Jim Caviezel aponta o Céu como “Hall da Fama”
Jim Caviezel não foi apenas o actor que desempenhou o papel de Jesus no filme “A Paixão de Cristo” (2004), do realizador Mel Gibson. Tendo-se confrontado com a sua pequenez perante Cristo, tentou com o Seu auxílio encarnar o melhor que conseguiu a figura e presença do Salvador na obra cinematográfica. Um compromisso que nasceu da sua fé e sentido de missão e responsabilidade de levar Jesus aos homens. São diversas as palestras e entrevistas que deu após o filme. Deixamos aqui um pouco do seu testemunho, que tem corrido o mundo.
Jim Caviezel é casado e tem dois filhos, adoptados na China. O actor e a esposa são do Estado de Washington. Jim recorda o episódio de como surgiu o convite para ser Cristo no filme “A Paixão de Cristo”. Um dia encontrou-se com Steve McAveeney e quarenta minutos depois Mel Gibson apareceu. Jim refere que tinham ligado para o seu agente, mas não queriam que ele soubesse que era um filme sobre a Paixão de Jesus. «Então enviaram-me um roteiro chamado Mavericks, uma competição de surf, que consideravam fazer. O guião não era muito bom e eu disse-lhes isso», conta Jim. O actor diz que usaram o filme de surf como “fachada”; Mel começou a falar-lhe sobre Jesus e Jim começou a visualizar Jesus numa prancha de surf…: «bem, Ele andou sobre as águas, mas Ele não surfou». Jim interpelou: «você quer que eu interprete Jesus?». O realizador respondeu: «Sim!». No dia seguinte, Caviezel recorda que Mel Gibson ligou-lhe para casa e tentou convencê-lo do contrário; e ocorreu-lhe: «compromete-se com Cristo e o diabo aparece». Jim confronta-se com o pensamento de que não era bom o suficiente para fazer parte do filme. Do outro lado escutou: «se entrar neste filme, talvez nunca mais trabalhe nesta cidade. Eu não quero ser responsável por isso». A fé do actor, naquele momento, colocou-o perante a realidade da sua existência – o seu talento vinha de Deus, não dos homens. Então retorquiu: «olhe, todos nós somos chamados a carregar a nossa própria cruz. Se não a pegar e carregar, será esmagado pelo seu peso». Mel ficou em silêncio ao telefone, lembra Jim, que entretanto rematou em sobressalto: «oh, que coisa! Acabei de perceber que as minhas iniciais são JC e tenho 33 anos!». De pronto, reagiu Mel Gibson: «meu Deus, você assustou-me» e desligou o telefone.
O actor viu-se envolto num pensamento: se iria participar no filme, não queria fazer a Paixão da mediocridade, ou algo que fosse um pouco pagão. Ao surgir-lhe a imagem do momento em que Jesus é preso e condenado, Jim comoveu-se: «todos nós somos responsáveis, porque Cristo morreu pelos nossos pecados. Toda a humanidade O traiu».
Caviezel assumiu a pessoa de Jesus e desejou que O vissem através dele. Durante as filmagens confessa ter estado sempre numa profunda escuridão e em constante meditação e oração: «eu queria reflectir Cristo!».
A PAIXÃO À LUZ DE MARIA SANTÍSSIMA
Jim Caviezel nutre um amor profundo por Nossa Senhora. Segundo ele, sentiu a “explosão” desse amor a Maria Santíssima após uma peregrinação que fez a Medjugorje: «a sua mão tem guiado a minha vida e a minha carreira de maneiras incríveis e, às vezes, surpreendentes».
Ao filmar “A Paixão de Cristo”, o actor aproximou-se ainda mais de Nossa Senhora: «quanto mais se experimenta a Paixão de Jesus, mais se entende a compaixão de Maria – a ligação entre ambos. Qual a mãe que não sofre quando o Seu filho sofre?».
