Uma intensa actividade pastoral e social
Apesar de pequena, a comunidade católica do Laos mantém vivo um fervoroso espírito missionário, até porque têm consciência de que o futuro da Igreja local está nas suas próprias mãos: de acordo com a lei vigente no Laos, os missionários podem permanecer no País apenas por curtos períodos de tempo. Daí a primazia absoluta dada ao trabalho em torno das vocações, tanto para o sacerdócio quanto para a vida consagrada ou para os ministérios leigos, como é o caso dos catequistas.
Da parte da Conferência Episcopal do Laos e Camboja, é dado todo o apoio necessário. Visita regular das paróquias laocianas, padre Paul Chatsirey Roeung, sacerdote cambojano do Vicariato Apostólico de Phnom Penh e Director Nacional das Pontifícias Obras Missionárias do Laos e do Camboja, garante que “a vida pastoral no País se mantém pacífica”, lembrando, no entanto, que para iniciativas de maior gabarito é necessária a autorização das autoridades governamentais. Autorizações essas que variam de província para província e são ou não concedidas consoante quem detém as rédeas do poder na altura.
Nos últimos anos, o número de católicos tem vido a aumentar no Laos – é um facto! – e são os jovens quem mais adere ao novo culto, tendo-se assistido a um aumento significativo do número de matriculados nos diferentes Seminários do País; o que é um bom presságio para o futuro. A Igreja está confiante em si mesma e o trabalho pastoral e missionário progride gradualmente. Catequistas vários acompanham os sacerdotes quando estes administram os Sacramentos nas aldeias, e não raras vezes são eles próprios que exercem essas funções, demonstrando deste modo um “enorme testemunho de fé” e “verdadeiro desejo de proclamar o Evangelho”.
No Sul do País, no Vicariato Apostólico de Paksè – que conta com cerca de 22 mil católicos e oito padres diocesanos – destaque-se o papel dos franciscanos. Aí, os frades dessa Ordem vivem numa aldeia originalmente fundada como uma colónia de leprosos por um padre missionário francês. Têm como tarefa principal a restauração da Igreja local, ou seja, “a construção concreta de estruturas para o cuidado pastoral”, mas acima de tudo “o crescimento espiritual do povo de Deus, tendo em vista o futuro da Igreja no Laos”.
Nos últimos dez anos, os franciscanos concluíram a construção de cinco igrejas de tijolos e outras quatro capelas de madeira, bem como o centro de retiro e formação do Vicariato. Também se mostram activos no campo social: estão em curso uma série de projectos para fornecimento de electricidade e de água potável às comunidades rurais mais carenciadas, isto, além da ajuda que prestam numa plantação existente nos terrenos do Vicariato. A comunidade franciscana administra ainda dois dormitórios – “onde pernoitam alunos das aldeias pobres” – e, graças a diversos doadores, oferece cerca de cinquenta bolsas de estudo a alunos necessitados, desde o Ensino Primário ao Universitário. Os franciscanos em Paksè estão totalmente integrados na Igreja e o bispo D. Andrew Souksavath Nouane Asa, vigário apostólico de Paksè, frequentemente expressa a apreciação da comunidade local pelos franciscanos, “pelo seu modo de vida e pela sua capacidade de proporcionar uma vida melhor às gentes de Paksè”.
Também preocupa os católicos do Laos a situação geopolítica da nação, e por essa razão estarão prontos a aderir sem reservas a uma já anunciada (mas ainda sem data) conferência internacional no Laos, que actualmente ocupa a presidência da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Aí se discutirá a reactivação do diálogo para encontrar “uma solução para a crise política em Mianmar e uma paz realista”. Esse será um passo em direcção à gestão regional da crise e da guerra civil que abalou Mianmar desde o golpe militar de 2021, e que também afecta os países vizinhos em termos sociais e económicos, bem como em termos de fluxos de refugiados. A conferência será coorganizada pelo Laos em colaboração com a Indonésia e a Malásia, que fazem parte de uma “troika” criada em Setembro de 2023 para continuar os esforços diplomáticos. Este anúncio foi feito pelo Ministro das Relações Exteriores do Laos, Saleumxay Kommasith, na Reunião dos Ministros das Relações Exteriores da ASEAN, em Vientiane a 3 de Outubro, sem indicar uma data específica para a conferência.
A Igreja Católica no Laos era originalmente parte do Vicariato Apostólico do Sião Oriental. Hoje em dia, há quatro Vicariatos Apostólicos no Laos (Vientiane, Paksè, Luang Prabang e Savannakhet) com um total de cerca de sessenta mil católicos em todo o País. Desde o reconhecimento oficial da Igreja Católica pela Frente Laosiana para o Desenvolvimento Nacional em 1979, as relações entre a Igreja e o Governo melhoraram gradualmente, também dentro do quadro da liberdade religiosa reconhecida na Constituição de 1991 (o Estado reconhece oficialmente quatro religiões: Budismo, Cristianismo, Islamismo e a religião Bahá’í), mas com as limitações estabelecidas por lei. Desde 2017, a pequena Igreja também tem um cardeal nomeado pelo Papa Francisco: Louis-Marie Ling Mangkhanekhoun, agora com oitenta anos de idade é vigário apostólico de Vientiane.
Joaquim Magalhães de Castro