Qual a virtude da religião e o que exige de nós?
O Primeiro Mandamento também nos chama a praticar a virtude da religião. A virtude da religião não é uma virtude teologal. Em vez disso, é uma das virtudes morais que se enquadram na virtude da justiça (TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ nº 205). Quando ouvimos a palavra “justiça”, muitas vezes pensamos no que devemos dar aos outros. Mas o primeiro “outro” é Deus. A virtude da religião lembra-nos o nosso dever de justiça para com Deus – o nosso Criador, o nosso Redentor e o nosso Santificador. É por isso que a virtude da religião se enquadra no Primeiro Mandamento.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) ensina, no ponto 2095: “As virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade informam e vivificam as virtudes morais. Assim, a caridade leva-nos a prestar a Deus o que com toda a justiça Lhe devemos, enquanto criaturas. Avirtude da religiãodispõe-nos para tal atitude”.
Jesus referiu-se à virtude da religião quando afirmou: «Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele servirás» (Mateus 4, 10).
Que actos específicos devemos direccionar para Deus? O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) enuncia: “[1] adorar a Deus como Senhor de tudo o que existe; [2] prestar-lhe o culto devido individual e comunitariamente; [3] rezar-lhe com expressões de louvor, de acção de graças, de intercessão e de súplica; [4] oferecer-Lhe sacrifícios, sobretudo o sacrifício espiritual da nossa vida, em união com o sacrifício perfeito de Cristo; e [5] manter as promessas e os votos que Lhe fizermos” (CCIC nº 443).
O CCIC acrescenta no ponto 444: “Todo o homem tem o direito e o dever moral de procurar a verdade, em especial no que se refere a Deus e à sua Igreja, e, uma vez conhecida, de a abraçar e guardar fielmente, prestando a Deus um culto autêntico. Ao mesmo tempo, a dignidade da pessoa humana requer que, em matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir contra a própria consciência nem seja impedido de agir em conformidade com ela, dentro dos limites da ordem pública, privada ou publicamente, de forma individual ou associada”.
O Primeiro Mandamento também diz o que devemos evitar. «Não terás outros deuses diante de mim» (Êxodo 20, 2). No ponto 445, o CCIC lista os pecados contra a virtude da religião: “Este mandamento proíbe:[1] opoliteísmoe aidolatria, que diviniza uma criatura, o poder, o dinheiro, e até mesmo o demónio;[2] asuperstição, que é um desvio do culto devido ao verdadeiro Deus, e que se expressa nas várias formas de adivinhação, magia, feitiçaria e espiritismo;[3] airreligião, expressa no tentar a Deus com palavras ou actos, no sacrilégio, que profana pessoas ou coisas sagradas sobretudo a Eucaristia, e na simonia, que pretende comprar ou vender realidades espirituais; [4] oateísmo, que nega a existência de Deus, fundando-se muitas vezes numa falsa concepção de autonomia humana;[5] oagnosticismo, segundo o qual nada se poder saber de Deus, e que inclui o indiferentismo e o ateísmo prático”.
O Primeiro Mandamento também determina: «Não farás para ti imagem esculpida» (Êxodo 20, 3). Tal significa que não podemos produzir estátuas e pinturas religiosas? O CCIC esclarece a diferença entre a Antiga e a Nova Lei, no ponto 446: “No Antigo Testamento, este mandamento proíbe representar o Deus absolutamente transcendente. Porém, a partir da Encarnação do Filho de Deus, o culto cristão das imagens sagradas é justificado (como afirma o segundo Concílio de Niceia, de 787), porque se funda no Mistério do Filho de Deus feito homem, no qual Deus transcendente se torna visível. Não se trata duma adoração da imagem, mas de uma veneração de quem nela é representado: Cristo, a Virgem, os Anjos e os Santos”.
Pe. José Mario Mandía