Por que a Igreja é “hospital de campanha para os pecadores”?
Algumas pessoas confundem “ser católico” com “ser-se perfeito”. No entanto, Jesus ensinou-nos claramente: «Aqueles que se encontram bem não precisam de médico, mas sim aqueles que estão doentes. Eu não vim para falar dos justos, mas chamar os pecadores ao arrependimento (Lucas 5:31-32; Marcos 2:17)».
Nós tornamo-nos católicos porque sabemos que somos pecadores e não porque pensemos que somos santos. “Pelos sacramentos da iniciação cristã, o homem recebe a vida nova de Cristo. Ora, esta vida, nós trazemo-la ‘em vasos de barro’. Por enquanto, ela está ainda ‘oculta com Cristo em Deus’ (Cl., 3, 3). Vivemos ainda na ‘nossa morada terrena’, sujeita ao sofrimento à doença e à morte. A vida nova de filhos de Deus pode ser enfraquecida e até perdida pelo pecado” (Catecismo da Igreja Católica nº 1420).
É por isso que Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu dois Sacramentos que tornam possível fortalecer o que está fraco ou restaurar o que pode ter sido perdido. É esta a infinita misericórdia de Deus. O CIC ensina-nos, no ponto 1421: “O Senhor Jesus Cristo, médico das nossas almas e dos nossos corpos, que perdoou os pecados ao paralítico e lhe restituiu a saúde do corpo quis que a sua Igreja continuasse, com a força do Espírito Santo, a sua obra de cura e de salvação, mesmo para com os seus próprios membros. É esta a finalidade dos dois sacramentos de cura: o sacramento da Penitência e o da Unção dos enfermos”.
O Sacramento da Penitência foi instituído por Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do Baptismo, “para a conversão dos baptizados que pelo pecado d’Ele se afastaram” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 297).
O Baptismo perdoa o pecado original e todos os pecados pessoais. No entanto, uma pessoa baptizada continua a carregar as fraquezas causadas pelo pecado original. O próprio São Paulo exclamou: «Pois no íntimo da minha alma tenho prazer na Lei de Deus; contudo, vejo uma outra lei agindo nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha razão, tornando-me prisioneiro da lei do pecado que actua em todos os meus membros. Miserável ser humano que sou! Quem me libertará deste corpo de morte? (Romanos 7:22-24)».
São João, na sua Primeira Carta (1:8) escreveu: «Se declaramos que não temos pecado algum enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós». Mesmo nas nossas orações reconhecemos que pecamos. Por exemplo, cada vez que rezamos o Pai Nosso, dizemos: «Perdoai-nos as nossas ofensas (Lucas 11:4; Mateus 6:12)». E quando rezamos a Ave Maria, dizemos: «Rogai por nós pecadores…». Daí que o CCIC refira no ponto 299: “O apelo à conversão ressoa continuamente na vida dos baptizados. Esta conversão é um empenho contínuo para toda a Igreja, que é santa mas contém pecadores no seu seio”.
NÃO PODEMOS CONFESSAR-NOS DIRECTAMENTE A DEUS? POR QUE RAZÃO É PRECISO UM SACRAMENTO?Como explicámos em TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ nº 144, a razão para os Sacramentos é a razão pela qual Deus escolheu certos sinais e os estabeleceu como provas de que a graça está a ser concedida. O Sacramento da Penitência é a garantia visível de que os pecados de uma pessoa são perdoados. Se esta confessasse directamente a Deus, como saberia estar perdoada? Então Deus estabeleceu um tribunal visível na terra encarregue da Justiça e da Misericórdia divinas.
Quando é que Jesus instituiu este Sacramento? “O Senhor ressuscitado instituiu este sacramento quando, na tarde de Páscoa, se mostrou aos Apóstolos e lhes disse: «Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes serão retidos (Jo., 20, 22-23)»” (CCIC 298).
Nós, católicos, sabemos que somos pecadores. Acreditamos que a Igreja Católica tem os meios para perdoar os nossos pecados. Um católico fiel procura perdão e cura. Um católico fiel confessa-se.
Pe. José Mario Mandía