A Relíquia da Santa Cruz

SÍMBOLO DA NOSSA ESPERANÇA

A Relíquia da Santa Cruz

É a única relíquia à qual nos devemos ajoelhar, e a mais preciosa de todas. Por inspiração divina, foi descoberta por Santa Helena trezentos anos depois da morte de Cristo. Ao longo dos séculos foram-lhe retirados vários pedaços para fazer novas relíquias. Ainda hoje pode ser venerada em Itália e Espanha.

São Paulo escreveu aos Coríntios que «a linguagem da Cruz é loucura para aqueles que se perdem. Mas, para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus» (1Cor., 1,18). Os Evangelhos nada referem sobre o que aconteceu à Cruz em que Cristo foi crucificado.

A tradição da Igreja diz que a descoberta da Santa Cruz de Cristo está ligada a Santa Helena, mãe de Constantino, o imperador romano que tirou o Cristianismo da clandestinidade e, através do Édito de Milão (no ano 313), determinou que o Império seria neutro em relação ao credo religioso, acabando assim a perseguição aos cristãos e devolvendo os lugares de culto e as propriedades aos cristãos.

Santa Helena, por volta do ano 326, quando já tinha oitenta anos, decide peregrinar até à Terra Santa para prestar culto aos lugares por onde Cristo tinha passado. Mas quando chegou a Jerusalém terá encontrado templos pagãos nos lugares mais santos para os cristãos, mas também já um canteiro de obras mandadas fazer por Macário, bispo de Jerusalém, nos lugares emblemáticos de Jesus Cristo. Carlos Evaristo e Fabio Tucci Farah, na obra “Relíquias Sagradas. Dos tempos bíblicos à era digital” (PAULUS Brasil Editora), afirmam que “a tradição atesta que, em 3 de Maio de 326, Helena teria descoberto a verdadeira Cruz, bem como os cravos, o título – a placa que Pilatos mandara colocar acima da cabeça de Cristo, com os dizeres: “Jesus nazareno, Rei dos Judeus”, em Latim, Grego e Hebraico – e a cruz de São Dimas, o Bom Ladrão”.

O local onde a Cruz de Cristo foi encontrada, diz a tradição, foi numa antiga cisterna que depois se tornou numa capela escavada na rocha e que por cima foi construída a actual Capela de Santa Helena no Santo Sepulcro, em Jerusalém. Uma lenda diz que Santa Helena teve um sonho que a levou a peregrinar até à Terra Santa porque aí iria encontrar a Cruz de Cristo. Para os autores acima citados, “segundo a lenda dourada, após encontrar cruzes, restava descobrir qual era o triunfo de Cristo, a Vera Cruz. Um milagre provaria a autenticidade da relíquia. Em uma das versões, três cruzes foram levadas a uma mulher moribunda, instantaneamente curada ao ser tocada pela verdadeira. Em outra, um jovem morto foi ressuscitado. Mais do que provar a autenticidade da relíquia, aquelas histórias testemunhariam a presença viva de Cristo”.

Diante de tão preciosa relíquia, Santa Helena terá mandado dividir a Cruz de Cristo, ordenando que uma grande parte ficasse em Jerusalém, no Santo Sepulcro, outra parte iria para a capital do Império Romano do Oriente, Bizâncio (que depois se veio a chamar Constantinopla, por causa do seu filho), e outra parte, que continha a inscrição, seria levada por ela para Roma, para o oratório do seu palácio que posteriormente deu lugar à conhecida Basílica da Santa Cruz em Jerusalém, na cidade de Roma.

A parte da Cruz que ficou em Jerusalém, referem Carlos Evaristo e Fabio Tucci Farah, terá sido roubada pelos sarracenos, mas depois resgatada pelo imperador Heráclito, em 14 de Setembro de 629 (acontecimento que deu origem à Festa da Exaltação da Santa Cruz, ainda hoje celebrada nessa data). Quando Saladino conquistou Jerusalém, em 1137, terá enterrado essa relíquia no pavimento do átrio da mesquita de Damasco, para que os muçulmanos pisassem o símbolo máximo da Paixão de Cristo.

No Mosteiro de São Turíbio de Liébana, no Norte de Espanha, encontra-se a maior relíquia da Santa Cruz que chegou até aos nossos dias, levada para aí no Século VIII. O site do mosteiro refere que, segundo o cronista da Ordem Beneditina, o padre Sandoval, “esta relíquia corresponde ao braço esquerdo da Santa Cruz, que a rainha Helena (mãe do imperador Constantino, no século IV) deixou em Jerusalém quando descobriu as cruzes de Cristo e dos ladrões”. Esta relíquia encontra-se incrustada num relicário em forma de cruz, em prata dourada, de estilo gótico, feito em 1679, e ainda hoje pode ser venerada.

Nicoletta De Matthaeis, no seu “site” de Internet “Reliquiosamente”, refere um estudo interessante acerca da multiplicação das relíquias da Santa Cruz que existem no mundo. Diz-se que dariam para construir muitas cruzes. Mas Charles Rohault Fleury, um arquitecto francês que se dedicou à arqueologia cristã em meados do Século XIX, examinou todos os fragmentos da Cruz de Cristo catalogados e calculou o seu volume. A sua medida seria de 3×1,80 metros e com uma espessura de cinco centímetros. O resultado da sua investigação, que foi confirmado mais recentemente pelo jornalista e escritor Michael Hesemann, é que todas as verdadeiras relíquias da Santa Cruz juntas dão apenas uma cruz!

Num mundo que se deixa facilmente encantar pelo sucesso e pela glória, que mensagem pode receber da importância da Cruz de Cristo e que valor pode ter para nós hoje a sua relíquia? A verdade é que a lógica de Deus surpreende-nos sempre, n’Ele o amor é vivido na sua radicalidade de dar a vida e de sofrer até às últimas consequências. “Nós Te adoramos e bendizemos ó Jesus, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!”.

CAIXA

Quem foi Santa Helena?

Helena nasceu por volta do ano 250 em Bitínia, no Norte da actual Turquia, junto ao Mar Negro. Casou-se com um general do exército romano, Constâncio Cloro, e deste casamento nasceu Constantino, que viria a ser imperador romano. Constância, por causa da sua ambição, deixa Helena e casa-se com a filha do imperador Maximiliano. Helena, depois de vários anos de abandono e solidão, converte-se ao Cristianismo e encontra em Jesus o seu refúgio. Constantino, quando ascendeu a imperador, pelo amor que tinha pela sua mãe, nomeou-a Imperatriz Augusta do Império Romano. Santo Ambrósio disse que, apesar de ser imperatriz, Helena sempre se vestiu com simplicidade, ajudava os pobres e era muito piedosa. Na Terra Santa mandou construir três templos para preservar os lugares mais sagrados para os cristãos: no Monte das Oliveiras, no Calvário e em Belém. Para Roma trouxe não apenas um pedaço da Cruz de Cristo mas também a Escada Santa, por onde Cristo subiu no palácio de Pilatos para ser julgado, e os Santos Cravos. Morreu em Roma, pouco depois de ter regressado da sua grande peregrinação à Terra Santa.

Pe. José Carlos Nunes 

Director da Família Cristã

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