TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (225)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (225)

E sobre a experiência de oração de Moisés?

INICIATIVA DE DEUS –Moisés também experimentou a oração como uma iniciativa de Deus que nos inspira a indagar e a procurar, e assim a nos preparar para ouvir a Sua voz. «O Anjo do Senhor se revelou a ele, numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés observou e eis que a sarça ardia no fogo, contudo, não era consumida pelas chamas. […]Então o SENHOR viu que ele deu uma volta e se aproximava para observar melhor. E Deus o chamou do meio da sarça ardente: “Moisés, Moisés!” Ao que ele prontamente respondeu: “Eis-me aqui!”» (Êxodo 3, 2-4).

O Senhor não diz: “Ei, tu, vem aqui!”. O Senhor chama o seu nome: “Moisés”. Foi o que ele também fez com Abraão: «Deus submeteu Abraão a uma prova, convocando-o: “Abraão! Abraão!” Ao que ele redarguiu: “Eis-me aqui, Senhor!”» (Génesis 22:1). Isto é o que Deus também faz connosco. Ele chama o nosso nome. E, como Abraão e Moisés, precisamos responder livremente: “Eis-me aqui”. Isto é o que fazemos na oração.

OLHE E CONTEMPLE –«Então pensou Moisés: “Que coisa impressionante! Por que será que o espinheiro não se queima? Devo chegar mais perto para contemplar essa maravilha!”» (Êxodo 3, 3). A oração é um olhar amoroso com o qual Deus nos fala de Si mesmo: «Afirmou Deus a Moisés: “Eu Sou o que Sou”» (Êxodo 3, 14).

“A oração de Moisés é o tipo da oração contemplativa: Deus, que, da Sarça ardente, chama Moisés, conversa muitas vezes e longamente com ele «face a face, como um homem com o seu amigo» (Ex., 33, 11)” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 537).

A oração contemplativa de Moisés transformou-o. A luz de Deus brilhou através dele. Moisés «não fazia ideia de que seu rosto fulgurava pelo facto de ter falado com Deus» (Êxodo 34, 29). Quando reservamos tempo para o Senhor, tornamo-nos faróis de luz e esperança para os outros.

INTERCESSÃO –Tal como Abraão, Moisés também aprendeu a interceder pelos israelitas. A oração dilata o nosso coração e faz-nos sair do nosso mundinho egoísta. “Nesta intimidade com Deus, Moisés recebe a força para interceder tenazmente em favor do povo: a sua oração prefigura assim a intercessão do único mediador, Cristo Jesus” (CICC nº 537).

Lembramos como os israelitas continuaram a reclamar com Moisés sobre a sua situação. Em determinada ocasião, disseram a Moisés: «“Quem nos dará carne para comer? Nós nos lembramos do peixe que comíamos por um nada no Egipto, dos pepinos, dos melões, das verduras, das cebolas e dos alhos! Agora estamos definhando, privados de tudo; nossos olhos nada vêem senão este maná”» (Números 11, 4-6).

Moisés voltou-se para o Senhor e questionou-O: «“Por que fazes mal a teu servo? Por que achei graça a teus olhos, visto que me impuseste o encargo de todo este povo? Fui eu, porventura, que concebi todo este povo? Fui eu que o dei à luz, para que me digas: ‘Carrega-o em teus braços, como uma ama que aconchega e conduz um recém-nascido, a fim de levá-lo à terra que prometeste sob juramento a seus antepassados?’ Onde poderei eu conseguir carne para dar a todo este povo? Eles insistem em suas queixas contra mim, chorando e exclamando: ‘Dá-nos carne para comer!’ Não posso, eu sozinho, conduzir toda esta multidão de pessoas; essa é uma responsabilidade muito além das minhas forças. Portanto, se é assim que desejas me tratar, então é melhor que me tires a vida agora mesmo! Se te agradas de mim, não me deixes ver a humilhação e minha própria ruína”» (Números 11, 11-15).

E qual foi a resposta do Senhor? «“Pois bem, Yahweh vos dará carne para comer. Entretanto, não comereis um dia apenas, ou dois ou cinco ou dez ou vinte, pelo contrário, comereis durante um mês inteiro, até que saia pelas vossas narinas e vos provoque náuseas, visto que não colocastes a vossa total confiança em Yahweh, rejeitando o vosso Deus, o SENHOR; murmurando em sua presença e exclamando: ‘Por que, pois, saímos do Egito?’”» (Números 11, 18-20).

Quando rezamos pelos outros com plena confiança no Senhor, podemos obter para eles não apenas benefícios materiais, mas também as graças de que necessitam para viver e se comportar como eleitos de Deus.

Pe. José Mario Mandía

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