Quais são a segunda e terceira petições da Oração do Pai Nosso?
SEGUNDA PETIÇÃO: VENHA O TEU REINO –“Este pedido é o grito do Espírito e da Esposa: «Vem Senhor Jesus» (Ap., 22, 20)” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 590). Tal lembra-nos a vida presente e a vida após a morte.
Na vida presente, o reino de Deus é o Seu reinado nos nossos corações através da graça santificadora. “A Igreja reza, também, para que o Reino de Deus cresça, já hoje, graças à santificação dos homens no Espírito e graças ao seu empenho ao serviço da justiça e da paz, segundo as Bem-aventuranças” (CCIC nº 590).
Na vida após a morte, Deus nos acolherá na Sua glória. “A Igreja pede a vinda final do Reino de Deus mediante o regresso de Cristo na glória” (CCIC nº 590).
Em “Jesus de Nazaré – Do Baptismo no Jordão à Transfiguração”, o Papa Bento XVI explica o que é exigido para que Deus reine:
“A primeira e essencial condição é haver um coração atento, para que Deus, e não nós, reine. O Reino de Deus vem por meio de um coração que escuta. Esse é o seu caminho. E é por isso que devemos rezar continuamente (…). O encontro com Cristo torna esta petição ainda mais profunda e concreta. Vimos que Jesus é o Reino de Deus em pessoa. O Reino de Deus está presente onde quer que Ele esteja presente. Da mesma forma, o pedido de um coração que escuta torna-se um pedido de comunhão com Jesus Cristo, o pedido para que nos tornemos cada vez mais ‘um’ com ele (Gálatas 3, 28). O que se pede nesta petição é verdadeiramente seguir a Cristo, que se torna comunhão com Ele e nos torna um só corpo com Ele (…). Rezar pelo Reino de Deus é dizer a Jesus: Sejamos teus, Senhor! Permeie-nos, viva em nós; reúna em seu corpo a humanidade dispersa, para que em vós tudo esteja subordinado a Deus e vós podeis então entregar o universo ao Pai, para que «Deus seja tudo em todos» (1 Coríntios 15, 28)”.
TERCEIRA PETIÇÃO: FAÇA-SE TANTO NA TERRA COMO NO CÉU –O ponto 591 do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica explica o porquê desta terceira petição: “A vontade do Pai é que «todos os homens sejam salvos» (1 Tim., 2, 3). Para isso é que Jesus veio: para realizar perfeitamente a Vontade salvífica do Pai. Nós pedimos a Deus Pai que una a nossa vontade à do seu Filho, a exemplo de Maria Santíssima e dos Santos. Pedimos que o seu desígnio de benevolência se realize plenamente na terra como no céu. É mediante a oração que podemos «discernir a vontade de Deus» (Rm., 12, 2) e obter a «perseverança para a cumprir» (Heb., 10, 36)”.
No mesmo livro, Bento XVI refere: “Duas coisas ficam imediatamente claras nas palavras desta petição: Deus tem uma vontade connosco e para nós, e ela deve tornar-se a medida da nossa vontade e do nosso ser; e a essência do ‘céu’ é que é onde a vontade de Deus é feita de forma inabalável. Ou, em termos um pouco diferentes, onde quer que a vontade de Deus seja feita é onde está o céu. A essência do céu é a unidade com a vontade de Deus, a unidade da vontade e da verdade. A Terra torna-se ‘céu’ quando e na medida em que a vontade de Deus é feita ali; e é apenas ‘terra’, o oposto do céu, quando e na medida em que se afasta da vontade de Deus. É por isso que oramos para que seja na terra como é no céu – que a terra se torne ‘céu’”.
Pe. José Mario Mandía