Quando e onde podemos rezar?
ONDE REZAR –O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) determina, no ponto 566: “Em toda a parte se pode rezar, mas a escolha de um lugar apropriado não é indiferente para a oração. A igreja é o lugar próprio da oração litúrgica e da adoração eucarística. Também outros lugares ajudam a rezar, como um ‘recanto de oração’ em casa; um mosteiro; um santuário”.
Nosso Senhor Jesus Cristo aconselhou os Seus seguidores: «E, quando orardes, não sejais como os hipócritas, pois que apreciam orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem admirados pelos outros. Com toda a certeza vos afirmo que eles já receberam o seu galardão. Tu, porém, quando orares, vai para teu quarto e, após ter fechado a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará plenamente» (Mateus 6, 5-6).
A “sala” da qual Nosso Senhor fala não precisa ser uma sala física. O que Ele realmente quer que façamos é que nos retiremos para o silêncio do nosso coração, onde possamos estar a sós com Deus (cf. Catecismo da Igreja Católica nº 2710). Podemos “reunir” todos os nossos sentidos – tanto externos (especialmente a visão e a audição), quanto internos (a imaginação e a memória) – junto com a nossa mente e a nossa vontade, e assim excluir tudo o resto. Podemos fazê-lo mesmo quando estamos no meio da rua, no comboio ou no autocarro, no mercado ou no local de trabalho. Qualquer lugar se pode tornar num lugar de oração, desde que nos saibamos recolher.
São Josemaría Escrivá ensina-nos na homilia “Amar o mundo apaixonadamente” (8 de Outubro de 1967): “O verdadeiro lugar da vossa existência cristã é a vida corrente. Meus filhos, onde estiverem os homens, vossos irmãos; onde estiverem as vossas aspirações, o vosso trabalho, os vossos amores, é aí que está o sítio do vosso encontro quotidiano com Cristo. É no meio das coisas mais materiais da Terra que devemos santificar-nos, servindo Deus e todos os homens”.
QUANDO REZAR –O CCIC refere no ponto 567: “Todos os momentos são indicados para a oração, mas a Igreja propõe aos fiéis ritmos destinados a alimentar a oração contínua: orações da manhã e da noite, antes e depois das refeições, liturgia das Horas; Eucaristia dominical; Santo Rosário; festas do ano litúrgico. ‘Devemos lembrar-nos de Deus, com mais frequência do que respiramos’ (São Gregório de Nazianzo)”.
Jesus ensinou-nos que não só é possível, como é necessário, rezar sempre (cf. Lc., 18, 1) e deu-nos tantos exemplos (cf. CCIC nº 542).
Disse São João Crisóstomo: “«É possível, mesmo no mercado ou durante um passeio sozinho, fazer oração frequente e fervorosa. É possível mesmo sentados na vossa loja, a tratar de compras e vendas, ou até mesmo a cozinhar»” (CCCC nº 576).
Somos como os aparelhos eléctricos que precisam ser ligados à corrente para funcionar. Mesmo aqueles que tenham baterias precisarão sempre de as recarregar de quando em vez, pois não podem funcionar sempre na reserva. A oração é o “ponto de contacto” que nos possibilita receber o poder do alto.
A este propósito, acrescenta o Catecismo: “A escolha do tempo e duração da contemplação depende duma vontade determinada, reveladora dos segredos do coração. Não se faz contemplação quando se tem tempo; ao invés, arranja-se tempo para estar com o Senhor, com a firme determinação de não Lho retirar durante o caminho, sejam quais forem as provações e a aridez do encontro” (CIC nº 2710). Infelizmente, muitas vontades não são tão determinadas! É por isso que tão pouco tempo é dedicado ao Senhor.
Ao reservar tempo para o Senhor, expressamos de maneira muito específica o facto de que somos Seus súditos e Ele é verdadeiramente o Senhor. Imagine se um motorista dissesse ao seu empregador que só conduzia quando quisesse! Quando uma pessoa depende apenas dos seus sentimentos, não está a servir a Deus. Está apenas a servir-se a si própria.
Pe. José Mario Mandía
LEGENDA:Capela do Monte, no Algarve (Portugal)