Preciso de Religião?
A apologética, como já vimos, esforça-se por utilizar o raciocínio (a razão), por forma a encontrar resposta para três questões principais:
1– Por que devo professar uma qualquer religião? (demonstração religiosa).
2– Por que devo ser cristão? (demonstração cristã).
3– Por que devo ser católico? (demonstração católica).
A primeira destas questões pode ainda ser subdividida em três:
1.1– Eu tenho uma alma?
1.2– Existe um Deus?
1.3– Preciso de uma religião?
Estas três premissas estão relacionadas umas com as outras. A religião explica o relacionamento entre o Homem (corpo e alma) e Deus. Assim, sem um ou outro não poderia existir religião. Já falamos sobre a alma em FILOSOFIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (FIL-UDCV), nº 28. Para além disso, falámos sobre a existência de Deus e os seus atributos (FIL-UDCV, nos 76 e 77).
Falámos também – FIL-UDCV, nº 76 – sobre o facto de seres humanos de todos os lados, de todas as culturas e épocas professaram algum tipo de crença religiosa. Este fenómeno existe porque o ser humano possui um intelecto e vontade, que estão abertos até ao infinito: o intelecto está sempre à procura de uma verdade maior e em busca de um bem maior. Tal acontecerá apenas quando o homem alcançar a Verdade infinita e obtiver o Bem infinito. Então sentir-se-á satisfeito e feliz. São Tomás observa que “desejar a felicidade não é mais do que desejar que a pessoa se sinta satisfeita”. Mas na terra nada é ilimitado, nada é infinito; nada na terra pode satisfazer o desejo do Homem – ele terá que olhar para além do nosso frágil mundo.
Já vimos que Verdade infinita e o Bem infinito é Deus (FIL-UDCV, nos 78-80). “Apenas em Deus [o Homem] encontra a verdade e a felicidade que nunca cessa de procurar” (Catecismo da Igreja Católica, 27). A questão é como chegar até Deus. E esta é a questão a que a religião tenta responder.
Podemos definir “religião” como um conjunto de (1) verdades, sobre Deus, o homem e a terra; (2) preceitos, ensinamentos sobre como o homem se deve comportar em relação a Deus, os outros homens e o mundo – o que pode descobrir à luz natural da razão –; e (3) rituais ou cerimónias pelas quais reza a Deus.
Podemos resumi-los nestas três palavras: (1) credo, (2) código e (3) culto (FIL-UDCV, nº 76). Se considerarmos cuidadosamente estes três elementos, descobriremos que são dirigidos respectivamente (1) ao intelecto humano, (2) à sua vontade e (3) às suas acções (aos seus actos).
Se falarmos sobre a Religião Católica em particular, encontraremos resposta para as perguntas básicas da vida: O que somos? Porque existimos? De onde viemos? Para onde vamos e como lá chegaremos?
Uma vez, um jovem estudante que não professava qualquer religião perguntou: «– Qual a diferença entre ter fé e não ter?».
«– Muita diferença», respondi. «– Se alguém tiver fé – estou a referir-me em particular à Fé Católica – a pessoa fica a saber o que lhe acontece quando morre. Descobre que há dois cenários possíveis: um é de felicidade infinita e ilimitada, o outro é de frustração sem fim, tristeza e raiva – raiva de si mesmo, raiva dos outros, raiva de Deus» (podemos descobri-lo no Credo).
«– Além disso», continuei, «esta fé diz-nos que podemos escolher livremente um ou outro cenário, e – se escolhermos a felicidade – ainda nos diz onde a encontrarmos e fornece-nos um roteiro» (é o que aprendemos com os Mandamentos).
«– Acima de tudo, também te fornece os meios para obteres sucesso» (é para o que servem os Sacramentos e a Oração).
«– Então, há ou não uma diferença entre ter religião ou não ter? O que é que pensas?».
Pe. José Mario Mandía