Mónaco e Alonsomania
Este fim de semana o Grande Circo desloca-se ao Principado do Mónaco. Sobre o circuito citadino do minúsculo território pouco ou nada há a dizer. Glamour, celebridades, grandes iates e milhares e milhares de curiosos que viajam até Monte Carlo, como se fossem em peregrinação, apenas uma vez por ano, atraídos por tudo, menos pelos bólides das diversas categorias, pelos pilotos e equipas que durante quatro dias dão colorido à pequena urbe.
Apesar deste desprendimento, talvez mesmo desprezo, gerado por uma ignorância sobranceira de quem só se interessa em ser visto, há um mundo de gente que se dedica a colocar na pista carros para vencerem os mais diversos troféus – um para o vencedor, outro para o segundo classificado, um terceiro para o ocupante do último lugar do pódio e, por fim, um troféu para a equipa do carro ganhador, sendo este último igual ao do vencedor da prova.
No Grande Prémio de Espanha, disputado em Barcelona, Lewis Hamilton (Mercedes) venceu, quando todos apontavam para uma vitória fácil de Sebastian Vettel. Uma vez mais não ganhou quem devia. Vettel foi traído por uma escolha errada de pneus que beneficiou Hamilton. O segundo Mercedes, tripulado por Valtteri Bottas, não acabou a corrida, tendo parado por ordem peremptória da sua “boxe”, quando já deitava fumo.
Muitos falaram de uma “surpresa”, principalmente quem não prestou atenção aos diversos “replays” da largada. Todos viram o Ferrari de Kimi Raikkonen bater violentamente no Red Bull de Max Verstappen. O finlandês ficou com a suspensão da frente do lado direito partida e foi embater no carro do piloto holandês, que também sofreu danos irreparáveis. Os dois abandonaram a corrida logo no início. Poucos repararam, ou não prestaram atenção, ao que causou o acidente entre o Ferrari e o Red Bull. Bottas chocou com alguma violência na roda de Raikkonen e daí a quebra da suspensão do carro deste último. Os “replays” vistos do interior de vários carros deixou-nos a pensar até quando o Mercedes iria aguentar… a desistência não foi de todo uma surpresa!
O Circuito do Mónaco é difícil em quase todos os sentidos: estreito, sinuoso, sem escapatórias dignas desse nome e chove muitas vezes. A meteorologia prevê céu muito nublado para sábado (treinos livres e provas de qualificação) e chuva para Domingo (corrida).
Os carros da Mercedes, os mais compridos da Fórmula 1, não estão muito à vontade neste traçado. Se no ano passado os Mercedes W07 tinham 3,5 metros, e já eram os carros mais compridos do “paddock”, este ano os W08 são ainda maiores, com 3,60 metros. Os Ferrari são mais curtos do que os Mercedes em 16,6 centímetros. Parece pouco, mas os quase 17 centímetros de diferença traduzem-se em alguns quilos a menos, maior manobrabilidade e maior velocidade de ponta. Por curiosidade, os carros mais curtos da Fórmula 1 são os Williams, com 3,54 metros.
Este ano os favoritos para o Mónaco poderão ser os Ferrari e os Red Bull, sem no entanto descartarmos as outras equipas, pois no Mónaco – mais do que em qualquer outro lugar – tudo pode acontecer.
A ausência de Fernando Alonso no Principado tem sido notada e acompanhada ao segundo pelos Órgãos de Comunicação Social de todo o mundo. O piloto espanhol está nos Estados Unidos para participar na 101ª edição das 500 milhas de Indianápolis, que decorre este fim de semana. A presença do bicampeão do mundo de pilotos da Fórmula 1 está a gerar uma vaga de excitação, já denominada por alguns como “Alonsomania”. Todos os pilotos de um passado mais ou menos recente têm algo a dizer, um conselho a dar, ou apenas querem ser vistos junto do célebre “rookie”.
A presença do campeão espanhol não é apenas um sonho de um piloto desiludido, que deseja voltar a conduzir um carro competitivo. A Honda, que fornece os motores para a McLaren na Fórmula 1 e para algumas equipas de Indianápolis, agarrou com as duas mão a oportunidade de “deitar água na fervura” e provar que a sua tecnologia ainda pode vencer corridas. Os motores da Honda, tanto da Fórmula 1 como de Indianápolis, são V-6 turbo (um turbo na Fórmula 1 e dois turbos nos carros americanos) e têm registado prestações muito diferentes. Se tudo correr bem e Alonso se classificar razoavelmente nos “States”, a Honda ganha um precioso balão de oxigénio, que bem precisa! Ganhar a corrida no fantástico “oval” (o circuito, de facto, não é oval, mas sim paralelogramo, com os cantos arredondados) seria “ouro sobre azul” para a marca nipónica.
Alonso tem-se mostrado mais do que suficiente em tudo o que lhe tem sido pedido. Irá largar na segunda fila, em posição central. São admitidos apenas 33 carros, mas muitos outros participaram nas provas de qualificação. Se um piloto sofrer um acidente grave ou ficar sem carro pelas mais diversas razões, o primeiro reserva toma o lugar deixado vago. Os carros alinham em grupos de três, num total de onze filas, o que perfaz 33 bólides. A prova tem início às 12 horas e 14 minutos (hora dos Estados Unidos, menos doze horas do que em Macau), com a frase cerimonial: “Drivers Start Your Engines”. A partir desse momento os carros vão para a pista, dão uma volta de aceleração atrás do “pace car”, e a bandeira verde é mostrada às 12 horas e 19 minutos.
Quanto ao Mónaco, a diferença horária é de menos seis horas do que em Macau. Os últimos treinos livres estão agendados para sábado, entre as 11 e as 12 horas. As provas de qualificação têm lugar às 14 horas e a corrida está marcada para Domingo, igualmente às 14 horas.
Manuel dos Santos