TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (37)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (37)

Que tipo de pai é Deus?

Até agora falámos sobre os atributos divinos que o nosso raciocínio pode descobrir. No entanto, Deus excede a nossa razão e existem coisas importantes sobre Ele próprio que tem que nos revelar se o quisermos conhecer. Uma delas é a Sua Paternidade.

No Antigo Testamento, o amor de Deus pelas Suas criaturas foi comparado aos cuidados maternais: «Mas Sião diz: O Senhor me desamparou, o meu Senhor esqueceu-se de mim. Pode uma mulher esquecer-se do filho que amamenta, de maneira que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim(Isaías 49:14-16)».

Nos escritos de Jeremias encontra-se uma passagem comovente que descreve o carinho paternal de Deus para com os Homens: «Pois eu bem sei os planos que penso para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança. Então me invocareis, ireis e orareis a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis, e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. E serei achado de vós, diz o Senhor, e farei voltar os vossos cativos, e congregarvos-ei de todas as nações, e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor; e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos transportei(Jeremias 29:11-14)».

Quando nos referimos ao Novo Testamento, Jesus revela-nos que Deus é o nosso Pai, e que é assim que nos devemos dirigir a Ele: «Portanto, orai deste modo: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o vosso nome(Mateus 6:9)».

Ao ensinar-nos esta oração, Jesus ensina-nos outro facto importante: “Deste modo, pela oração do Senhor, nós somos revelados a nós próprios, ao mesmo tempo que nos é revelado o Pai” (Catecismo da Igreja Católica nº 2783). Este facto diz-nos que não somos meras criaturas, mas filhos de Deus: “Nós podemos adorar o Pai porque Ele nos fez renascer para a sua vida adoptando-nos por seus filhos no seu Filho Único: pelo Baptismo, incorpora-nos no corpo do seu Cristo; e pela Unção do seu Espírito, que da Cabeça se derrama pelos membros, faz de nós ‘cristos’” (CIC nº 2782).

E que tipo de pai é Ele? É totalmente sensato e omnisciente; é todo bondade; é todo amor; e é todo poderoso.

1– «Ele sabe tudo sobre cada um de nós: porque Deus, o vosso Pai, sabe tudo de que tendes necessidade, antes mesmo que lho peçais(Mateus 6:8)». «Não se costuma vender cinco pardais por duas pequenas moedas? Entretanto, nenhum deles deixa de receber o cuidado de Deus. Portanto, até os fios de cabelo da vossa cabeça estão todos contados. Não temais! Valeis muito mais do que milhares de pardais. Testemunha a tua fé ao mundo (Lucas 12:6-7)». Assim, quando Ele planeia algo para nós, prevê tudo; não descura um simples detalhe. O que temos que fazer é perguntar-Lhe todos os dias quais os Seus planos.

2– O Seu transbordar de bondade e amor apenas quer o melhor para nós, tal como qualquer pai ou mãe na terra quer o melhor para a suas crianças. «Assim, se vós, sendo maus, sabeis dar bons presentes aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará o que é bom aos que lhe pedirem! (Mateus 7:11)». Então o que fazer? «Atire todas as suas ansiedades para Ele, porque Ele preocupa-se consigo(I Pedro 5:7)».

3– O Seu poder infinito garante que, seja o que for que Ele tenha planeado será completado, se nós o aceitarmos livremente e participarmos nos Seus planos. A oração mais poderosa é: «Seja feita a Sua vontade(Mateus 6:10)».

“Este dom gratuito da adopção exige da nossa parte uma conversão contínua e uma vida nova. Orar ao nosso Pai deve desenvolver em nós duas disposições fundamentais: O desejo e a vontade de nos parecermos com Ele. Criados à sua imagem, é pela graça que a semelhança nos é restituída e a ela devemos corresponder. ‘Devemos lembrar-nos de que, quando chamamos a Deus «Pai nosso», temos de nos comportar como filhos de Deus’ (São Cipriano). ‘Vós não podeis chamar vosso Pai ao Deus de toda a bondade se conservardes um coração cruel e desumano; porque, nesse caso, já não tendes a marca da bondade do Pai celeste’ (São João Crisóstomo). ‘Devemos contemplar incessantemente a beleza do Pai e impregnar dela a nossa alma’ (São Gregório de Nissa)” (Catecismo da Igreja Católica nº 2784).

Segundo, “um coração humilde e confiante que nos faça «voltar ao estado de crianças(Mateus 18:3)»: porque é aos «pequeninos» que o Pai Se revela (Mateus 11:25)” (CIC nº 2785).

Pe. José Mario Mandía

 

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