TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (100)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (100)

O Paraíso é apenas um exercício de marketing?

Cada homem e mulher anseia ser feliz com uma alegria ilimitada e infinita. Jesus Cristo veio dizer-nos que esse anseio pode ser alcançado: «Se obedecerdes aos meus mandamentos, permanecereis no meu amor, exactamente como Eu tenho obedecido às ordens do meu Pai e permaneço em seu amor. Tenho-vos dito essas palavras para que a minha alegria permaneça em vós e a vossa felicidade seja completa (João 15:10-11)».

“O céu é o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva” (Catecismo da Igreja Católica nº 1024).

O Papa Bento XVI, na encíclica “Spe salvi”, descreve o paraíso como o “mais parecido com um momento de satisfação suprema (…) algo como mergulhar num oceano de amor infinito, um momento no qual o tempo – o antes e o depois – deixaram de existir (…) no qual estamos simplesmente assoberbados pela alegria. É assim que Jesus se expressou no Evangelho de São João: «Eu vos verei de novo, e então muito vos alegrareis; e mais, ninguém tirará a vossa alegria (João 16:22)»”.

O paraíso está para além de qualquer imaginação: simplesmente nada é como aqui na terra. São Tomás de Aquino disse que excede todo o desejo humano, vai para além das expectativas humanas (São Tomás de Aquino, “Suma Teológica”).

No paraíso, iremos de uma descoberta para outra, de surpresa em surpresa. Estar no paraíso é estar com Deus, nosso Pai, uma vez que Ele é a fonte de toda a paternidade (Efésios 3:15). Ele é infinitamente generoso e imaginativo nos seus presentes – infinitamente muito mais que todos os pais e mães juntos. Ele preparou-nos delícias que nos manterão maravilhados e entretidos por toda a eternidade (Sl., 16:11), para que não haja tempo para o tédio (Peter Kreeft em “Tudo o que você sempre quis saber sobre o céu”).

As palavras escasseiam quando tentamos falar sobre o paraíso. É como se um homem, cego de nascença, tentasse explicar a outro cego de nascença a cor do encarnado; ou um nado surdo tentasse explicar a outro nado surdo o que é um concerto musical.

São Paulo, a quem foi dado a ver um vislumbre do paraíso, afirmou: «Olho algum jamais viu, ouvido algum nunca ouviu e mente nenhuma imaginou o que Deus predispôs para aqueles que o amam(I Coríntios 2:9)».

Para as crianças, o paraíso será diversão infinita. E as mães não voltarão a repetir: “Está na hora de ir para casa!”.

Podemos apenas fazer uma ideia de como o paraíso será; podemos pensar o quão desejosos os santos estavam e se sacrificaram somente para o alcançar. Parecia que nenhum preço era muito alto, nenhum custo muito elevado, para alcançar o paraíso. São Paulo é disso um exemplo: na Carta aos Romanos (Romanos 8:18), refere: «Estou absolutamente convencido de que os nossos sofrimentos do presente não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada».

Quando pensamos no paraíso desta forma, nenhuma missa será muito cedo, nenhuma oração será muito longa, nenhum rosário será enfadonho, nenhum sacrifício será muito difícil.

A Sagrada Escritura também usa uma definição negativa do paraíso. Tanto o livro de Isaías como o livro do Apocalipse falam em termos muito semelhantes: «Extinguirá a morte de uma vez por todas. O Eterno Yahweh enxugará as lágrimas de todo rosto e retirará de toda a terra a zombaria e a humilhação que seu povo vem sofrendo. Palavra de Yahweh, o SENHOR!(Isaías 25:8)» e «Ele lhes enxugará dos olhos toda a lágrima; não haverá mais morte, nem pranto, nem lamento, nem dor, porquanto a antiga ordem está encerrada! E Aquele que está assentado no trono afirmou: “Eis que faço novas todas as coisas!” (Apocalipse 21:4-5)».

As lágrimas são decepções, frustrações, dores, preocupações, aflições, tristezas… No paraíso, tudo isso será coisa de um passado distante.

Pe. José Mario Mandía

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