O que faz ser bom confessor?
“Cristo confiou o ministério da reconciliação aos seus Apóstolos, aos Bispos seus sucessores e aos presbíteros seus colaboradores, os quais portanto se convertem em instrumentos da misericórdia e da justiça de Deus. Eles exercem o poder de perdoar os pecados no Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 307).
Vale a pena que os sacerdotes meditem, repetidamente, sobre as palavras constantes no ponto 1465 do Catecismo da Igreja Católica: “Ao celebrar o sacramento da Penitência, o sacerdote exerce o ministério do bom Pastor que procura a ovelha perdida: do bom Samaritano que cura as feridas; do Pai que espera pelo filho pródigo e o acolhe no seu regresso; do justo juiz que não faz acepção de pessoas e cujo juízo é, ao mesmo tempo, justo e misericordioso. Em resumo, o sacerdote é sinal e instrumento do amor misericordioso de Deus para com o pecador”.
Os padres detêm um poder imenso: o de restaurar a vida sobrenatural. Daí que o CIC refira, no ponto 1464: “Os sacerdotes devem exortar os fiéis a aproximarem-se do sacramento da Penitência; e devem mostrar-se disponíveis para a celebração deste sacramento, sempre que os cristãos o peçam de modo razoável”.
O QUE FAZ SER BOM CONFESSOR? –O ponto 1466 do Catecismo da Igreja Católica descreve as características de um bom confessor: “O confessor não é dono, mas servidor do perdão de Deus. O ministro deste sacramento deve unir-se à intenção e à caridade de Cristo (Presbyterorum ordinis, 13). Deve ter um conhecimento comprovado do comportamento cristão, experiência das coisas humanas, respeito e delicadeza para com aquele que caiu; deve amar a verdade, ser fiel ao Magistério da Igreja, e conduzir o penitente com paciência para a cura e a maturidade plena. Deve rezar e fazer penitência por ele, confiando-o à misericórdia do Senhor”.
A Congregação para o Clero divulgou um documento para os confessores, intitulado “The Priest, Minister of Divine Mercy” (“O Sacerdote, Ministro da Divina Misericórdia”). O Papa Francisco também deixa algumas recomendações no seu livro “The Name of God is Mercy” (“O Nome de Deus é Misericórdia”).
O SEGREDO MAIS GUARDADO DO MUNDO –“Dada a delicadeza e a grandeza deste ministério e o respeito devido às pessoas, a igreja declara que todo o sacerdote que ouve confissões está obrigado a guardar segredo absoluto sobre os pecados que os seus penitentes lhe confessaram, sob penas severíssimas (Código de Direito Canónico, cânones 983-984. 1388; Código dos Cânones das Igrejas Orientais, cânone 1456). Tão pouco pode servir-se dos conhecimentos que a confissão lhe proporciona sobre a vida dos penitentes. Este segredo, que não admite excepções, é chamado ‘sigilo sacramental’, porque aquilo que o penitente manifestou ao sacerdote fica ‘selado’ pelo sacramento” (CIC nº 1467).
Se o confessor revelar o que um penitente lhe tenha dito durante uma confissão, ele viola o segredo da confissão e incorre em excomunhão latae sententiae(excomunhão automática), a qual somente o Santo Padre pode levantar.
O CONFESSIONÁRIO –O cânone 964 do Código de Direito Canónico especifica o local onde se realizam as confissões:
1. O lugar próprio para as confissões é a igreja ou o oratório (cânone 964, secção 1).
2. A fim de se respeitar a legítima opção dos penitentes deve, nas mesmas igrejas ou oratórios, assegurar-se a existência de confessionários munidos de uma grade fixa entre o penitente e o confessor, colocados em lugar patente e acessível, e adaptados, quanto possível, às exigências de uma digna celebração litúrgica (cânone 964, secção 2).
3. Nas igrejas e oratórios deve existir um local próprio para o acto sacramental, que deve assegurar, por um lado, a discrição e a prudência requeridas no diálogo entre o penitente e o sacerdote, e responder, por outro lado, às exigências de uma acção litúrgica de que fazem parte um acolhimento humano, a leitura bíblica e o gesto reconciliador da imposição das mãos sobre o penitente.
4. Não se oiçam confissões fora dos lugares próprios, a não ser por causa justa (cânone 964, secção 3).
5. Nas celebrações penitenciais comunitárias, o sacerdote deve estar revestido de alva (ou batina e sobrepeliz) e estola. Na celebração aconselha-se o mesmo ou ao menos algum sinal litúrgico. Tenha-se bem presente, em todas as circunstâncias, o respeito devido ao sacramento e à pessoa do penitente.
Pe. José Mario Mandía