TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (59)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (59)

Por que o Verbo se tornou carne?

O número 85 do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) pergunta: Porque é que o Filho de Deus se fez homem? Depois oferece-nos quatro razões, resumindo os pontos 457-460 do Catecismo da Igreja Católica: “O Filho de Deus encarnou no seio da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo, por causa de nós homens e para nossa salvação, ou seja: para nos reconciliar a nós pecadores com Deus; para nos fazer conhecer o seu amor infinito; para ser o nosso modelo de santidade; para nos tornar «participantes da natureza divina» (II Pedro 1:4)”.

  1. Jesus é o Mediador, aquele que nos reconcilia com Deus. Os nossos primeiros pais, como o filho pródigo no Evangelho (Lucas 15:10-32), deixaram de livre vontade a casa do Pai. Mas a misericórdia de Deus é maior que o nosso orgulho, e assim sendo Ele elaborou um plano para nos reabilitar e levar-nos de volta a casa. Este plano necessitava de um mediador, e não podia haver melhor mediador que o próprio Jesus Cristo. Porquê?

Um bom mediador deve ser capaz de representar ambas as partes. Jesus é Deus Perfeito, e assim pode falar e agir em nome de Deus. Jesus é Homem Perfeito, e assim pode falar e agir em nome do Homem. Ele é o mensageiro, o intermediário ideal. «Porque existe um Deus, e há um mediador entre Deus e o homem, o homem Cristo Jesus, que se entregou Ele próprio como refém de todos, o testemunho de que nasceu no seu devido tempo(I Timóteo 2:5-6)».

  1. O Catecismo da Igreja Católica ensina-nos que Jesus nos revela o amor de Deus por todos nós. E podemos acrescentar: Ele é a personificação perfeita da infinita justiça e da infinita misericórdia de Deus.

Provavelmente estaremos confusos pela afirmação de que Deus é tanto infinitamente justo como infinitamente misericordioso. Os dois atributos não parecem serem compatíveis. Se é justo, o agressor necessita ser punido. Se é misericordioso, então terá que poupar o agressor do seu castigo. A resposta a este enigma é Jesus Cristo. Porquê?

Deus é infinitamente justo, pelo que determina que o Homem deve ser punido. E o Homem será de facto punido, representado pelo Homem Perfeito – Jesus Cristo. A força da Justiça Divina é desencadeada pela Sua Humanidade Sagrada.

Deus é infinitamente misericordioso. Ao punir o Homem Jesus, Ele poupa o resto da Humanidade do castigo pelos seus pecados.

«Mas, de facto, ele foi trespassado por causa das nossas próprias culpas e transgressões, foi esmagado por conta das nossas iniquidades; o castigo que nos propiciou a paz caiu sobre ele, e mediante as suas feridas fomos curados. Na realidade, todos nós, tal como ovelhas perdidas, andámos errantes; cada ser humano tomou o seu próprio caminho; e Yahweh fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós(Isaías 53:5-6)».

  1. Para ser o nosso Modelo de Santidade. Deus, o Pai, deseja que todos sejamos novamente crianças, mas necessitamos de alguém que possa dar o exemplo de como sermos crianças. Jesus Cristo tornou-se homem com um corpo e uma alma, à semelhança de todos nós. Ao ter um corpo foi possível Vê-lo e Ouvi-lo. Jesus é o modelo visível de como nos devemos comportar enquanto fiéis crianças de Deus, como crianças amadas por Deus. «E uma voz veio das nuvens, dizendo: “Este é o meu Filho, a minha escolha; escutem-no” (Lucas 9:35)».
  2. Para nos fazer partilhar da Natureza Divina, Jesus partilhou a nossa natureza humana – o nosso corpo, alma, intelecto, liberdade e sentimentos. «Fez-nos participantes da Natureza Divina(II Pedro1:4)».

O Catecismo da Igreja Católica nº 460 refere: “O Verbo fez-Se carne, para nos tornar «participantes da natureza divina» (II Pedro 1, 4): ‘Pois foi por essa razão que o Verbo Se fez homem, e o Filho de Deus Se fez Filho do Homem: foi para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo assim a adopção divina, se tornasse filho de Deus’ (Santo Ireneo de Lião, Adversus haereses). ‘Porque o Filho de Deus fez-Se homem, para nos fazer deuses’ (Santo Atanasio, De Incarnatione). ‘Unigenitus […] Dei Filias, suae divinitatis volens nos esse participes, naturam nostram assumpsit, ut homines deos faceret factos homo – O Filho Unigénito de Deus, querendo que fôssemos participantes da sua divindade, assumiu a nossa natureza para que, feito homem, fizesse os homens deuses’ (Santo Atanasio, De Incarnatione)”.

Pelos Sacramentos do Baptismo e da Confissão, Jesus Cristo devolve-nos os privilégios que os nossos primeiros pais recusaram.

Pe. José Mario Mandía

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