LIVRO: “WOKE – UM GUIA PARA A JUSTIÇA SOCIAL”

LIVRO: “WOKE – UM GUIA PARA A JUSTIÇA SOCIAL”

Sátira social a bem de todos

Confesso que ao adquirir este livro estava convicta de que iria compreender um pouco mais sobre esta moda do cancelamento da cultura, comparando-o com o movimento esquerdista dos anos sessenta, na luta contra os poderes estabelecidos e a cultura dominante. Contudo, a caracterização que é feita, de “uma wokista”, contribuiu para se ter uma noção mais realista e denunciadora da vivência activista e seus objectivos no mundo real.

O wokismo é um movimento que muito interessa às elites de poder, nomeadamente, às esquerdas sociais democráticas, que em conjunto com activistas de extrema-esquerda e de feministas radicais, procuram estigmatizar moralmente, como “racistas” e “fóbicos”, quem se opõe a eles. Apresentam-se como inquisidores vigilantes e implacáveis, impondo “cancelamentos” e exigindo condenações por mera denúncia a todos os que simplesmente estão em desacordo.

Em “Woke – um Guia para a Justiça Social”, encontramos o absurdo das loucuras identitárias, do radicalismo feminista, das extravagâncias de género e de toda a perseguição pseudocultural.

Retratando o delírio que invadiu muitas activistas e se foi estendendo ao normal cidadão, esta sátira cuja autora é uma “activista interseccional”, Titania McGrath, jura-nos que a justiça social se conquista juntando uma bandeira arco-íris no perfil do Facebook, ou intimidando quem diga desconhecer o significado de “não binário”, ou chamando nazi a quem pense votar num partido conservador. Em suma: os que defendem a liberdade de expressão são criptofascistas.

Mas um facto é que Titania não existe. É uma genial invenção do comediante Andrew Doyle, o verdadeiro autor do livro, que satiriza a loucura activista destes tempos, pois considera que a melhor forma de desconstruir o absurdo perigo do radicalismo wokista é a sátira.

Não obstante, considero este livro um pouco desconfortável, nem sempre pelo que afirma, mas pela forma como o faz. Tem um vocabulário um tanto “arrojado” e, por vezes, incomodativo, mas considerei um dever tentar elucidar o leitor de como estes “submundos” existem, sendo-nos sub-repticiamente transmitidos e interferindo na nossa conduta social, moral e familiar.

Susana Mexia 

Professora

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