Do que preciso para manter o coração puro?
Já vimos que Deus quer que sejamos castos nas nossas acções (TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ n.os211-213). A castidade, porém, inclui também o nosso coração, a nossa imaginação e a nossa memória; os nossos sentimentos e emoções; e os nossos pensamentos e desejos mais íntimos.
Lembram-se de como Nosso Senhor repreendeu os fariseus? «Ai de vós, doutores da Lei e fariseus, hipócritas! Porque sois parecidos aos túmulos caiados: com bela aparência por fora, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e toda espécie de imundície! Assim também sois vós: exteriormente pareceis justos ao povo, mas vosso interior está repleto de falsidade e perversidade» (Mateus 23, 27-28).
Por outro lado, Jesus também elogiou aqueles que lutam para manter os seus corações limpos. «Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus» (Mateus 5, 8).
Todos os dias imploremos ao Senhor com as palavras do Salmo: «Ó Deus meu! Cria em mim um coração puro, e renova dentro de mim um espírito inabalável» (Salmo 51, 10).
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) ensina, no ponto 527: “O nono mandamento exige vencer a concupiscência carnal nos pensamentos e nos desejos. A luta contra a concupiscência passa pela purificação do coração e pela prática da virtude da temperança”.
A luta para afastar toda a impureza começa com os nossos sentidos externos, a imaginação e a memória. E por isso Nosso Senhor disse: «Eu, porém, vos digo, que qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, em seu coração, já cometeu adultério com ela» (Mateus 5, 28).
Santa Teresa chama a imaginação de “a louca da casa”. Não defendemos que a devamos suprimir, mas devemos orientá-la e geri-la adequadamente. Os sentidos externos levam-nos a Deus. A imaginação alimenta as nossas emoções e sentimentos, assim como os nossos pensamentos e desejos. Quando entregue a si mesma, a imaginação leva-nos a pecar contra o Nono Mandamento, o qual “proíbe cultivar pensamentos e desejos relativos às acções proibidas pelo sexto mandamento” (CCIC nº 528).
Mas como podemos manter os nossos corações puros?
“O baptizado, com a graça de Deus, em luta contra os desejos desordenados, chega à pureza do coração mediante a virtude e o dom da castidade, a pureza de intenção e do olhar exterior e interior, com a disciplina dos sentidos e da imaginação e pela oração” (CCIC nº 529).
A graça de Deus é-nos nos dada nos Sacramentos, especialmente na Santa Eucaristia e na Confissão Sacramental. Quem deseje manter o coração puro e voltado para Deus deve fazer uma confissão sincera e contrita, e receber a Sagrada Comunhão com a maior frequência possível.
De que mais precisamos para manter o nosso coração puro?
“A pureza exige o pudor, que, preservando a intimidade da pessoa, exprime a delicadeza da castidade e orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e da sua comunhão. Ela liberta do erotismo difuso e afasta de tudo aquilo que favorece a curiosidade mórbida. Requer uma purificação do ambiente social, mediante uma luta constante contra a permissividade dos costumes, que assenta numa concepção errónea da liberdade humana” (CCIC nº 530).
Numa das suas Audiências Gerais, mais precisamente a 22 de Junho de 2016, o Papa Francisco afirmou: «Pensemos em nós, nas nossas misérias… Cada um tem as suas. Pensemos com sinceridade. Quantas vezes as encobrimos com a hipocrisia das “boas maneiras”. E precisamente agora é necessário que fiquemos sozinhos, que nos ajoelhemos diante de Deus e rezemos: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me!”. Fazei-o, fazei-o antes de ir dormir, todas as noites. E agora recitemos juntos esta bonita oração: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me!”». Mais uma vez: Senhor, se quiseres, podes purificar-me!
Pe. José Mario Mandía