Voluntariado Português

900 “missionários” envolvidos em projectos

A Fundação Fé e Cooperação (FEC) dinamiza a Rede de Voluntariado Missionário, composta por 61 entidades, que este ano mobiliza 900 portugueses que concretizam projectos em diferentes áreas de acção e realidades, depois de um programa de formação comum.

«Constatamos uma diminuição em relação ao ano anterior do número de pessoas que parte em missão ad gentes. As razões podem ser variadas, mas uma delas prende-se com o facto de não termos os dados de todas as 61 entidades que integram a rede de voluntariado», explica Catarina António, da FEC.

Na mais recente edição do Semanário Ecclesia, a gestora de projectos comenta que a diminuição de candidatos pode estar relacionada com o «momento» que Portugal atravessa.

«Chega a ser cliché falar da crise económica, mas a verdade é que para partir é preciso meios financeiros. Os voluntários pagam as viagens e nem todos têm a capacidade de largar o que têm e investir num projecto ad gentes», desenvolve.

Dos 900 portugueses que estão envolvidos em acções missionárias este ano, 276 preparam-se para partir em missão e 624 voluntários vão participar em projectos em Portugal, com 44 entidades.

«São essencialmente actividades de animação sociocultural, trabalho pastoral, junto de jovens e crianças, também imigrantes e idosos» através de uma acção mais continuada, semanalmente, mensalmente.

Deste número a «grande maioria» são estudantes, entre os 18 e os 30 anos, outros aproveitam as férias e há ainda casos de quem deixe o emprego para partir em missão: «Registamos oito casos este ano em projecto de curta ou longa duração».

Catarina António não sabe se existem garantias que estes voluntários missionários vão recuperar o posto de trabalho quando regressarem mas destaca a entrega «à missão e a Deus», vão na «crença de que é uma experiência gratuita e que Deus providenciará».

Os países de destino são maioritariamente de língua e expressão portuguesa, como Moçambique, Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe, Brasil e Guiné-Bissau mas em 2015 a FEC registou a partida de voluntários para a Bolívia e Perú.

«Vão-se descobrindo novas necessidades, são projectos que estão em curso onde os voluntários se integram. Há um levantamento prévio que as organizações fazem e consoante as necessidades os voluntários são canalizados para essas atividades nessas missões», revela a gestora de projectos da Fundação Fé e Cooperação.

Segundo a entrevistada, as áreas de acção no terreno são «essencialmente» a educação e a formação, há ainda muito trabalho pastoral e «cada vez mais» existe a disponibilidade de pessoas da «área da saúde».

Quando partem os voluntários missionários inserem-se em projectos que já estão em curso porque «não faz sentido» que um projecto de 15 dias ou um mês seja «gerado um novo sem ser integrado numa realidade».

«São voluntários que vão integrados em grupos específicos que têm contacto com a realidade e que fazem o projecto tendo em conta as realidades locais».

A responsável, pela sua experiência pessoal, revela ainda que «concorda em pleno» com o «chavão» que os missionários recebem «muito mais» do que deram e voltam «transformados».

«Isso é transversal ao longo dos anos que a Rede acompanha esta realidade. Transformado não se limita a uma dimensão de uma nova experiência que teve, volta transformado no seu dia-a-dia nos gestos e momentos», conta Catarina António, que depois de um projecto de curta duração em Moçambique foi com a Juventude Hospitaleira para Timor-Leste, durante dois anos, e um para o Brasil.

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