Mais trabalhos

A vida a bordo em Fort-de-France continua a decorrer com toda a normalidade, com os trabalhos a serem executados, um a um, conforme o planeado. Esta semana devemos receber o alternador. Se conseguirmos colocar a funcionar o motor de arranque, rumaremos a Sainte Pierre no final da semana. Será no sábado porque dá azar iniciar viagens de mar à sexta-feira, de acordo com a velha tradição marítima portuguesa.

Os últimos dias foram passados entre idas a lojas de materiais de construção, à procura de pequenas coisas que eram necessárias na embarcação – não essencialmente marítimas – e deslocações à marina da cidade para comprar algum material, como cabos, parafusos inoxidáveis e outros items que só se encontram em lojas especializadas.

Comprámos uma pequena âncora para apetrechar o nosso bote. Em todas as docas de Martinica a corrente e o vento fazem com que os botes sejam atirados contra as estruturas de madeira ou de cimento, danificando o revestimento do insuflável. Já deveríamos ter comprado a pequena âncora há algum tempo, mas adiámos sempre. Agora já está feito! Iremos utilizá-la sempre que atracarmos numa das docas, mantendo assim o bote longe das estruturas fixas, evitando danificá-lo.

Bem mais cara foi outra compra, desta feita para a nossa casa flutuante. Depois de muito ponderarmos, decidimos adquirir um novo banco de baterias. Vamos deixar as baterias de ácido e passar a usar baterias AGM, cada uma com 330 amperes. São quase mil amperes de capacidade, o que nos permite ter o frigorífico a trabalhar 24 horas (anteriormente tinha que ser desligado assim que anoitecia). O sistema eléctrico conta agora com 650 watts dos painéis solares, 400 watts do gerador eólico (temos mais um com a mesma capacidade mas ainda não está instalado) e com um alternador de 130 amperes que pode ser alimentado pelo motor, no caso de não haver Sol ou vento durante o dia. O sistema eléctrico solar e eólico permite-nos utilizar o dessalinizador durante mais de dez horas sem termos de recorrer ao motor do barco, o que resolve na totalidade o problema da falta de água doce que nos tem assolado.

Temos tido tempo para conhecer a cidade e cada vez mais ficamos bem impressionados com a organização que o Estado francês conseguiu aqui impor.

Conhecendo a França relativamente bem, foi com surpresa que fiquei a saber que tudo funciona melhor do que na República, a começar pelo facto de não existir a falta de organização que reina nas grandes cidades gaulesas. Em comparação com Paris, onde a insegurança é uma constante e a falta de limpeza faz parte do dia-a-dia, Martinica é o oposto, especialmente em Fort-de-France: ruas limpas, parques sem ponta de lixo e polícia (não opressiva) por todo o lado. Dá prazer andar nas ruas de dia ou de noite. O único senão é o comércio fechar às cinco da tarde e os restaurantes apenas servirem jantares depois das sete da noite. Para nós, “malta” dos barcos, torna-se complicado jantar fora porque depois das sete horas é noite e o regresso ao barco é mais arriscado. Ao Domingo tudo encerra.

Numa nota relativa à tripulação, a Maria teve um pequeno problema de saúde que nos levou ao hospital. Acordou de madrugada com vómitos. O estômago não estava a reter os alimentos e a água. Por volta das dez da manhã, como não havia melhoras, decidimos ir ao hospital para que fosse examinada por um médico. Foi-lhe receitado um medicamento para os vómitos e outro para a desidratação. Tudo indica que tenha sido apenas um pequeno problema de estômago, pois nem febre causou. Como estamos habituados a que nunca fique doente (graças a Deus!), assustou-nos vê-la vomitar sem razão aparente. Quando regressou a casa, já sob o efeito da medicação, dormiu cinco horas seguidas. Ao acordar verificámos que tinha voltado ao normal.

João Santos Gomes

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