O mundo à nossa volta
Vai-se comemorar este Domingo o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado; este dia pretende chamar a atenção para as migrações, assunto que tem levantado muitas polémicas e que continua a ser actual e importante.
Sabeis que o Papa tem alertado os países para o problema dos migrantes, seres humanos quase escravizados, deixados à sua sorte, com filhos pequenos que vêm tentar livrar-se da guerra, da fome e da injustiça. Muitos morrem sem sequer ver as terras que buscam para poderem ter aquilo que muitos já possuem: alimento, trabalho, enfim, melhores condições de vida.
A migração faz parte da História da Humanidade. No entanto, a migração moderna somente surgiu no final do Século XlX, com fundações legais e administrativas, quando os países passam a regulamentar e reconhecer o acto; a migração da Era Moderna surgia com a Revolução Industrial onde muitas pessoas buscaram trabalho nos países mais industrializados, sentindo estes países a necessidade de regular a entrada dos imigrantes.
Hoje os conflitos no Médio Oriente aumentaram os pedidos de refúgio e asilo, muitos fazem-se ao mar não sabendo se morrem, ou se chegam a conseguir ser aceites. É desumano e doloroso.
Em 2015 morreram num só naufrágio setecentas pessoas. A Marinha italiana, quando recuperou a embarcação encontrou mais duzentos corpos no seu interior. Esta embarcação foi posteriormente entregue à cidade de Augusta, que durante um ano foi entregue ao artista suíço Cristoph Büchel, para que pudesse ser exibido na Bienal de Veneza. A arte pode ser também uma chamada de atenção para problemas da nossa sociedade. Foi o elemento que, uma vez exposto, testemunhou esta tragédia.
Estes migrantes fazem parte do coração da Igreja e têm de fazer parte das nossas orações. Eles muitas vezes vivem na nossa cidade, ao nosso lado e têm sido alvo de abusos de todo o género. O Santo Padre na mensagem do Migrante e Refugiado faz um duplo apelo para criar um “nós” cada vez maior; aos católicos e a todos os homens e mulheres de boa vontade: “Somos chamados a sonhar juntos. Não devemos ter medo de sonhar e de o fazermos juntos como uma única humanidade, como companheiros da mesma viagem, como filhos e filhas desta mesma terra que é a nossa Casa comum, todos irmãs e irmãos”.
“Rumo a um nós cada vez maior” é o título da Mensagem do Papa para o 107. º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, este ano celebrado a 26 de Setembro de 2021.
No Século XVI, São João da Cruz afirmava: «O Senhor sempre revelou aos mortais os tesouros da sua sabedoria e do seu espírito; mas agora, que a malícia vai mostrando cada vez mais o seu rosto, revela-os ainda mais».
Sobretudo nos nossos dias onde existe tanto horror, mal e angústia, Deus está cá, sempre fiel para nos ajudar como seus filhos e mostrar-nos o seu Reino, basta chamá-Lo. Saibamos dirigir as nossas preces por estes homens, mulheres e crianças, pelo nosso irmão, católico ou de outra religião, pois assim Deus nos ensinou.
Ana Maria Figueiredo
Pintora