SÃO TOMÉ, APÓSTOLO

SÃO TOMÉ, APÓSTOLO, É CELEBRADO A 21 DE DEZEMBRO

O Padroeiro de São Tomé e Príncipe

A Igreja Católica em Macau junta-se à Igreja universal na celebração do apóstolo São Tomé, no próximo dia 21 de Dezembro, data a este santo associada.

São Tomé, ou Tomás, era judeu, pescador de profissão. Foi um dos seguidores de Jesus de Nazaré, que o terá tornado apóstolo no ano 31. É assinalado nos Evangelhos sinópticos (Mateus 10, 3; Marcos 3, 18; Lucas 6, 15) e nos Actos dos Apóstolos. O seu nome pode significar “gémeo”, a partir do Aramaico “Tau’ma” (תום), posteriormente traduzido para o Grego “Dídimo” (Didymus), o que leva a discordâncias quanto à sua identidade. Morreu, martirizado, próximo de Madras (actual Chenai, no Sul da Índia), cerca do ano 72, em Meliapore, onde jazem as suas relíquias.

Acorre a tradição de uma alegada visita de São Tomé à China, mencionada nos livros e nas tradições da igreja dos cristãos de São Tomé na Índia que, por sua vez, afirmam descender dos primeiros cristãos evangelizados pelo apóstolo Tomé, em 52 d.C. Por exemplo, é referido na balada “Malayalam Thomas Ramban Pattu” (“A Canção do Senhor Tomás”), cujo manuscrito mais antigo data do Século XVII. Algumas fontes referem a sua ida para a Índia, depois para a China e de novo para a Índia, onde morreu. Há também quem defenda uma sua incursão na actual Indonésia, com mercadores indianos, mas é incerta, como é a sua ida ao Paraguai…

São Tomé é conhecido pela sua incredulidade após a morte de Jesus, que apareceu aos discípulos no dia da Ressurreição para convencê-los de que realmente havia ressuscitado. Tomé, que estava ausente, recusou-se a acreditar: “Se eu não vir a marca dos pregos nas suas mãos e colocar o meu dedo nos buracos dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no Seu lado, eu não vou acreditar”. Oito dias depois, quando Jesus estava com os discípulos, voltou-se para Tomé e disse: “Põe aqui o teu dedo e olha para as minhas mãos: dá-me a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas crê”. Tomé caiu de joelhos e exclamou: “Meu Senhor e meu Deus!”. Jesus respondeu: “Tu acreditaste, Tomé, porque me viste. Bem-aventurados os que acreditarem sem terem visto”.

O Martirológio Romano, que reúne várias legendas e hagiografias (vidas de santos), afirma que São Tomé pregou o Evangelho aos Partos, Medos, Persas e Hircanianos (povos do Sul do Mar Cáspio), tendo depois rumado à Índia, onde foi martirizado em “Calamine”. Comemora-se a 3 de Julho a transferência das relíquias de São Tomé para Edessa, cidade histórica do Norte da Mesopotâmia (actualmente na Turquia). Em Malabar e em todas as igrejas de Rito Siro-Malabar, esta data é a Festa principal, já que o martírio ocorreu em 3 de Julho de 72. Todavia, até 1925, era festejado a 21 de Dezembro, o mesmo dia, em 1470, em que a ilha de São Tomé (parte do arquipélago de São Tomé e Príncipe) foi descoberta em 1470 por navegadores portugueses, João de Santarém e Pedro Escobar. Segundo a história, foi na zona de Anan Bó, a norte da ilha de São Tomé, nos arredores da roça Diogo Vaz, que os navegadores portugueses desembarcaram em 1470. Daí o dia do padroeiro da ilha, na vetus ordo(ordem antiga, no Missal Romano), ser 21 de Dezembro, o dia da Independência do País. Nesta data é celebrado também em várias localidades do País Basco, como São Sebastião, Bilbau, Mondragón e Azpeitia. É o padroeiro dos arquitectos, dos pedreiros e dos cegos.

Vítor Teixeira 

Universidade Fernando Pessoa

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