COMUNIDADE FILIPINA CELEBROU O SINULOG

COMUNIDADE FILIPINA CELEBROU O SINULOG

Santo Niño, expressão de fé de todo um povo

A comunidade católica filipina de Macau celebrou, no passado Domingo, aquela que é uma das suas mais marcantes tradições. Mais de meio milhar de fiéis reuniram-se, ao final da manhã, no exterior da igreja de Santo Agostinho, para dançar em louvor a Jesus, em particular ao Santo Niño de Cebu.

Com raízes no Sul das Filipinas, o festival do Sinulog e a devoção ao Menino Jesus remontam ao Século XVI e encarnam a própria génese da religiosidade filipina. Em Macau, a celebração realiza-se desde o virar do milénio sem interrupção, ainda que nos últimos três anos sem a magnitude e a efusividade de outrora, devido à pandemia de Covid-19. «Normalmente, servimos comida filipina ao público que se junta às celebrações, e depois organizamos uma competição de dança de rua para eleger a melhor “performance” de dança do Sinulog», explica Angelo Magat, da Associação do Santo Niño de Cebu em Macau, em declarações a’O CLARIM. «Dançar com a imagem do Santo Niño é algo que é parte da nossa tradição religiosa e cultural. É uma expressão de alegria, de felicidade e de gratidão por parte dos devotos. É a forma que os fiéis encontraram de mostrar que estão gratos pelas bênçãos que receberam. Os dançarinos erguem a imagem do Santo Niño e proclamam “Eis o nosso Deus adorado. Honrai-o, na crença de que Ele é o nosso salvador”. No fundo, é uma profissão de fé. O Sinulog, a dança, é uma forma de dar maior ênfase à fé que o Santo Niño inspira aos fiéis», complementa Magat.

Este ano, dado a ameaça ainda presente do Covid-19, a festa do Santo Niño cingiu-se às celebrações religiosas, com a organização de Eucaristia Solene e de uma pequena procissão no Largo de Santo Agostinho. Mesmo com o Sinulog a “meio gás”, a comunidade filipina acorreu em peso à iniciativa. «A devoção ao Santo Niño é muito importante para nós, para a comunidade filipina, porque acreditamos que o Menino Jesus é o nosso Deus e que o nosso Deus nos ama. É Ele a fonte de tudo o que nós temos. A fé que depositámos nele opera milagres e faz com que tudo seja possível. Basta ter a imagem do Santo Niño em nossa casa para que Ele não nos abandone e para que cuide de nós e daqueles que mais amamos», remata Angelo Magat.

Em Macau desde o final de Outubro, o padre Felipe Bacalso presidiu, pela primeira vez, às celebrações do Santo Niño no território. O missionário jesuíta considera que, no Sul das Filipinas ou no Sul da China, o Sinulog e a devoção ao Menino Jesus de Cebu são uma expressão da profunda devoção que o filho de Deus inspira no povo filipino. «É uma expressão de fé. O povo filipino tem fé na Igreja Católica. O Santo Niño acontece uma vez por ano, mas é algo que move e aproxima as pessoas», sublinha o padre Bacalso. «É claro que não se pode imitar aquilo que é feito nas Filipinas. Antes de mais porque há muitas mais pessoas lá. Há um desfile, uma procissão que percorre as ruas da cidade e mobiliza muitos milhares de pessoas. Essa é uma das diferenças. Não podemos fazer isso em Macau. Aqui temos uma versão improvisada do Santo Niño de Cebu, mas é ainda assim uma importante expressão da fé destas pessoas. Seja grande ou pequena, é uma expressão da fé de todo um povo», acentuou.

Marco Carvalho

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *