TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (44)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (44)

O que diferencia entre si o Pai, o Filho e o Espírito Santo?

DUAS PROCESSÕES CONDUZEM A QUATRO RELAÇÕES– Estudámos como o Filho procede do Pai e como o Espírito Santo procede de ambos – do Pai e do Filho. Podemos perguntar: Então, de que modo há três Pessoas, diferentes umas das outras?

Para respondermos a esta questão é importante relembrar o que foi dito em TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ, nº 42, sobre os termos filosóficos que a Teologia adoptou de forma a ajudar-nos a aprofundar a nossa compreensão sobre a fé. Deixem-nos citar uma vez mais o Catecismo da Igreja Católica (252): “A Igreja utiliza o termo ‘substância’ (às vezes também traduzido por ‘essência’ ou ‘natureza’) para designar o ser divino na sua unidade; o termo ‘pessoa’ ou ‘hipóstase’ para designar o Pai, o Filho e o Espírito Santo na distinção real entre Si; e o termo ‘relação’ para designar o facto de que a sua distinção reside na referência recíproca de uns aos outros”.

Há duas processões em Deus, a do conhecimento e a do amor. A Sagrada Teologia usa os termos “geração” e “espiração”. Ambos os termos foram inspirados pelas Escrituras. A geração é a processão do Filho pelo Pai: o Pai gerou o Filho. A espiração é a processão do Espírito Santo do Pai e do Filho. E por que se designa “espiração”? Na Bíblia, o Espírito Santo é referido como “ruah/ruach” (Hebreu para “respiração”): Ruach Elohim (Espírito de Deus), Ruach YHWH (Espírito de Yahweh), Ruach Hakmah (Espírito de Sabedoria). Em Latim, ruah/ruach traduz-se “spiritus” (“espírito” em Português). É por isso que a processão do Espírito Santo é denominada “spiratio” (“espiração”).

Das duas processões (geração e espiração) surgem quatro relações: Pai (paternidade), filho (filiação), espiração activa e espiração passiva. A partir da geração surgem as relações de paternidade e filiação. A partir da espiração surgem os relacionamentos de espiração activa (São Tomás de Aquino chama-lhe simplesmente “espiração”) e de espiração passiva (Aquino chama-lhe “processão”). Examinemos estas quatro relações:

1– Paternidade: distingue o Pai de ambos – do Filho e do Espírito Santo;

2– Filiação: distingue o Filho, tanto do Pai como do Espírito Santo;

3– Espiração Passiva: distingue o Espírito Santo do Pai e do Filho. Estes três relacionamentos são “relações opostas”;

4– Espiração Activa: distingue tanto o Pai como o Filho do Espírito Santo, mas não distingue o Pai do Filho.

DE ENTRE OS QUATRO RELACIONAMENTOS, APENAS TRÊS SÃO RELAÇÕES OPOSTAS– Apenas três das quatro relações são opostas: Paternidade, Filiação e Espiração Passiva. Há tantas Pessoas em Deus como relações opostas. As relações opostas são o que distingue a Pessoa de cada uma das outras.

Neste âmbito, o Catecismo da Igreja Católica (255) refere: “As pessoas divinas são relativas umas às outras. Uma vez que não divide a unidade divina, a distinção real das pessoas entre Si reside unicamente nas relações que as referenciam umas às outras: ‘Nos nomes relativos das pessoas, o Pai é referido ao Filho, o Filho ao Pai, o Espírito Santo a ambos. Quando falamos destas três pessoas, considerando as relações respectivas, cremos, todavia, numa só natureza ou substância’. Com efeito, ‘n’Eles tudo é um, onde não há a oposição da relação’. ‘Por causa desta unidade, o Pai está todo no Filho e todo no Espírito Santo: o Filho está todo no Pai e todo no Espírito Santo: o Espírito Santo está todo no Pai e todo no Filho’”.

Pe. José Mario Mandía

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