TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (57)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (57)

Há alguma diferença entre o Jesus Histórico e o Cristo da Fé?

A história da queda dos nossos primeiros pais é uma má notícia. Mas Deus nunca deixara que o Mal triunfasse sobre o Bem. De imediato, Ele prometeu remediar o mal causado pelos nossos primeiros pais: a rejeição da Sua oferta de felicidade eterna. Imediatamente após as más notícias vieram as boas notícias. Quando o homem rejeitou o Plano A, Deus propôs o Plano B.

Em Génesis 3:15, Deus falou à serpente: «Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o descendente dela; porquanto, este te ferirá a cabeça, e tu lhe picarás o calcanhar». São Paulo, na Carta aos Gálatas, fala-nos da realização desta promessa de Jesus Cristo: «Mas quando chegar a hora, Deus enviará o Seu Filho, nascido de uma mulher, nascido de acordo com a lei, para redimir os que estiverem de acordo com a lei, de forma que sejam adoptados como filhos». Os cristãos crêem que essa mulher seja Maria, da qual nasceu Jesus Cristo num tempo específico da história (Lucas 2:1-20).

No entanto, em 1892, Martin Kähler falou de duas diferentes pessoas: o “Jesus da História” e o “Jesus da Fé”. Para ele, o Jesus da História teria sido apenas um homem comum, como todos os outros; marcante nas suas acções e ensinamentos, mas nada mais do que isso. Morreu há muitos anos, é um homem do passado. É pois diferente do “Cristo da Fé”. O Cristo da Fé nasceu das crenças e sentimentos dos cristãos. O Cristo da Fé fazia milagres e muitas profecias. É este Jesus que vive no meio dos cristãos. Mas todas as coisas que o Cristo da Fé (supostamente) fez, são na realidade histórias que a imaginação dos cristãos inventou ao longo dos séculos. Ele nada tem a ver com o Jesus da História.

Contudo, na Carta aos Hebreus, São Paulo afirma: «Jesus Cristo é o mesmo de ontem, de hoje e de amanhã». Devemos assim reafirmar a convicção de que o Cristo da Fé é a mesma pessoa que o Jesus da História.

O Catecismo da Igreja Católica (nº 423) diz-nos: “Nós cremos e confessamos que Jesus de Nazaré, judeu nascido duma filha de Israel, em Belém, no tempo do rei Herodes o Grande e do imperador César Augusto, carpinteiro de profissão, morto crucificado em Jerusalém sob o procurador Pôncio Pilatos no reinado do imperador Tibério, é o Filho eterno de Deus feito homem; que Ele «saiu de Deus» (Jo., 13, 3), «desceu do céu» (Jo., 3, 13; 6, 33) e «veio na carne» (Jo., 4:2), porque «o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade. Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos, graça sobre graça» (Jo., 1, 14, 16)”.

A nossa fé foca-se em Jesus Cristo. Como os Papas já o afirmaram repetidamente, a nossa religião não é uma religião de livro. No ponto nº 426, o Catecismo da Igreja Católica explica-o: “No coração da catequese, encontramos essencialmente uma Pessoa: Jesus de Nazaré, Filho único do Pai, que sofreu e morreu por nós e que agora, ressuscitado, vive connosco para sempre. Catequizar é revelar, na Pessoa de Cristo, todo o desígnio eterno de Deus. É procurar compreender o significado dos gestos e das palavras de Cristo e dos sinais por Ele realizados” (João Paulo II). O fim da catequese é “pôr em comunhão com Jesus Cristo: somente Ele pode levar ao amor do Pai, no Espírito, e fazer-nos participar na vida da Santíssima Trindade” (João Paulo II).

Pe. José Mario Mandía

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