ANO DIOCESANO DAS VOCAÇÕES PARA FORMAR E REFORÇAR O CLERO EM MACAU

ANO DIOCESANO DAS VOCAÇÕES PARA FORMAR E REFORÇAR O CLERO EM MACAU

Ano e meio a cultivar sementes de missão

A missão é árdua e exige o compromisso de todos. A diocese de Macau lançou, no último Domingo, o Ano Diocesano das Vocações, com o objectivo de criar no território um ambiente favorável ao despertar das vocações sacerdotais e religiosas. Fomentar o envolvimento dos jovens na vida da Igreja, defendem os padres Daniel Ribeiro, SCJ, e Rafael Vigolo, MCCJ, é fundamental para atrair novos trabalhadores à vinha do Senhor.

A participação em retiros espirituais, uma visita às irmãs da Ordem Cisterciense da Estrita Observância (Trapistas) e uma eventual peregrinação a Hong Kong. Estas são algumas das propostas de animação vocacional que a pastoral de língua portuguesa da diocese de Macau quer promover, no âmbito do Ano Diocesano das Vocações, que teve no início no passado Domingo e se estende até 8 de Dezembro de 2024, dia da celebração litúrgica da Imaculada Conceição.

Durante o próximo ano e meio, a grande prioridade da Igreja em Macau passa pela promoção da cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade em geral, para que se crie um ambiente favorável ao despertar de todas as vocações, com ênfase particular nas vocações sacerdotais e religiosas. «Quando falamos de vocação, eu particularmente acredito que necessitamos de falar de uma forma abrangente, porque todos somos chamados por Deus e todos nós precisamos de responder ao chamamento de Deus da nossa própria maneira e descobrir dentro de nós para o que somos chamados, aquilo para que Deus nos chama e nos convida», disse, em declarações a’O CLARIM, o padre Rafael Vigolo, vigário paroquial da igreja de São Francisco Xavier, em Mong-Há. «Na perspectiva deste ano vocacional, a ênfase, pelo que percebi, será dada à vida sacerdotal e também à vida religiosa. Vai recair mais sobre a vocação sacerdotal, até pela necessidade que existe em Macau de criar o clero diocesano, de fortalecer o clero diocesano e de preparar, inclusivamente, a Igreja para o futuro», acrescentou o missionário comboniano.

Em Macau desde 2019, o padre Rafael é – a par do chanceler da Diocese, padre Cyril Law, do padre Daniel Ribeiro, SCJ, e do padre Michael Cheung, IVE – um dos quatro sacerdotes que integram a recém-formada Comissão Diocesana para as Vocações. Presidida pelo bispo D. Stephen Lee, a Comissão deve reunir no início de Junho para discutir o plano de acção para o Ano Vocacional que agora se inicia. Sobre a mesa deverá estar um propósito primordial: despertar o envolvimento dos jovens na vida da Igreja Católica. «A partir do despertar da participação dos jovens na vida da Igreja, esperamos que possam perceber que o chamamento vocacional é uma possibilidade que lhes está acessível. O objectivo principal não é apenas o de trabalhar com vocacionados, mas com todos aqueles que são jovens e que, a determinada altura da sua vida, se podem deparar com essa possibilidade», explicou o padre Daniel. «A Comissão Diocesana está a começar a organizar alguns trabalhos vocacionais. E entre esses trabalhos vocacionais, a comunidade de língua portuguesa está a preparar uma visita às irmãs da Penha, a participação em retiros e uma pequena peregrinação, possivelmente com destino a Hong Kong, no próximo ano. De um modo geral, estamos a preparar actividades com os jovens para fomentar um maior envolvimento da parte deles na vida da Igreja», reiterou o vigário paroquial da Sé Catedral para a comunidade de língua portuguesa.

As crianças que frequentam a Catequese, mas também os jovens que estudam nas escolas de matriz católica, devem, no entender do padre Rafael, estar no centro de todas as atenções durante o próximo ano e meio, sendo que o trabalho de animação vocacional não deve descurar as famílias. «As vocações surgem nas nossas famílias. Não é na família do vizinho ou nas outras famílias. É nas nossas famílias. E nas nossas escolas, nas nossas paróquias, na nossa diocese, na nossa Igreja. Durante este ano precisamos de tocar em diferentes aspectos da nossa vida como Igreja, começando pelas escolas. As escolas abrem-nos a possibilidades para estar com os jovens e falar sobre este tema», referiu o padre Rafael. «Quando falo com os jovens, procuro enfatizar isto: necessitamos de nos conhecer e de criar espaço no nosso coração para os sonhos mais belos que temos. São os sonhos que Deus coloca no nosso coração. É muito comum não sermos livres para decidirmos as nossas vidas. Às vezes acabamos por viver os sonhos de outros, seja dos nossos pais ou de outras pessoas», afirmou.

A crise vocacional com que se depara a Igreja Católica não é propriamente uma novidade. Os primeiros sinais manifestaram-se ainda do Concílio Vaticano II, e em 1964 o Papa Paulo VI instituiu o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que se celebra desde então no Quarto Domingo da Páscoa, o Domingo do Bom Pastor. No âmbito do Ano Vocacional que agora se inicia esse pedido, dirigido a Deus, é formulado no final de todas as Eucaristias, para que os eventuais candidatos ao Sacerdócio possam compreender que a opção pela vida sacerdotal abre as portas a uma vida plena. «Em todo o mundo se regista uma diminuição das vocações para a vida religiosa e sacerdotal. Antigamente as famílias tinham muitos filhos e pelo menos um procurava a vida religiosa e sacerdotal», recordou o padre Daniel. «O mais importante é as pessoas poderem perceber, no testemunho do padre ou da freira, que existe uma pessoa feliz, uma pessoa realizada, uma pessoa que não está a fugir de nada. Compreender que é possível ser todo de Deus, ser consagrado a Deus e ser feliz também. O que deve ser feito é, primeiramente, transmitir esse testemunho de fé. Por outro lado, é necessária, depois, uma proximidade da Igreja em relação aos jovens, seja nos colégios, seja nas pastorais. É necessário que as pessoas percebam que esta vocação é um chamamento de Deus e que pode ser um meio de alegria e de felicidade para cada um», concluiu.

Marco Carvalho

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