Existência de Deus em ciclo de palestras
Podemos saber ao certo se Deus existe? Que provas há da sua existência? É a esta e a outras questões que a Universidade de São José quer dar resposta por meio da organização de um ciclo de conferências, que pretende explorar a existência de Deus a partir da epistemologia reformada. A primeira palestra decorre já na próxima semana e tem Tyler McNabb como orador.
A Faculdade de Estudos Religiosos e Filosofia da Universidade de São José (USJ) vai promover na próxima quinta-feira, 24 de Fevereiro, a primeira de uma série de palestras sobre a existência de Deus. A iniciativa, intitulada “Podemos saber se Deus existe?”, tem como orador Tyler McNabb, professor associado de Filosofia na universidade católica do território.
Com um foco particular no pensamento de Alvin Plantinga, o académico norte-americano argumenta que a crença religiosa pode ser racional e justificada, e existe para além da argumentação e do raciocínio propriamente dito. «Vou argumentar na conferência, no encalço de Alvin Plantinga, que podemos saber que Deus existe para além da projecção de argumentos bem-sucedidos sobre o teísmo, embora defenda que existem bons argumentos para o teísmo», explica Tyler McNabb, em declarações a’O CLARIM. «A história que tenciono contar para tornar esta posição plausível está relacionada com a existência de faculdades cognitivas funcionais que estão direccionadas para a produção imediata de uma crença teística», revela o docente.
Tyler McNabb lamenta que se tenha criado a percepção de que a religião – nomeadamente o Cristianismo – e a ciência constituam realidades antagónicas. O académico defende que o conhecimento científico e uma melhor compreensão dos fenómenos que governam a vida e o universo não excluem a existência de Deus: «É consistente, em termos lógicos, pensar que Deus possa ter utilizado a selecção natural para criar o Homem».
Neste âmbito, Tyler McNabb vai procurar desarticular a aparente contradição entre a fé e a ciência cognitiva. Para ele, mais do que uma faculdade adquirida ou de que uma construção social, a crença religiosa é um subproduto evolutivo que a Humanidade carrega nos genes. «Se quisermos olhar para um potencial conflito, devemos olhar para a religião sob o prisma das ciências cognitivas. Talvez não seja surpresa nenhuma perceber que o paradigma reinante neste campo é o de que a crença religiosa é uma adaptação evolucionária. Os humanos acreditam muito naturalmente no supernatural. Na minha palestra, vou abordar a forma como a crença religiosa encaixa bem com a forma como a religião é vista sob o prisma das ciências cognitivas», remata o orador.
M.C.