TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (211)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (211)

Todos são chamados a viver uma vida casta?

«Deus criou os seres humanos à sua imagem, à imagem de Deus os criou: macho e fêmea os criou. Deus os abençoou e lhes ordenou: “Sede férteis e multiplicai-vos!”» (Génesis, 1, 27-28).

O primeiro livro da Bíblia não nos diz apenas que o homem foi feito propositadamente, com uma razão. Também nos diz que macho e fêmea foram feitos com um objectivo e também com uma razão: “Deus criou o ser humano como homem e mulher, com igual dignidade pessoal, e inscreveu nele a vocação ao amor e à comunhão” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 487).

A vida é um presente. A existência é uma dádiva. E a sexualidade também. O que fazemos quando recebemos um presente? Agradecemos a quem nos oferece, valorizamos o presente e fazemo-lo florescer. “Compete a cada um aceitar a sua identidade sexual, reconhecendo a sua importância para a pessoa toda, bem como o valor da especificidade e da complementaridade” (CCIC nº 487).

Ora, como valorizamos o presente e o fazemos florescer? Por meio da castidade! “A castidade é a integração positiva da sexualidade na pessoa. A sexualidade torna-se verdadeiramente humana quando é bem integrada na relação pessoa a pessoa. A castidade é uma virtude moral, um dom de Deus, uma graça, um fruto do Espírito” (CCIC nº 488). Por que a sexualidade precisa ser integrada “dentro da pessoa” e “na relação de uma pessoa com outra”? Quando Deus criou o mundo, «dispôs todas as coisas por medida, número e peso» (Sabedoria 11, 20): tudo funcionou em perfeita ordem, tudo foi “integrado”. Mas a desobediência de Adão e Eva colocou tudo em desordem. Os nossos sentidos e paixões libertaram-se do Governo do intelecto e da vontade. São Paulo confessou: «Não compreendo o meu próprio modo de agir; porquanto o que quero, isso não pratico; entretanto, o que detesto, isso me entrego a fazer» (Romanos 7, 15).

Por este motivo, refere o CCIC, no ponto 489: a virtude da castidade “supõe a aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia de liberdade humana aberta ao dom de si”. Daqui que São Paulo compare a vida cristã à de um atleta: «Não sabeis que entre todos os que correm no estádio, na verdade, somente um recebe o grande prémio? Correi de tal maneira que o alcanceis! Todos os que competem nos jogos se submetem a um treinamento rigoroso, e isso, para obter uma coroa que logo se desvanece; no entanto, nós nos dedicamos para ganhar uma coroa que dura eternamente. Portanto, não corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem apenas soca o ar. Mas esmurro o meu próprio corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de haver pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado» (1 Coríntios, 9, 24-27).

O treino do autodomínio pessoal pressupõe “a aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia de liberdade humana aberta ao dom de si. Para tal fim, é necessária uma educação integral e permanente, através de etapas graduais de crescimento” (CCIC nº 489).

O Senhor, na Sua grande misericórdia, deu-nos muitas oportunidades para alcançarmos esse domínio. “São numerosos os meios à disposição: a graça de Deus, a ajuda dos sacramentos, a oração, o conhecimento de si, a prática duma ascese adaptada às situações, o exercício das virtudes morais, em particular da virtude da temperança, que procura fazer com que as paixões sejam guiadas pela razão” (CCIC nº 490).

A castidade é para todos? É sim. «Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus» (Mateus, 5, 8).

“Todos, seguindo Cristo modelo de castidade, são chamados a levar uma vida casta, segundo o próprio estado de vida: uns na virgindade ou no celibato consagrado, forma eminente de uma mais fácil entrega a Deus com um coração indiviso; os outros, se casados, vivendo a castidade conjugal; os não casados vivem a castidade na continência” (CCIC nº 491).

Pe. José Mario Mandía

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