Com o mês de Fevereiro é chegado o momento de deixar St. Lucia. Afinal, já aqui estamos desde Novembro do ano passado, com uma passagem por Nova Iorque antes do Natal para tratar de documentos.
Durante a viagem tentamos, sempre que possível, passar tempo suficiente nos diferentes locais, para que possamos conhecer melhor as pessoas e suas culturas. Nem é tanto pelos locais a visitar, mas mais pelo que a cultura tradicional nos pode oferecer e enriquecer como pessoas.
Amiúde afirmo que não somos turistas, não estamos de férias! Somos viajantes e este é o nosso estilo de vida, pelo que ficar prolongados períodos em determinados sítios faz parte do enredo. Regra geral, estas estadas são ditadas pela extensão dos vistos que conseguimos obter, porque entrar e sair de cada país custa dinheiro e temos que controlar muito bem o nosso orçamento.
St. Lucia será dos locais onde passámos mais tempo até ao momento. Anteriormente estivemos em St. Thomas, nas Ilhas Virgens Americanas, cerca de quatro meses, e outros quatro meses na República Dominicana, onde nos vimos obrigados a estender o visto de permanência por atrasos na preparação do barco.
A vida em St. Lucia tem sido bastante interessante, com tempo para melhor conhecermos as pessoas e a forma como se diferenciam das restantes aqui nas Caraíbas, mas é tempo de seguir caminho porque, se tudo correr como queremos, iremos atravessar para as Ilhas Holandesas ainda este ano e depois para a Colômbia e Panamá. Caso contrário, se não tivermos feito essa travessia antes de Julho, teremos de ficar nesta zona até ao final do ano para evitar a época das tempestades.
No ano passado estivemos todo o tempo bem no centro da zona das tempestades. Pela experiência por que passámos, este ano queremos paz de espírito. Assim, caso não seja possível atravessar para Aruba, Bonaire e Coracao antes de Julho, iremos ficar na zona de São Vicente e Grenadines, Grenada e Trinidade e Tobago até as coisas acalmarem, o que significa finais de 2015, início de 2016.
No entanto, esta não é a última crónica escrita em St. Lucia. Pelo menos até meados deste mês, ou início de Março, iremos andar por aqui, porque temos que realizar a inspecção ao catamaran comprado pela família portuguesa que viveu em Macau, e que irá começar a sua aventura a bordo, precisamente em Março, a partir de St. Lucia.
Como fui contratado para fazer a inspecção, teremos de ficar aqui até o catamaran chegar e a mesma ser efectuada e redigida. Depois de tudo feito rumaremos a Sul, talvez São Vicente e Grenadines, onde iremos estar em Carriacou para tirar o nosso veleiro da água e fazer alguma manutenção, já tendo em vista a passagem para as ABC (Aruba, Bonaire e Coracao) e Pacífico. Depois volveremos a Norte para Martinica, onde iremos esperar até Maio por um casal de amigos, que com a filha virá de Portugal para passar dez dias connosco a bordo. Só então iremos reequacionar se será sensato atravessar o Mar das Caraíbas em direcção ao Panamá, ou se queremos rumar a Sul para conhecer melhor esta parte da cadeia de ilhas.
Entretanto, esta semana foi passada a tratar dos vistos, tendo sexta-feira sido dia de visita à embaixada de França. Infelizmente, aqui em St. Lucia, não é possível requerer o visto para as Comunidades Territoriais Francesas (Nova Caledónia e suas dependências, Polinésia, Territórios do Sul e Ártico Franceses, St. Pierre e Miquelon, Wallis e Fortuna e Maiote), pelo que terá de ser feito no Panamá, sendo que iremos rumar à Polinésia, no Pacífico.
Esta semana, para nossa surpresa, descobrimos mais uma embarcação com portugueses! Estávamos a caminho do supermercado, passando pela marina, quando vimos uma bandeira portuguesa hasteada num dos catamaran atracados na marina. Fomos perguntar quem era o cidadão luso, uma vez que havia gente a bordo. Descobrimos que eram todos portugueses. Sete pessoas, provenientes de Portimão e de Lisboa, que vieram pelo segundo ano consecutivo alugar um barco em Martinica para passarem duas semanas a velejar nas Caraíbas. Simpáticos, receberam-nos de braços abertos e muito interessados na nossa história. Antes de nos separarmos – seguiram viagem no dia seguinte de manhã, pois as férias tinham terminado – fizeram questão de nos deixar toda a comida que tinham a bordo. Uma oferta que recebemos de bom agrado porque não gostamos de deitar comida fora. Junto com a comida e outros produtos que não tinham usado veio uma lembrança: um pólo do famoso restaurante Restinga (Praia do Alvor), em Portimão, propriedade de um dos casais.
Ficou prometida uma visita quando chegarmos a Portimão.
João Santos Gomes