Por que vamos a Lisboa?
Acima de tudo, porque somos católicos! Depois, porque somos jornalistas; jornalistas católicos; profissionais da média religiosa.
Após Cracóvia, em 2016, ficou a vontade de voltarmos a cobrir uma Jornada Mundial da Juventude (Jornada, no singular; e não Jornadas, no plural, como tanto se ouve e lê por aí, principalmente na média profana).
Desta vez, O CLARIMnão podia faltar à chamada. Afinal, trata-se da “nossa” JMJ. E não apenas “nossa” por sermos portugueses, mas também por sermos de Macau… e de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, e de tantos outros lugares onde se fala Português. Sim, porque nunca como agora uma JMJ foi tão sentida, tão intensamente ansiada como a de Lisboa. Ansiada por todos os fiéis católicos de países e territórios que um dia formaram o grande Império Ultramarino Português.
De facto, se há bloco humano imaterial em que a Igreja Católica é o pilar, a matriz comum – fundamental e identitária – é a Lusofonia. Vejamos: a Commonwealth foi criada por razão da Coroa Britânica, a Francofonia pela língua, o Mundo Árabe por mera arquitectura política, sendo que neste último caso nem a religião uniu os povos, tendo até criado mais divisões.
Mas foquemos no que esperamos vir a viver nos próximos dias.
A JMJ Lisboa 2023 é a primeira bênção papal a todos aqueles que no auge da juventude não têm medo de dizer “ACREDITO”, “QUERO”, “SOU TEU/TUA”; “CONDUZ-ME”. Ainda há dias, foi noticiado que a maioria dos jovens portugueses é crente numa religião, sendo que quase metade se assume como católico. No entanto, persiste o problema de uma percentagem considerável não ter uma vida religiosa activa. As razões apontadas são várias, mas independentemente de serem mais ou menos válidas, a verdade é que a presença do Papa Francisco em Portugal logo após o fim da pandemia é um sinal de aproximação – ainda que em termos de calendário seja uma coincidência – da Santa Sé a Portugal e a toda a Lusofonia. Tal irá constituir uma nova esperança para quem um dia chegou a pensar que o mundo parara para sempre.
A pandemia isolou-nos, separou famílias, tirou os trabalhadores dos locais de trabalho, as crianças e jovens das escolas e universidades, e os fiéis dos locais de culto. Curiosamente, em Macau, a Diocese registou um aumento substancial do número de fiéis que participaram nas missas diárias e, principalmente, ao Domingo.
Com o regresso ao “novo normal”, eis pois que algo de extraordinário acontece: o Santo Padre vai a Lisboa – uma das quatro cidades com forte ligação ao Catolicismo a nível mundial, a par de Jerusalém, Istambul (antiga Constantinopla) e Roma; todas cidades com sete colinas. E em terras lusas irá continuar a Catequese (ultimamente dedicada ao Zelo Apostólico) com que todas as semanas brinda os peregrinos que ao Papa se juntam na Audiência Geral das quartas-feiras, no Vaticano.
Iremos, assim, ouvir Francisco falar sobre santidade, periferias e marginalizados, com muitas referências a homens e mulheres da Igreja. Entre os quais, a figura maior e sempre incontornável nestas jornadas, o seu mentor, o Santo Papa João Paulo II.
A Jornada Mundial da Juventude será, sem sombra de dúvida, um cocktail de muitas emoções. No final, uma vez concluída, para além das sempre reconfortantes boas memórias, subsistirão os exemplos, os modelos e as novas condutas que seguiremos no resto das nossas vidas.
A todos os leitores, pedimos que rezem pela equipa d’O CLARIMque irá estar em Fátima e Lisboa. Que Deus nos ilumine e nos dê a sapiência necessária para vos transmitir a melhor informação.
José Miguel Encarnação