De pequenino se tempera o destino
As férias de Verão foram mais saborosas para as oito crianças e jovens que disputaram a primeira edição do concurso “Junior Top Chef Macau”. Os três finalistas cozinharam no final de Agosto uma vibrante refeição completa, para mais de meia centena de comensais.
O balcão faz lembrar os tapetes de flores das romarias portuguesas, mas no lugar de pétalas e de rosas em botão estão pratos com flocos de salada de todas as cores. Aconchegada lá no meio, uma tranche de salmão repousa numa cama cremosa de manteiga de vinho tinto. Pedro, treze anos, remata o prato com um crocante de cereais, numa dança pausada e minuciosa, sob o olhar próximo de sessenta comensais.
Pedro é um dos oito jovens cozinheiros para quem o Verão foi menos aborrecido e mais saboroso graças ao campo de férias culinário promovido, no restaurante Rio, por Wilson Chu, “chef” executivo da Doca dos Pescadores.
Ao longo de um mês, os oito participantes, com idades compreendidas entre os sete e os quinze anos, aprenderam técnicas culinárias, regras de higiene e até a melhorar as competências com a faca, num processo ensombrado – e encurtado – pela semana de incerteza a que Macau esteve sujeita devido ao Covid-19. «O projecto foi concebido para miúdos entre os sete e os quinze anos de idade. Mostraram que são muito estáveis, muito criativos e, alguns deles, mostraram também que são muito inovadores», considera Wilson Chu. «No início, o nosso objectivo era o de promover à volta de doze aulas no âmbito do curso para que pudessem aprender técnicas de culinária, competências com faca, regras de higiene, a manusear os ingredientes e esse tipo de coisas. Mas passámos por um período difícil por causa da pandemia e só conseguimos organizar sete aulas. Foi, no entanto, suficiente para que se familiarizassem com algumas técnicas, aprendessem a usar a faca e a cozinhar aperitivos, pratos principais e sobremesa. E aprenderam a fazer tudo por eles mesmos», acrescenta.
Com competências pedagógicas bem definidas, o curso apresentava ainda uma componente competitiva, com os três melhores jovens “chefs” – os vencedores foram Krista Pun, Alfred Chu e Pedro Durães – a terem de cozinhar para mais de meia centena de pessoas, num jantar com menu de gala. «Para a entrada temos o salmão “sous vide” com molho de vinho tinto e salada. Temos também galinha à caçador servida numa cama de batata e um tiramisu com bolacha e creme de café», ilustra Pedro Durães, enquanto aplica os últimos retoques a um prato. «O que levo desta iniciativa? Levo bastante experiência a preparar e ultimar os pratos. Também levo conhecimento para poder cozinhar para os meus pais e para os meus amigos e para a minha família em geral. Não tenho qualquer dúvida que ganhei muita experiência», sustenta o jovem cozinheiro.
A grande vencedora da primeira edição do “Junior Top Chef Macau”, Krista Pun, aprendeu a enfrentar a cozinha com mais paciência e com mais método, mas também a fazer frente aos seus maiores receios. «Aprendi a ser paciente, a tentar ser o mais organizada possível, a pensar antes de agir. Aprendi a observar, a acabar as coisas e a questionar quando tenho algumas dúvidas. Acho que agora sou mais cuidadosa e mais paciente», admite. «Ainda não sei dizer se quero ser uma “chef” profissional. Fiz isto para me divertir e não estava à espera de ganhar. Talvez quando crescer possa vir a ser uma “chef”. Ou talvez não. Quem sabe?», remata.
Marco Carvalho