambiasi dedicou as quatro últimas décadas de vida à demanda de soluções que pudessem contribuir para um maior enraizamento da fé católica no Império do Meio, então sacudido por fortes convulsões.

Os esforços empreendidos por Sambiasi e a proximidade com Xu Guangqi dão o mote à edição de Setembro do Fórum do Instituto Ricci de Macau, iniciativa que tem como orador o académico italiano Francesco Vossilla, docente da Universidade Gonzaga de Florença. «O grande exemplo do padre Sambiasi, como missionário, foi a sua profunda convicção de que a fé em Cristo crucificado e ressuscitado necessitava de estar enraizada com maior firmeza nas culturas locais, com uma atenção particular e compaixão para com os pobres e vulneráveis, bem como num maior conhecimento e respeito pela espiritualidade nativa», explicou a’O CLARIMo padre Stephan Rothlin, SJ. «O padre Sambiasi pontificava entre os missionários jesuítas a quem Paulo Xu confiou a missão de disseminar o conhecimento e a ciência ocidental em domínios como a geometria, o cálculo, a cartografia ou a astronomia. Xu e alguns jesuítas, como Mateus Ricci, Vagnone e Sambiasi, agiram de forma a que futuros católicos se pudessem converter sob o exemplo e a liderança do seu próprio povo. As suas palavras e actos sugeriam que o Cristianismo era a morada espiritual da Humanidade libertada e uma oportunidade única para todas as nações, em particular para a China», acrescentou o director do IRM.

O trabalho desenvolvido por Francesco Sambiasi ao serviço da corte dos imperadores Ming, defendeu o padre Rothlin, ganha uma nova relevância à luz da recente visita que o Papa Francisco fez à Mongólia: «Numa época pautada por conflitos e mal-entendidos, o Santo Padre desafia-nos a reflectir sobre o exemplo de vida de missionários dedicados como o padre Sambiasi, que em períodos de grandes convulsões e apesar das grandes dificuldades que enfrentaram mostraram um enorme respeito pelas pessoas e pela cultura da China, e fizeram o seu melhor para as servir de uma forma muito pragmática».

Entretanto, na próxima quarta-feira, 20 de Setembro, o IRM expõe na Biblioteca Wu Yee Sun da Universidade de Macau alguns dos volumes mais raros e mais valiosos do seu acervo bibliográfico, tais como a “A Acta Pekinensia” ou os “Registos Históricos da Legação de Maillard de Tournon”.

Para 9 de Outubro está agendado o Simpósio Anual do Instituto Ricci de Macau. A iniciativa decorre este ano em Pequim e assinala os quatrocentos anos do nascimento do jesuíta belga Ferdinand Verbiest; é co-organizado pelo Centro Yale de Pequim e pela Embaixada da Bélgica na República Popular da China.

M.C.

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