Universidade de São José pondera manter as aulas “online”

Universidade de São José pondera manter as aulas “online”

APESAR DO GOVERNO TER AUTORIZADO AS UNIVERSIDADES A REABRIR NO DIA 1 DE ABRIL

As Universidades receberam luz verde do Governo para que os alunos possam regressar às salas de aula já a 1 de Abril, mas o mais provável é que o campus da Universidade de São José, na Ilha Verde, já não volte a receber aulas presenciais durante o corrente ano-lectivo. A razão? As restrições e as medidas de contingência impostas pelo Governo, mas também o sucesso das estratégias de ensino à distância adoptadas pela instituição de Ensino Superior.

A Universidade de São José vai continuar a apostar no ensino através da Internet a partir de 1 de Abril, ainda que o Governo já tenha autorizado o regresso dos alunos às salas de aula das instituições locais de Ensino Superior. A informação foi avançada a’O CLARIMpelo padre Peter Stilwell, que justifica a opção com os bons resultados alcançados pelas estratégias de ensino à distância adoptadas pela Universidade, mas também com o rigor das regras impostas pelo Executivo no sentido de garantir que o regresso dos alunos ao campus se faz em segurança.

A gestão de questões como a desinfecção de instalações e de equipamentos, o acesso ao campus e a criação de condições que garantam o distanciamento necessário entre os alunos dificulta o desígnio da normalização da vida académica, mas a razão pela qual a Universidade de São José poderá permanecer de portas entreabertas é outra.

O padre Peter Stilwell ficou tão agradado com a eficácia das medidas de ensino à distância adoptadas pela USJ que vai sugerir que permaneçam em vigor até ao final do corrente ano-lectivo. «Estou a preparar uma mensagem neste momento para a Universidade e, em princípio, o nosso conselho é que professores e faculdades continuem o seu trabalho “online”, porque tem sido excelente», adiantou o reitor da Universidade de São José. «Apesar do regresso às aulas já ser possível, há inúmeras restrições que se aplicam, como o acesso ao campus, a utilização das máscaras e a desinfecção das salas e dos equipamentos. Tudo isso torna mais difícil gerir a ocupação das salas; quando as turmas são grandes têm que ser divididas em duas, ou por vezes em três turmas, para que as pessoas estejam à distância de um metro. Tudo isso são necessidades que decorrem do regresso ao campus», acrescentou.

A Universidade de São José operou a transição de um ambiente quase que inteiramente analógico para salas de aulas digitais num período de apenas onze dias. Aconselhados a permanecer em casa, os alunos aderiram com entusiasmo aos novos métodos de ensino e os bons resultados alcançados levam agora o responsável pela instituição a sugerir que a USJ continue a funcionar quase que por inteiro em modo digital: «No dia 11 de Fevereiro tínhamos todos os nossos cursos a funcionar “online”, excepção feita aos que exigem a presença dos alunos, como é o caso do trabalho de laboratório ou do trabalho com máquinas que é efectuado nas instalações da Universidade. A reacção geral que eu recebo, através dos coordenadores e destas sondagens, é que os alunos estão a trabalhar mais agora do que estavam a trabalhar em sala de aula. O trabalho “online” tem sido muito mais eficaz».

Apesar de bem sucedido, o processo de adopção das estratégias de ensino à distância terá necessariamente que suscitar uma nova abordagem à forma como os alunos são avaliados. Com novos critérios de trabalho e acompanhamento à distância surgem também desafios em termos de avaliação, e essa é precisamente a questão que os responsáveis pelos Universidade de São José se encontram a discutir. «Está um documento em fase de preparação que aborda precisamente a questão da avaliação. Estamos a perguntar aos professores sobre a forma como estão a avaliar os alunos e o que pensam fazer quando terminarem os módulos; se tencionam conduzir uma avaliação geral. É através desta consulta que vamos procurar entender como é que se deve fazer a avaliação do ensino “online”», explicou o sacerdote.

Segundo ele, «estes métodos novos permitem uma avaliação contínua que é impossível fazer em sala de aula. Este processo é bem mais interactivo».

À semelhança de qualquer grande crise, o surto epidémico do novo coronavírus ajudou a revelar o melhor das pessoas, num processo que – considera o padre Stilwell – ajudou a fortalecer a instituição. O dirigente elogiou o espírito de resposta de professores e funcionários – os verdadeiros obreiros de uma dinâmica que ajudou a USJ a passar quase ilesa por um período de grande incerteza. «Deu-me muita satisfação ver como a Universidade toda funcionou como uma equipa alargada» sublinhou, concluindo de seguida: «A resposta a esta situação não foi algo telecomandado pelo chefe ou pelo reitor: juntámo-nos todos, equacionámos uma estratégia. Descentralizadas cada faculdade e cada unidade, cada gabinete assumiu as suas responsabilidades; andámos para a frente e temos uma Universidade a funcionar, eu diria a cem por cento. Para alguns, a cento e dez por cento porque o trabalho requer muito mais esforço por parte dos professores».

 

Seis responderam a oferta solidária da USJ

Em meados de Fevereiro, a Universidade de São José ofereceu-se para ajudar os alunos de Macau que estudam nas Universidades taiwanesas e que se viram impossibilitados de regressar, depois das autoridades da Formosa terem anunciado a suspensão da entrada de residentes de Hong Kong e Macau. A instituição de ensino prontificou-se a prestar assistência aos alunos afectados, tendo pelo menos seis manifestado interesse na oferta formulada pela USJ, disse a’O CLARIM o reitor da universidade católica no território. «Fomos contactados por seis alunos. Foi esta a estatística na altura e não sei exactamente a evolução posterior», começou por explicar o padre Peter Stilwell.

«Houve também um outro grupo, dos alunos de Macau que estudam nas Universidades de Pequim, que também nos pediu ajuda. Também nos disponibilizámos para os inscrever como leitores da nossa biblioteca, permitindo que eles tenham acesso “online” aos recursos da nossa biblioteca. Nada disso implica vir ao campus, mas é necessário um código, um endereço de e-mail que possa ser reconhecido para que os recursos possam ser utilizados. Temos feito o que podemos, como pequena Universidade que somos», frisou.

Marco Carvalho

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