Ao longo das filmagens, Jim passou por momentos de grande sofrimento e até correu risco de vida. O actor enumera alguns dos momentos dramáticos que viveu – os guardas bateram-lhe com chicotes que o atingiram com violência. No caminho para o Calvário, Jim diz ter caído de joelhos, largando a cruz, e enterrado a cabeça na areia (esta filmagem permanece no filme). Já na cruz, recorda: «o meu braço estava preso sob a viga pesada, quando alguém puxou o topo da cruz na outra direcção, os meus músculos contraíram-se e o ombro deslocou-se». Pendurado na cruz – era Novembro em Matera (Itália) e estava um frio de congelar os ossos, lembra o actor, acrescentando: «e eu estou lá em cima, numa ravina, apenas com látex e uma “tanga”. Na cruz, não é a perda de sangue que mata, é a perda de oxigénio, asfixia-se. Estava ofegante e as minhas pernas a ficarem dormentes. E então, adivinhem: hipotermia! Para aumentar a minha temperatura, trouxeram aquecedores a gás. Quando os colocaram mais perto, os dedos dos pés começaram a fritar e o látex começou a derreter». Tudo isto se deu antes de ter sido atingido por um raio. As pessoas presentes dizem ter visto uma luz ao redor do seu corpo e um fogo nos lados direito e esquerdo da sua cabeça. Jim desenvolve: «por um momento, olhei para mim fora do meu corpo. Fui atingido por um raio… Mas ofereci todo o sofrimento, em união com Jesus e Maria, pelo sucesso do filme, para que levasse almas a Cristo». Naquele instante, revela que estava pronto para ir para a casa do Pai: «pode levar-me. Eu sabia que se morresse durante as filmagens, muitas pessoas seriam salvas».
Quando Maria percorre a Via-Sacra com Jesus, fica em frente a Satanás. Para Jim, ela é a sua oponente: o papel de Maria com Jesus para “esmagar a cabeça de Satanás” é poderosamente dramatizado no filme. No Calvário, lembra o actor, o Redentor moribundo dá a Sua própria mãe, para tornar-se a Mãe Espiritual de Todos os Povos, quando diz na cruz: «Eis a tua Mãe», citando as escrituras (João, 19:27).
Com orgulho cristão, Caviezel afirma: «nesta era caótica e confusa, precisamos da verdade. Irmãos e irmãs, sede fiéis, clamai à vossa Mãe, rezai o Rosário pela paz no mundo! Adorem Jesus Cristo na Eucaristia e o Céu responderá!». E sublinha que este caminho não será fácil para os religiosos e leigos que o aceitam e assim lutam para cumprir a vontade de Deus. A partir do Evangelho e do credo pessoal de Madre Teresa, Jim confessa nutrir este sentimento: «abençoados quando vos odiarem… quando vos excluírem e insultarem… e rejeitarem o vosso nome por causa do Filho do Homem. Em última análise, é entre vós e Deus… nunca foi entre vós e eles». Recorrendo a uma analogia, conclui com emoção: «o vosso nome pode não aparecer aqui no “Hall da Fama” deste mundo. Na verdade, vocês podem ser tão desconhecidos que ninguém sabe o vosso nome; o óscar e o elogio dos homens podem nunca chegar-lhes. Mas não se esqueçam, Deus tem prémios que vai distribuir um dia. A multidão aqui na terra logo vos esquecerá quando não estiverem no topo; Deus não. Ele nunca se esquece. No Seu “Hall da Fama”, por apenas crerem no Seu Filho, para sempre ali estará o vosso nome». «Digo-vos amigos – complementa Jim Caviezel –eu não trocaria o meu nome por menor que seja. Ele está escrito além das estrelas, naquele “Hall Celestial”. Por todos os nomes famosos na terra ou glória que eles compartilham, eu prefiro ser um desconhecido aqui e ter o meu nome lá em cima. Deus vos abençoe!».
Miguel Augusto