TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (196)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (196)

O que são pecados internos e pecados contra o Espírito Santo?

PECADOS INTERNOS –O pecado pode ser cometido não apenas por meio de actos ou omissões externas, mas também por meio dos nossos pensamentos e desejos. Estes são os chamados “pecados internos”. O Salmo 19, 12-13 pede ao Senhor: «Quem pode perceber os próprios erros? Purifica-me dos que ainda não me são claros. Da mesma forma livra o teu servo do orgulho, para que ele nunca me domine; então experimentarei a integridade, e serei inocente de grande transgressão».

Precisamos ser cautelosos com os pecados internos porque (1) são cometidos mais facilmente; (2) são mais difíceis de evitar; e (3) prestamos-lhes menos atenção.

Nosso Senhor advertiu sobre os pecados internos, como, por exemplo, quando ensinou: «Ouvistes o que foi dito: “Não cometerás adultério”. Eu, porém, vos digo, que qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, em seu coração, já cometeu adultério com ela» (Mateus 5, 27-28). «Porque do coração é que procedem os maus intentos, homicídios, adultérios, imoralidades, roubos, falsos testemunhos, calúnias, blasfémias» (Mateus 15:19).

«Ai de vós, doutores da Lei e fariseus, hipócritas! Porque sois parecidos aos túmulos caiados: com bela aparência por fora, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e toda espécie de imundície! Assim também sois vós: exteriormente pareceis justos ao povo, mas vosso interior está repleto de falsidade e perversidade» (Mateus 23, 27,28).

Os pecados internos são pecados cometidos no coração do homem. Os moralistas geralmente classificam-os em três tipos:

(1) Prazer deliberado. É complacência pecaminosa num acto maligno apresentado à imaginação, sem desejo de se realizar o acto. Quão sério é? Se o acto maligno apresentado à imaginação for grave, então o prazer deliberado é grave.

(2) Alegria pecaminosa. É ter prazer num acto mal feito no passado. Se o acto maligno for grave, então a alegria pecaminosa é grave.

(3) Desejo maligno. É prazer deliberado em algum pecado ainda não cometido, mas com desejo de o cometer.

PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO –Jesus falou sobre o pecado que não pode ser perdoado. Refere o Catecismo da Igreja Católica (CIC), no ponto 1864: “«Todo o pecado ou blasfémia será perdoado aos homens, mas a blasfémia contra o Espírito não lhes será perdoada» (Mt., 12, 31). Não há limites para a misericórdia de Deus, mas quem recusa deliberadamente receber a misericórdia de Deus, pelo arrependimento, rejeita o perdão dos seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. Tal endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eterna”.

Quando uma pessoa recusa a graça da contrição e do perdão, está a rejeitar a acção do Espírito Santo. É por isso que tal pecado não pode ser perdoado pois a própria pessoa não quer ser perdoada. Podemos pecar dessa forma quando nos falta espírito de exame. Também podemos pecar contra o Espírito Santo ao nos recusarmos a confessar os nossos pecados. Pecar contra o Espírito Santo é, voluntariamente, endurecer o coração e torná-lo impermeável à acção da graça. Tal lembra-nos o Salmo que fala sobre a experiência de Israel no deserto: «Porque Ele é o nosso Deus, nós somos o povo do seu pastoreio e ovelhas conduzidas por sua mão. Tomara que escuteis hoje a sua voz: “Não endureçais o vosso coração, como em Meribá, e ainda como aquele dia em Massá, no deserto,quando vossos pais me desafiaram e me puseram à prova, embora tivessem visto meus grandes feitos!… Durante quarenta anos permaneci irado contra aquela geração e declarei: ‘Este é um povo de coração ingrato, que não reconhece meus caminhos’. Por esse motivo jurei em minha revolta: ‘Essas pessoas jamais entrarão no lugar do meu repouso!’”» (Salmo 95, 7-11).

Pe. José Mario Mandía

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