Família e Fé

Medo de fracassar

Terminou o espectáculo do circo. Ao sair, o rapaz observou como o elefante era amarrado com uma corda a uma pequena estaca cravada no chão. Ficou admirado e pensativo:

Como é possível que um animal tão grande não seja capaz de libertar-se de uma estaca tão pequena?

Movido pela curiosidade, resolveu esclarecer a dúvida com o domador dos elefantes.

«– É muito simples», respondeu-lhe aquele homem que estava habituado a domesticar animais.

«– Desde pequeno, o elefante foi amarrado a uma estaca como esta. Nessa altura, ele tentou libertar-se e não conseguiu. Guardou então na sua memória – que é de elefante – tal informação. Neste momento, nem lhe passa pela cabeça tentar outra vez. Imagina, erradamente, que essa nova tentativa está à partida condenada ao fracasso».

O fracasso está presente na vida de todos nós.

Pela limitação da natureza humana, não é possível que não fracassemos nunca. Mesmo aqueles que parece que tudo lhes corre bem, estão habituadas a lidar com insucessos pessoais diários.

Claro que as circunstâncias de vida são muito diferentes. Mas também é evidente que não há nenhumas circunstâncias que eliminem completamente as derrotas da nossa vida.

Viver é sofrer e suportar fracassos.

Podemos olhar para eles de frente e encará-los como uma oportunidade de superação pessoal e de crescimento. Ou podemos encolher-nos, deixando que tenham a última palavra.

Algo parecido acontece também com os êxitos. Podemos deixar-nos cegar por eles e encher-nos de um orgulho néscio que nos afasta dos outros. Ou podemos aprender a ser agradecidos. Porque se somos sinceros, dar-nos-emos conta de que nunca conquistamos um êxito sozinhos.

Sem a ajuda daqueles que temos ao nosso lado, não é possível obter nenhuma vitória.

Por isso, o mundo não se divide entre aqueles que têm êxito e aqueles que fracassam. Divide-se, sim, entre aqueles que aprendem com os seus fracassos e aqueles que desanimam com eles.

Diante de uma má experiência podemos aprender, tirar conclusões e crescer em humildade. Ou então podemos encher-nos de pessimismo e deixar que a amargura tome conta da nossa vida.

É verdade que, muitas vezes, as más experiências não dependem da nossa liberdade. No entanto, também é verdade que a atitude que tomamos diante delas é livre, ou seja, procede de nós.

Não se pode educar os jovens transmitindo-lhes a ideia de que o ideal na vida é nunca fracassar.

Isso não é possível, excepto na imaginação de alguns. E quando o insucesso aparecer, não saberão como actuar diante dele.

É preciso explicar-lhes que devem esforçar-se por fazer as coisas bem. Mas se nalgum momento isso não acontecer, devem procurar perceber porque agiram mal. Além disso, podem sempre extrair experiência e impulso desse engano para recomeçar a esforçar-se por cumprir bem os seus deveres.

Como diz Alfonso Aguiló, ter êxito na vida é aprender a fracassar. E a maior infelicidade de uma pessoa é deixar de actuar por ter medo do fracasso.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria 

Doutor em Teologia

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